Em 3 dias, fiz 50 videos e 200 fotografias (bom, fiz o triplo mas seleccionei estas também já disponíveis no Facebook). Com um tal manancial de imagens e informação, sobre um show com 500 expositores e 900 marcas, o problema é como começar.
Há várias formas: levar um equipa grande, por exemplo. Ou apostar na imagem sem comentários para chegar primeiro que a concorrência de centenas de jornalistas de todo o mundo. Eu optei por esta última, e os leitores puderam assim ver slideshows de dezenas de equipamentos expostos no M.O.C. de Munique, logo no primeiro dia (ver Parte 2, 3 e 4)
Entretanto, passei para o modo video, que permite aos leitores não só ver mas também ouvir o que se passou em algumas das principais salas (ver Parte 5)
Voando sobre um ninho de cucos
Agora chegou a vez de descrever o que vi e ouvi, ilustrando o texto com fotos, à medida que avançamos. Muitas das novidades já foram sendo divulgadas por essa internet fora, mas a maior parte das reportagens são demasiado selectivas e debruçam-se apenas sobre as marcas ou produtos dos fabricantes que convidaram quem as divulga.
Eu sou convidado da organização, admito, mas paguei a viagem do meu bolso, portanto escrevo sobre aquilo que me apetece, com prioridade – mas não exclusividade – para os produtos distribuidos em Portugal pelos nosso parceiros comerciais.
Decidida a forma de começar, coloca-se outra questão: por onde começar? Normalmente, levo um plano que nunca cumpro. Assim, vou onde me leva o coração, ou a ocasião. Venham daí comigo.
Meridian MQA
Falava-se tanto do novo formato de codificação da Meridian, Master Quality Authenticated, que fui lá direitinho para ouvir.
Na primeira audição, a sala estava quase por minha conta e fiquei sentado mesmo na fila da frente. Achei que o equilíbrio entre canais tendia para a esquerda e notei que havia um arredondamento do agudo e um empolamento no corpo da gama média. Oh, diabo, pensei...
Voltei lá mais tarde, agora com a sala cheia e a presença de Bob Stuart, como se pode ver nos videos. Desta vez, sim. Um som natural, robusto, com excelente textura e densidade, não tal como num master tape mas anda lá perto. Continuo a achar que não há nada que chegue aos DSD256 e DXD384. Mas ter esta qualidade num telemóvel ou no portátil via streaming da Tidal, é um sonho tornado possível por Bob Stuart e a sua equipa
Ouvi Sinatra e Eric Clapton com o saudoso BB King. Se Bob Stuart conseguir convencer a Spotify e a iTunes a utilizar o MQA, tal como já conseguiu com a Tidal, isto pode vir a ser um sucesso.
Dali à sala da Fine Sounds e respectivo distribuidor alemão foi um passo: Audio Research, Sonus Faber, Krell, Dan D’Agostino, Wadia, Micromega, EAT...
Não é possível, nem sequer saudável, debitar uma lista infindável de produtos expostos com preços e características, por isso vamo-nos centrar em:
Sonus Faber Chameleon que, tal como o dito, podem mudar de cor, substituindo-se os painéis laterais: é bonito, é fácil e não custa milhões...
Momentum Phonostage de Dan D’Agostino, que deve ser o mais versátil do mercado em termos de afinações, que, aliás, se podem fazer de ouvido, isto é em pleno funcionamento.
Mas não é o produto mais bonito da Momentum, diga-se: demasiadas janelinhas, quando podia ter apenas um mostrador polivalente, como o do belissimo Integrado Life:
A Micromega está viva e recomenda-se, tendo apresentado um produto que é a resposta aos tempos modernos, o M-One.
A Wadia que, entre nós, passou a jogar na equipa da Imacustica, também apresentou um colecção de modelos full size, notando-se uma vontade de dar novo alento à marca.
Ao contrário da McIntosh, que também faz parte do portfolio da Fine Sounds, e não esteve presente, porque já não precisa de divulgação (?), depois de ter sido a sala com melhor décor em 2014...
