Não é possível fazer a análise auditiva de todos os equipamentos e componentes de áudio que vi e ouvi no MOC (e também fora do MOC), nem especificar todas as características e preços, pois seria fastidioso. Vou ser um pouco mais pormenorizado, quando apresentar os produtos e marcas, em artigos exclusivos por distribuidor que patrocinaram esta reportagem: ABSOLUTE SOUNDS, AJASOM, DELAUDIO, ESOTÉRICO, EXAUDIO, IMACUSTICA, SARTE AUDIO, SMARTAUDIO, SOUND PIXEL, SUPPORT VIEW, TOPAUDIO.
Mas, tendo em conta a magnitude da empreitada, a melhor solução até agora tem sido utilizar imagens e vídeos com som direto ou editado, que publicámos de imediato no Facebook, à medida que o evento se desenrolava. Mais tarde na reportagem, vão poder ainda ouvir algumas gravações que fiz em várias salas com um gravador digital portátil Nagra SD.
Hoje, vou propor-vos uma reportagem temática, abordando alguns produtos e pessoas, não por aquilo que são, ou quem são, mas antes pelo que representam para mim. Assim, vou enquadrá-los por rubricas, ou molduras temáticas, mesmo correndo o risco de ser acusado de plagiar um famoso comentador de televisão.
O show também se faz de pessoas. Encontrei por lá muitos amigos de longa data, e deixei-me fotografar com alguns deles. Durante anos, deixei o palco para as verdadeiras vedetas que são os criadores dos produtos que eu testo. Mas estou a aproximar-me assustadoramente do final da minha carreira, pelo que estas fotos ficam como um marco da minha passagem pelo mundo do áudio para os meus netos mostrarem aos filhos deles, num tempo em que a música vai ser transmitida por telepatia; e os meus escritos sobre áudio farão parte do passado ancestral da família Henriques.
Das muitas fotos que tirei com diferentes personalidades do áudio, aqui ficam apenas três, porque cada uma delas tem uma história associada:
Laurence Dickie, da Vivid Audio, recordou entre gargalhadas a festa no Hotel Mirage, em Las Vegas, que esteve na origem deste vídeo. Laurence contou que uma das colunas tinha ficado danificada no transporte, mas que, entre copos e histórias, ninguém deu por isso…
Daryl Wilson ficou muito feliz, quando lhe apresentei o meu filho Pedro Henriques. E fiquei muito sensibilizado, por se ter lembrado do dia, em Nova Iorque, quando o seu pai, Dave Wilson, o apresentou a mim, teria ele uns 18 anos. A vida é este movimento perpétuo, disse.
Os irmãos Luca e Marco Natali são a prova disso mesmo, tendo continuado o legado deixado pelo saudoso Enzo Natali, o maior distribuidor de equipamento de som high end de Itália, que deixou saudades por onde passou, com o seu sentido de humor e gosto pela vida. Daqui a uns anos, quando virem o meu filho Pedro, lá por Munique, espero que também se lembrem de mim assim.
CERTEZA
Há ‘Sons’ que eu tenho a certeza à partida que me vão agradar, porque já os ouvi em anos anteriores, mas quando ‘transplantados’ para salas com boas condições acústicas e de conforto, acabam por se suplantar.
Foi o caso das Acapella, que voltaram ao MOC para se exibir a grande altura. A resolução deste super sistema, que utiliza um tweeter de plasma, é de cortar a respiração.
Havia várias Wilson Audio XVX Chronosonic em demonstração, com amplificação Dan D’Agostino ou CH Precision. Mas foi numa sala do Hotel Marriot, com amplificadores Ubiqaudio, uma novidade absoluta, tendo como fonte um gira-discos Dohmann, alimentado por discos raros da coleção privada de Michael Fremer, a tocar ‘The Who’ e ‘Prince’ a níveis de concerto ao vivo, que eu percebi até onde elas podem ir.
Nota: Vai poder ouvir a gravação direta que fiz nas reportagens exclusivas por fabricante – a IMACUSTICA, neste caso.
As MBL 101Xtreme impressionam sempre. Já as candidatas a coluna do ano, Vivid Audio Moya I, têm enorme potencial, aliás, têm enorme tudo, mas estavam demasiado apertadas num contentor para poderem respirar. Como eu gostaria de as ouvir, numa sala em condições. Talvez um dia a Ajasom me possa proporcionar esse prazer.
