Na primeira parte desta importante secção dedicada às 'audições ao vivo' dos sistemas em demonstração no MOC (uma espécie de FIL), de Munique, nós, apresentámos no Hificlube.net o que considerámos serem as 13 melhores exibições das diferentes parcerias entre componentes, incidindo, sobretudo, nas que têm distribuição oficial em Portugal.
Temos ainda cerca de 30 videos para divulgar, e iremos fazê-lo de novo por ordem alfabética, por uma questão de método. Sempre que se justifique acrescentaremos um comentário.
Nestas circunstâncias, é sempre difícil afirmar que este ou aquele sistema é melhor que aquele outro, apenas que estava a soar assim ou assado, no momento em que registámos o vídeo, ou nos sentámos um pouco, mais para descansar as pernas do que para uma audição prolongada, pois dada a extensão do certame, muito tempo parado no mesmo sítio, mesmo quando o som o justifica, significa que já não é possível visitar todas as capelinhas.
E apesar de o Hificlube.net publicar sempre a mais completa reportagem do Highend show, há sempre leitores que nos apontam o dedo crítico: o fulano escreveu na página sicrano sobre um produto qualquer que não está no Hificlube.
É verdade que muitas demonstrações são apenas repetições de anos anteriores, ou fantasias comerciais, que funcionam como atrações de circo (ver o Capítulo: excentricidades), mas também já perdi boas supresas por não ter ao menos espreitado lá para dentro.
E há algumas boas surpresas neste segundo lote de 10 gravações.
Adam
Uma marca de áudio profissional muito cotada na Alemanha. Também produz colunas para áudio doméstico. Creio que o distribuidor em Portugal do áudio profissional é a Audiolog.
Aproveitei a tarde de Domingo para registar este video com a sala vazia, porque o efeito das cadeiras era esteticamente interessante
O segredo do som das Adam reside, sobretudo na gama Tensor, no transdutor de membrana tipo ribbon X-Art utilizado para reproduzir os agudos, que é extremamente rápido. Oiça-se a resposta transitória no som das cordas da guitarra.
Audio Power Labs+Vivid Giya 3
Os amplificadores APL 833 TNT, que descobri por acaso em Las Vegas, nos idos de 2010, são os únicos amplificadores do mundo actualmente a utilizar válvulas 833c, que foram concebidas em 1940 para aplicações de amplificação áudio.
A esta tecnologia do passado, associou a APL um fonte de alimentação moderna e sofisticada, um técnica de arrefecimento por líquido por meio de capilarização, e um design art-déco.
Quando acesos lembram os candeeiros a gás do campismo, mas o preço dava para comprar um apartamento na Expo e muitas acções da EDP...
Estavam a tocar com colunas Vivid Giya 3. Ou seja, gostei tanto do que vi como daquilo que ouvi...Mas eu optava pelas Giya 1.
O 833TNT é uma explosão de som e luz.
Aurender W20
Fui lá propositadamente para ouvir um dos mais sofisticados music servers do mercado, o Aurender W20, com fonte de alimentação comutada/baterias, que inclui, entre outras especificações uma saída dupla AES/EBU para separar os sinais digitais dos canais direito e esquerdo para ligação aos DACs que suportam esta ligação.
A tecnologia de clock reduz o jitter para valores infinitesimais, e as funcionalidades respondem a todas as exigências dos cultores do áudio HD.
Acabei por ouvir as colunas Zeta Zero, pelo que não sei ao certo qual o papel que o W20 desempenhou neste concerto. Vou ter que ir à Ultimate Audio Elite para poder tirar isto a limpo.
Avid
Uma marca britânica conhecida pela qualidade dos seus gira-discos, fez gala em exibir também o seu pré-amplificador de referência.
As colunas são as Eggleston Works, que, creio, já não têm distribuição em Portugal
E quem eu encontrei na Avid a trabalhar foi o ex-Kef Claus Rasmussen. Isto das transferências a meio da época no áudio, já parece o futebol.
Burmester
É uma das marcas emblemáticas da Alemanha, junto com a mbl e a Transrotor. O meu primeiro contacto com o 'som de Dieter Burmester' foi há mais de 20 anos, no então show do Kempinski, em Frankfurt.
A Burmester apresentava sempre um sistema topo de gama, enorme e caro, e era preciso senha com hora marcada para assistir à demonstração. Com rigor alemão, nem a imprensa era dispensada de marcação.
Foi também lá que ouvi pela primeira vez o famoso Stimela, de Hugh Masekela, que se tornou quase que o hino do Highend.
Os tempos são outros, mas a sala da Burmester está sempre cheia, mesmo ao Domingo, embora já não seja preciso senha para entrar. E o sistema apresentado é agora mais 'modesto', se é que alguma vez se pode considerar um sistema Burmester modesto...
O som da Burmester continua excelente como sempre.