Não me parece, acho que são questões de estratégia interna do distribuidor alemão, que, tal como o da YG Acoustics, Wilson Audio e Martin Logan preferem apostar em 'on the road shows', mais baratos e eficazes, porque são apontados ao público alvo e não a uma massa enorme de curiosos.
Para não ser acusado de só escrever sobre produtos inacessíveis, fiz várias incursões no reino do possível, o que não significa, hélas, que são mesmo acessíveis, tendo começado pelas salas da Canton, Dynaudio, NAD+Bluesound, Tannoy, Atoll, Arcam, Primare, Audiovector, T+A e Audioquest:
E o que pode ser mais acessível que um JitterBug da Audioquest, um filtro para USB, que vai custar menos que 100 euros, quando estiver disponível no mercado.
Para mim, já está, porque trouxe um no bolso. Não, não o palmei, foi-me amavelmente oferecido...
E também lá estavam os tão esperados auscultadores Nighthawk. Posso levar um par? Oops, não, isso é que já não...
A pouco e pouco, fui subindo na escada do preço, e nas escadas do M.O.C., acima e abaixo até à exaustão.
John Franks tinha-me convidado previamente para uma conferência de imprensa onde o DAVE ia ser revelado pelo próprio criador: Rob Watts. Por motivos de cansaço extremo (ah, vocês pensam que aquilo é um passeio?!...), não pude esperar até à hora da conferência, com mágoa minha.
Mas quis Deus que, no dia seguinte, John Franks e Rob Watts me tivessem recebido em privado, tendo eu registado uma entrevista exclusiva de 10 minutos em video, que podem ver/ouvir em baixo. E ainda me falaram dos planos da pólvora (um novo DAC portátil). Vi-o, estive com ele na mão (onde cabe todo inteiro), sei o que faz e como se vai chamar, mas jurei sigilo.
A Devialet utiliza a filosofia dos criadores de moda franceses: apresenta sempre colecções novas em todos os desfiles. Agora é a Série Le e o novo software 8.0. O que vale é que quem já comprou antes pode fazer upgrades sem custos.
O firmware 8.0 da Devialet oferece o SAMV2 para modelar a resposta de colunas mais complexas, incluindo as que utilizam altifalantes passivos, a RAM, para adaptar automaticamente as curvas de igualização na reprodução de vinil; e a MAT para suportar o formato DSD64. E ainda: Intelligent Cinema Mode, para tornar vozes e detalhes mais claros e Dynamic Power Management para adaptar a fonte às necessidades de potência do sinal.
Fui ouvir uma bateria de Devialets de alta potência a biamplificar os caracóis da B&W. A sala estava cheia e cantava Diana Krall. Soou bem? Claro. A Krall até soa bem num ghettoblaster.
E por falar em ghettoblaster, o Phantom é assim mais um 'quartierblaster', que é coisa mais fina, e deixou muita gente intrigada:
É o que se chama um sistema com um valente par de bolas. Caramba, se aquilo bomba! E pode-se atacar um auditório 'à bomba' – literalmente – juntando mais bolas e mais bolas. Bolas!...
Também a 'abrir' mais do que é costume, as novas Avantgarde da Série X-activas. É só ligar o pavio e pegar fogo! Como vermelho de fogo era a corneta em demonstração. Em exposição estática o novo Avantgarde Integrado:
A Gryphon, por outro lado, optou pela discrição e o silêncio da exposição estática ou quase. E apresentou o integrado Diablo 300. Vi por lá também as fabulosas Pendragon.
Não perdem pela demora, porque as Pendragon vão ser as vedetas da rentrée da Ultimate Audio Elite, que vai estrear as novas e renovadas instalações em Benfica, nos dias 5 e 6 de Junho, com a presença de Flemming E. Rasmussen.
Nota: uma arreliadora quebra de serviço da NOS, devido ao vendaval, impediu-nos de publicar artigos da Reportagem de Munique, durante o dia de ontem. Tentaremos recuperar o tempo perdido.