E as Kharma? São sempre as Kharma. Mas, com todo aquele ruído ambiente e o constante entra e sai de pessoas, nem sempre o tamanho é o melhor argumento. Estavam a tocar bem? Claro que sim. Mas o som das pequenas Kharma Exquisite Midi, com amplificação Nagra, na Ajasom, não me sai da cabeça. Talvez um dia estas venham visitar Lisboa.
DIÁSPORA
De facto, a Innuos e o Rui Borges não trabalham “lá fora”, trabalham “cá dentro” para vender “lá fora”. E sinto-me sempre orgulhoso, quando uma empresa portuguesa, como a Innuos, que começou “por baixo”, isto é, exibindo-se no “Zoo”, cresceu e já chegou à zona nobre, sendo reconhecida internacionalmente como uma empresa audiófila de alta tecnologia e notável qualidade de som. Há quem diga até que o ‘Statement’ é o melhor streamer do mundo. Pelo que eu ouvi, continua a ser, mas o novo ZenithNG anda lá perto.
O Rui Borges é um artesão igualmente reconhecido internacionalmente pela excelência dos gira-discos analógicos de alta precisão. E o seu modelo Pendulum II lá estava em lugar de destaque, na sala da ZenSati, tocando os discos de Liz Stanley, que apresentou o seu último álbum ‘Black Dress – Ballads’.
Quando dei ao Rui o título de ‘Alfaiate do Som’, num artigo publicado no DN, porque ele fazia ‘som por medida’, nunca sonhei que um dia o Rui iria ‘vestir’ Lyn Stanley com um ‘black dress’ feito por medida analógica.
ELOGIO
Peter McGrath deu um concerto na sala da TechDAS/CH Precision, com um par de Wilson Audio XVX, utilizando as suas próprias gravações. Há anos que acompanho Peter nestas andanças audiófilas, e é sempre um prazer ouvi-lo – a ele e à sua música. Tocou uma gravação de uma peça clássica moderna, na qual é utilizado um tambor gigante, com tal poder que, mesmo depois de eu ter sido avisado, dei um pulo quando ele entrou. Até senti a deslocação do ar no peito!
Nota: Vai poder ouvir esta e outras gravações diretas que fiz em várias salas com um gravador digital portátil Nagra SD, nas reportagens exclusivas por fabricante, que vou publicar ao longo do mês de maio – a IMACUSTICA, neste caso.
EXCENTRICIDADE
Conheci, finalmente, Kostas Metaxas, o homem que transforma componentes de áudio, como gira-discos, gravadores de fita, amplificadores e colunas em obras de arte moderna. Mas o mais excêntrico de todos é a ‘amplificadora’ de auscultadores, que tem os controlos de seleção e volume nos… mamilos!
FESTA
A festa de apresentação das Sonus faber Suprema, um sistema de 750 mil euros, com 200 convidados, muitos canapés e bebida à discrição, e fotos e selfies com as Suprema como se fosse o Marcelo. Tudo menos a possibilidade de ouvir música em condições de forma a poder avaliar a sua real valia. Assim, não posso dizer mais do que: lá bonitas são! Mas agora que estou a ouvir as gravações que fiz (e que vou publicar lá mais para a frente) há ali uma majestade sonora que só os grandes sistemas conseguem exibir.
INOVAÇÃO
Houve dois produtos que me impressionaram pela inovação: o Sistema Chord Suzi, que é o conceito Lego aplicado ao áudio:
E o PMC Active Twenty5 up grade kit, que permite, a quem tenha anteriormente comprado umas colunas da Série Twenty5 passivas, retirar o crossover, substituindo-o por um kit de 2 mil euros, que transforma as suas colunas PMC passivas em ativas, isto é, já com amplificação (Classe D) e filtro divisor integrados. É só ligar uma fonte com controlo de volume. E se tocam bem!
LOUCURA MANSA
As Acapela HyperSphere Plus são, como o próprio nome indica, um pleonasmo. São hyper e plus ao mesmo tempo: no tamanho e no preço de milhões. Não estavam a tocar. Só lá estavam para impressionar. Eu admito que fiquei impressionado. Até tirei uma fotografia com elas. Só serão fabricados sete pares. Um par já está instalado no estúdio LaMusika, onde pode ser ouvido por marcação.
YS Sound, o amplificador mais caro do mundo? Parece que sim, e um dos mais pesados também. Custam na casa do milhão de dólares. Alimentavam colunas Zellaton. Parecem a transístores, porque a caixa é fechada e não se veem as válvulas. Mas têm ventoinhas na parte de trás para arrefecer as válvulas. Estava a tocar bem. Com o grave um pouco pesado, como praticamente em todas as salas do MOC. Ah, e os monoblocos custam 2,4 milhões de dólares! Leu bem…
LOUCURA VARRIDA
As cornetas chinesas Super Dragon, pois claro. Mas não só. Vejam as fotos no nosso artigo ‘Stranger Things’ para perceberam até onda a loucura vai. Eu não as comprava: não tenho 800.000 euros, não cabem na minha casa; e não gosto do tipo de som. Já me chega vê-las e ouvi-las uma vez por ano.
