É, pois, com base nestes '5 elementos' que se irá desenvolver a reportagem do Hificlube, que culminará como sempre na Parte 3:“Audições”, tendo os poucos registos seleccionados sido obtidos com som digital directo a 96kHz-24bit.
Simplicidade de utilização
O actual consumidor não quer botões, vuímetros, spaghetti de cabos e racks de prateleiras para aparelhos que pesam uma tonelada e parecem caixas negras. Quer coisas despojadas, leves, bonitas, simples de utilizar, ou seja, caminha-se para os tudo-em-um digitais evolutivos com qualidade highend e compatíveis com colunas de elevada prestação e os gadgets que fazem parte da vida moderna: smartphones, iPads e toda a pletora de i-qualquer-coisa.
Assim, não admira que a Devialet, fazendo jus ao slogan profético: um dia todos terão um Devialet – ou por estar a jogar em casa - tenha disponibilizado amplificadores a vários construtores e fabricantes de colunas: Atohm, Leedh, Waterfall, etc.
Et pour cause havia outros tudo-em-um digitais, como o excelente Wadia Intuition (ver em Reviews/Testes), que alimentou colunas Martin Logan e Sonus Faber Olympica 3, além, claro, de amplificadores de todos os tipos, incluindo os clássicos a válvulas e os peso-pesados a transístores, como os Classé que tocaram com as B&W.
Desmaterialização
Paradoxalmente, o que Jean-Marie designa por “desmaterialização” da música, que vai agora substituindo lentamente os suportes físicos por ficheiros digitais, não impediu que, no mesmo espaço, se comemorassem os 40 anos do Linn LP12 e fosse divulgado à imprensa o novo formato Blu-ray Pure Audio, com a presença de Pascal Negré, da Universal Music France e Yves Riesel, Presidente da Qobuz, um dos players, é o termo, da actual tendência da música em alta resolução por download.
(Nota: na Parte 1 os leitores têm acesso gratuito ao código do disco oficial do salão).
É, portanto, de tendências que falamos e podem seguir num sentido ou outro, ou até ficar pelo caminho. Eu, por exemplo, que trouxe comigo o sampler de demonstração High Fidelity Pure Audio em Blu-ray, da Universal, acho que a aposta já veio tarde, apesar da excelente qualidade.
Os suportes físicos tendem a desaparecer a prazo, com excepção, talvez, do LP, porque se tornou num objecto de colecção para gente cool – e não só do jazz...
Só assim se justifica que o Linn LP12 tenha chegado à provecta idade de 40 anos. E foi bonita a festa, pá! A Linn mandou fazer 40 exemplares, utilizando madeira de cascos de carvalho, nos quais foi envelhecido um uísque comemorativo com, adivinhou, 40 anos!
Que eles serviam aos visitantes (juro que nem molhei os lábios...), enquanto ouviam música, adivinharam outra vez, em formato digital Studio Master, nas novas colunas Exakt, que são também tudo-em-um: activas com DAC interno e controlo por DSP.
Design
O design ganha cada vez mais importância. Até porque elas têm uma palavra a dizer, e já não vão na conversa de os deixar encher a sala de mônos. Atenção, eu não escrevi monos, de propósito. São precisos dois monos, ou dois mônos para estéreo?, eis a questão...
Mas design nem sempre significa “coisas bonitas”. Para serem diferentes, alguns fabricantes levam a “originalidade” talvez longe demais. Jarré, o Jean-Michel, esse mesmo, apresentou a linha “Skull”, que deve ter sido baseada no “Exterminador”. São uma espécie de caveiras com iPhones espetados no crâneo, e que tocam música pelos...olhos!...
E, como ainda não estava satisfeito, exibiu também um protótipo de do(g)ck de óculos escuros (colunas estéreo), com um subwoofer, onde?, adivinhou mais uma vez – no cú! Nem faltou o toque subtil de originalidade: o controlo remoto é um...osso!
Eis o protótipo perfeito num “show” ao qual vão famílias inteiras (é verdade, as senhoras podem levar os caniches ao colo!...).
Claro que há quem prefira o design clássico e intemporal a estas bizarrias: Sonus Faber Olympia, as Brodmann (ex-Steinway?), as B&W, as Magico, as Vienna Acoustics:
Ou também o classicismo exótico das cornetas da Voxativ e as Jo Sound, alimentadas a válvulas, por contraste com as Avantgarde Zero 1, tipo Plug and Play: activadas por amplificadores internos, incluem DAC e são controladas por DSP.
