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Munique 2013_ Da “maçonaria” audiófila ao luxo do Kempinski

Hifideluxe – Munique 2013

Hifideluxe, Hotel Marriott: audiófilo em adoração das Acapella Exposure

Há quem diga que o audiófilo típico é um solitário, de meia ou terceira idade, que gosta de se sentar no escuro, ou de olhos fechados, a ouvir repetidamente os mesmos sons, levantando-se a cada 30 segundos para mudar de disco, de cabos, ou deslocar uma das colunas 1 cm para focar a imagem estereofónica, e nunca ouve nada até ao fim.


Quando em grupo, falam muito sobre abstracções como a reprodução de graves, médios e agudos, numa linguagem semiótica, incompreensível para um leigo; e falam pouco sobre o que estão a ouvir concretamente, como se a tecnologia de reprodução musical fosse mais importante que a própria música. Para um audiófilo é o meio que justifica o fim, e não o contrário.


Admito que há algum fundo de verdade nesta caricatura. Para os audiófilos o culto do objecto acústico é deveras importante. O Hificlube é uma montra viva de objectos de desejo. Tanto mais desejados quanto mais exclusivos e inalcançáveis.

Hifideluxe, Hotel Marriott: Cd Duevel Sirius, com 'corneta' omnidireccional

Hifideluxe, Hotel Marriott: Cd Duevel Sirius, com 'corneta' omnidireccional

O objecto é o veículo ideal – ou idealizado? -  sem o qual a fruição da música na sua plenitude não é possível. É por isso que os audiófilos sofrem também da síndrome da insatisfação permanente e da compulsão consumista, em resultado da busca incessante por algo que teima em escapar-lhes: a utopia da transcendência acústica, que lhes abrirá as portas do paraíso do som, num culto solitário, só entendido pelos iniciados, mas que paradoxalmente potencia o espírito gregário.


Os audiófilos gostam de se reunir, de estar juntos em locais onde sintam que há comunhão de interesses e emoções, de preferência longe de leigos que quebram o círculo mágico, com comentários e perguntas que revelam profunda ignorância das regras do culto.


No Marriott só faltava darem-nos um avental: no lugar do triângulo, um altifalante; no lugar do compasso, um braço de gira-discos; no lugar do olho, uma orelha afinada...


Na sala da Audionote, por exemplo, cheguei a pensar que tinha entrado num lugar de culto. Fiquei ali na dúvida se devia fotografar ou não, não fossem os audiófilos presentes considerar a minha atitude um insulto...

Hifideluxe – Munique 2013


O Highend Show, que se realiza no MOC, de Munique (tipo FIL), não é propriamente um espaço propício a este tipo de culto audiófilo. O MOC é um local de negócio (a Alemanha é o maior mercado de áudio highend da Europa) e todos os fabricantes já perceberam que, tal como acontece com o jogo, que se deslocou para Macau, Las Vegas já não é o que era, e todos os anos há estreias mundiais absolutas, em detrimento da cidade luz do deserto cada vez mais dominada pela electrónica de consumo de origem asiática, os tablets, os smartphones e toda a quinquilharia internáutica.

MOC, Munique. a maior (e melhor) feira de áudio highend da Europa

MOC, Munique. a maior (e melhor) feira de áudio highend da Europa

No MOC há de tudo como na feira: do exótico ao excêntrico, das marcas famosas e estabelecidas há décadas, às start-ups europeias de Leste e da Ásia (ver a reportagem integral publicada no Hificlube).


O MOC é um local de lazer, onde os alemães levam a família a passear, incluindo as crianças, e até o cão!, para ouvir música reproduzida por equipamentos sofisticados, e entram e saem das salas, batendo com as portas, falando alto e acotovelando-se nos corredores, ou estacionam nos bares para beber umas cervejolas.


Neste contexto, é natural que surjam certames paralelos, que estão para a religião audiófila, como o Highend está para um ritual pagão. É o caso do Hifideluxe, no Hotel Marriot, que fica nas imediações do MOC, e aproveita a boleia da presença em Munique do meio-mundo que lá aterrou para negociar hifi.

O Hifideluxe é mais acessível, pelo que permite a participação de produtos menos comerciais como as MITEC electrostáticas

O Hifideluxe é mais acessível, pelo que permite a participação de produtos menos comerciais como as MITEC electrostáticas

Sejamos honestos, muitos dos distribuidores só optam pelo Hifideluxe, porque é mais barato ou não arranjaram espaço no MOC. Mesmo e apesar da entrada gratuita, o número de visitantes é residual, comparado com o Highend, onde se paga para entrar.


Oficialmente, a opção foi ditada pelas melhores condições de audição, sobretudo de sossego e – cá está – de espírito audiófilo, tal como é caricaturado nesta peça.


Entre marcas conhecidas, como as Acapella, Audionote, Avalon, Jadis, Jeff Rowland, etc, e ilustres desconhecidos, como Audio Machina, Mal Valve, MiTEC , Zellaton - e outras ainda mais esquisitas como  Tsakridis e Zyx - seriam umas sessenta, o que já é significativo.

Mal Stat da Mal Valve, outra electrostática ilustre desconhecida

Mal Stat da Mal Valve, outra electrostática ilustre desconhecida

Na reportagem exclusiva do Hifideluxe, no Marriott, pode ver um Slideshow em HD full screen de algumas das salas, com identificação das marcas expostas, seguido de um Videoshow pela mesma ordem, com som ao vivo (apenas 30s por sala), que constitui uma amostragem representativa do que por lá se viu e ouviu:

Hifideluxe, Hotel Marriott: audiófilo em adoração das Acapella Exposure

Hifideluxe, Hotel Marriott: Cd Duevel Sirius, com 'corneta' omnidireccional

MOC, Munique. a maior (e melhor) feira de áudio highend da Europa

O Hifideluxe é mais acessível, pelo que permite a participação de produtos menos comerciais como as MITEC electrostáticas

Mal Stat da Mal Valve, outra electrostática ilustre desconhecida


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