O meu espírito crítico balança entre as Super Dragon e as Aries Cerat Contendum II. Que escolha o diabo, embora as Contendum II sejam capazes de tocar música celestial.
MOTORWORLD
Quantas vezes os críticos, à míngua de palavras, comparam os equipamentos que estão a testar com vinhos e carros. Pois, o Motorworld, que fica ali a dois passos do MOC, é o melhor de dois mundos: havia colunas em demonstração, como as Kii Seven e as Linkwitz, e centenas de modelos icónicos de carros de luxo em exposição: Bugattis, Ferraris, Lamborghinis, Mazeratis, McLarens, Mercedes, Porsches, e muito mais. Enfim, um regalo para os olhos!
PERGUNTA SEM RESPOSTA
Qual foi o melhor som do Show? Não sei responder. Teria de ouvir tudo e todos primeiro. O que não é possível. Além dos sons de exceção que já referi, só posso falar dos sons de que EU gostei, que refiro por ordem alfabética e não por ordem de qualidade: Linkwitz, Magico S5/Pilium, Monitor Audio Hyphn, Avalon Isis/Doshi, Sonus faber Stradivari G2/McIntosh, TAD, Wilson Audio XVX/Ubiquoaudio, YG Acoustics/Boulder.
RISCO
A Quad optou por um par de eletrostáticas ESL 2912X, a última versão das ELS63, para fazer as demonstrações no MOC. Com um ruído ambiente constante de 40dB, foi um risco mal calculado, pois para se ouvirem bem tinham de estar sempre a tocar muito alto, logo arriscando distorcer, especialmente quando David Chesky, que estava sentado ao meu lado, pediu: Suba mais o volume, por favor! As Quad, tal como os auscultadores eletrostáticos, são para se ouvir no silêncio da noite. Eu sei, porque testei as ELS2912.
SEGREDO
Todos conhecem Herman van den Dungen, da Prima Luna, que este ano fazia par com a Tannoy, no MOC. Mas eu encontrei Herman no MotorWorld, onde estão expostas centenas de viaturas icónicas topo de gama. Pois foi na garagem do MotorWorld que Herman me mostrou em exclusivo o seu gira-discos Audiomeca. Herman comprou a companhia a Pierre Lurné e, segundo ele, aproveitou apenas a parte direita e rejeitou a parte esquerda do famoso gira-discos de Lurné. Mas deixem que seja ele próprio a explicar:
SOLIDÃO
O espaço dedicado aos auscultadores foi, de longe, o mais visitado do MOC. Só no Domingo pela fresquinha, consegui ter acesso aos produtos e às demonstrações. São tantas as marcas e produtos novos e tantas as pessoas – e tão novas – que eu acho que a era da partilha de sons entre amigos acabou. Agora a música ouve-se na solidão, isolados do mundo. Cada um com a sua. Lá mais para a frente irei falar das novidades das várias marcas e modelos.
SURPRESA
Como acontece quase sempre, com sistemas de som a custarem mais do que uma casa na Comporta, são as ‘pequenas coisas’ que acabam por surpreender pelo contraste. Gostei de ouvir pequenas monitoras, como as Athom, que, creio, não têm distribuidor em Portugal e as incríveis Kii Seven.
E as colunas de chão da série PMC Twenty5, Dali RubiKore, Fyne Vintage, Elac, Audio Note, Dynaudio Contour Legacy, Epos e Wilson Audio Sabrina provaram que não é preciso ganhar o euromilhões para ter bom som. Isto, se considerarmos entre 5 e 20 mil euros um preço acessível, claro.
As Linkwitz (15 mil euros: inclui a amplificação) são as melhores colunas para explicar a um jovem audiófilo os conceitos de palco sonoro, imagem estereofónica, planos de profundidade, focagem e transparência. Alguém, por favor, que as importe já!
HIGH END 2024: VIDEO GERAL
Nota: O som ambiente foi captado com o microfone da câmara, e não tem qualidade. Pretende-se apenas reportar o que se viu e ouviu com captação de som direta.Nos artigos exclusivos de cada distribuidor serão utilizadas gravações de som de qualidade digital 96/24.