Ou o design artístico da dimarquesa Dali, com a série de colunas Fazzon F5 “tatuadas” e as cores do arco-íris das Mikro:
Lá de cima do meu quarto, no 27º andar, vi milhares de pessoas a correr em direcção ao hotel, e cheguei a pensar que vinham para o show. Mas não. Lá como cá, como em todo o lado, a tribo audiófila está em vias de extinção.
Quando muito, o pessoal da maratona, leva um iPod para ouvir música on the run...
No Novotel pululava a “malta da mochila”, o caçador de catálogos. Felizmente é gente pacífica. Numa cidade suja, onde há centenas de sem-abrigo, sobretudo emigrantes romenos, deitados pelo chão em todo o lado: parques, montras, portas de prédios, com as malas de cartão em fila ao longo das fachadas, nas escadarias da Opera, no meio dos passeios, crianças e velhas a mendigar à porta da Madeleine, vi soldados armados de metralhadora com cara de caso, nas estações e no aeroporto, e ouvi anúncios constantes no metro de “cuidado com os carteiristas”, “cuidado com mochilas abandonadas”.
Um tipo até fica feliz por esta malta dos 'shows' ser só fanática das explosões dos subwoofers...
Não admira que Lisboa e Porto ganhem prémios de destinos turísticos de eleição. Em Paris, paga-se bem para comer mal, e ainda melhor para comer bem, em restaurantes onde o pessoal é arrogante - e servem o tinto frio!
Depois há o audiófilo intelectual: discussões intermináveis com o demonstrador, perguntam tudo, mexem em tudo, invadem o palco sonoro, e espreitam para ver o traseiro das colunas, os cabos e as fichas, virando o deles para a minha câmara, enquanto o público nas cadeiras aguarda desesperado para ouvir cinco minutos de música.
À porta da sala da Accuphase/Fostex, que tal como o ano passado com as Franco Serblin até estava a tocar bem, havia sempre um aglomeração de pessoas. Descobri, depois, que era porque ofereciam Nespresso à discrição! Então, bebia-se ali um Volluto e ia-se a correr à Linn beber um malte de 40 anos, não sem antes ter de ouvir a explicação das virtudes da tecnologia Exakt...
Integração
O Salão Hifi não é só um “show” de áudio e vídeo, é também uma mostra de arquitectura de interiores e robótica, com integração e convergência da electrónica no décor. Daí a presença de tantos casais e senhoras, na busca da melhor forma de ouvir música e ver televisão sem tornar a casa num estúdio profissional.
Aquilo a que Jean-Marie chamou a “convergência digital”, eles dizem convergence numérique, controlada por iPad.
Estas novas tecnologias são factor de criação de emprego de arquitectos, informáticos, electricistas, especialistas de som e imagem, pelo que a mostra teve o alto patrocínio da Ministra francesa das PME Fleur Pellerin. À atenção do nosso Ministro da Economia.
Alta fidelidade em som e imagem
Na início da década em que a indústria fonográfica disponibiliza finalmente ao grande público cópias digitais bit perfect das matrizes originais, incluindo DSD, daí que a maior parte das fontes utilizadas fossem computadores, ligados a DACs de alta performance, a imagem de TV deu um enorme salto qualitativo com o formato 4K da Sony e, sobretudo, com os novos monitores curvos OLED, da Samsung, que têm uma outra particularidade interessante: utilizando óculos especiais, é possível ver simultaneamente dois programas diferentes no mesmo televisor, ou seja: eles podem ver a bola e elas a novela!, passe a generalização e discriminação de género. Com esta nova tecnologia, acabaram-se as discussões em casa!...
A imagem do monitor curvo (lembram-se do cinemascope?) OLED da Samsung foi a melhor que já vi em condições de luz ambiente. Claro que o vídeo de demonstração foi gravado em super alta definição (8K?) e produzido em estúdio, para explorar ao limite as características da tecnologia OLED. O video que aqui apresentamos é uma “sombra” do original, cuja resolução é assombrosa!
Nota: clicar em play, seleccionar qualidade 1080p, depois reiniciar visionamento.
Sony demonstrated 4K TV and Samsung OLED TV at the Salon Hifi, Home Cinéma, Paris 2013 at the Hotel Novotel. The video only gives you a hint of the absolutely amazing image quality. Try to watch it in full screen at 1080 p. Click to play, select 1080p quality and start over. Enjoy. It beats 3D anytime!