Dan D'Agostino
Dan dispensa apresentações. O distribuidor alemão corresponde à nossa Imacustica e adicionou-o também à sua carteira de representações, quando Dan deixou a Krell, dando-lhe agora curiosamente mais protagonismo que à própria Krell.
Tal como a Imacústica, também representa a Sonus Faber e a Audio Research (além da McIntosh), pelo que o espaço de exibição colectiva de todas estas grandes marcas é dos mais amplos do MOC.
Ora, isso tem vantagens e desvantagens, porque as centenas de visitantes podem circular à vontade, é certo, e há sempre lugar para mais um, mas o intimismo das audições perde-se, claro, e havia mais gente interessada em querer saber (e mexer) tudo sobre o novo prévio Momentum que em ouvir música.
No Domingo, havia também menos gente, e isso nota-se no registo video como 'excesso de ambiência'. Mas fica o 'teaser' para memória futura. Que espero que seja breve.
Gato Audio
Mais uma marca dinamarquesa de highend. Rui Veloso canta sobre Portugal que nunca viu um país tão pequeno com tantos peitos, a propósito de tantas medalhas e comendas, atribuídas até a cadastrados. Ora eu nunca vi um país tão pequeno como a Dinamarca com tanto highend.
Excelente design e acabamentos sólidos, funcionalidades modernas, sobretudo os novos modelos DIA com dacs integrados.
Mas a apresentação da Gato em Munique bateu tudo: uma sala de estar com a lareira acesa. Mas aqui havia gato: a lareira era falsa! trata-se de um monitor lcd. E a música era de hall de hotel.
Atraiu muitos fotógrafos profissionais e amadores. Reconhecem-no?
Gauder Akustik
O ano passado chamei-lhes primeiro Eventus. E depois, corrigi mal para Isophon. De facto, são as Gauder Akustik Berlina, e custam tanto como uma berlina automóvel.
É uma 4-vias com unidades cerâmicas e de diamante, com um complexo filtro divisor passivo de 60dB/oitava! E um comutador de 3-posições de igualização de graves.
A construção é em sanduíche - daí eu as ter confundido com as Eventus - e a espinha dorsal em metal.
Depois de ouvir o piano nas Living Voice, eu achei o som das Gauder nasalado, mas há quem prefira uma berlina a uma D. Elvira...
Leonardo
As colunas full-ribbon da Leonardo, uma empresa italiana (vê-se logo pelo design e acabamentos) são descendentes das Apogee com um gene da Magnepan, embora utilizem tecnologia patenteada. Foi por causa da guerra das patentes com a Magnepan que a Apogee acabou.
Os médios e agudos são reproduzidos por um ribbon verdadeiro, isto é, apenas preso pelas pontas e vibrando livremente (observe a ondulação da fita de alumínio no video) num campo magnético modulado pelo sinal musical.
Os graves são reproduzidos por uma membrana, também de alumínio. mas colocada sob tensão numa moldura, protegida por uma dupla grelha, com a diferença de utilizar dois campos magnéticos opostos (push-pull), ao contrário da maior parte das colunas do tipo planar.
O resultado é uma resposta de graves substancial (sem necessidade de apoio de subs convencionais) e de uma sensibilidade que, ao contrário das Apogee, que comiam amplificadores ao pequeno almoço (por isso só funcionavam com Krells) lhes permite serem alimentadas por amplificadores single-ended de 5W!
Na ocasião, foram alimentadas por amplificadores italianos Golde Note, tendo como fonte um leitor_CD/DAC da Playback Designs. Gostei mas gostaria mais se os registos médio altos fossem menos enfáticos.
Living Voice Vox Olympian
Mais uma estranha forma de vida: uma 'corneta' de 5-vias, com um design, no mínimo bizarro, mas com acabamentos em madeira e bronze de artesanato de luxo. Demasiado vintage para o meu gosto. Parece mais uma escultura que uma coluna de som.
A trombeta protuberante de carga/compressão da unidade de agudos em bronze polido salta - é o termo - aos olhos. A corneta de madeira da unidade de médios parece a entrada de uma gruta misteriosa numa fotografia de Peter Lyk. O labirinto de carga da unidade de graves em forma de Z é ainda mais complexo, e dispenso-me aqui de o descrever. O subgrave é reforçado por uma caixa independente.
Tudo isto parece saído de um romance de Sherlock Holmes, ou talvez mais recente e igualmente misterioso: Hercule Poirot. Aliás, só mesmo Poirot conseguiria descobrir como é possível colocar 'tudo isto' em fase, de forma a garantir um som com a coerência do que eu ouvi em Munique, cortesia da amplificação Kondo Gakouh (lembra-se dos Audio Note Ongaku?).
Um som orgânico e excepcionalmente natural, a partir de uma coluna fabricada só de produtos naturais, mas com formas exóticas que são tudo menos...eh...naturais!...