Ascot recebeu em simultâneo o ‘The UK Hi-Fi Show 2024’ e a Gala da EISA. O Hificlube foi convidado para assistir a ambos, como membro eleito da EISA. Aqui fica a Parte 2 de um breve relato.
Fui a Londres para participar na Gala da EISA de entrega dos troféus, os cubos de prata, aos 60 galardoados em 2024. Os leitores podem seguir a lista geral aqui.
A Gala realizou-se nas instalações da mítica ‘Royal Ascot Racecourse’, com excelentes condições para montar enormes salas de exposição ou salas de audição, ao longo dos vastos corredores dos seus seis andares, que permitem afastar as salas de demonstração das marcas e distribuidores participantes, evitando que o subwoofer do vizinho interfira na música barroca do camarote ao lado, ao contrário do que acontece nos shows de hifi realizados em hotéis apertados.
Todos os camarotes têm vista para o relvado da longa pista (não pensei que fosse tão longa), onde se realizam as grandes provas de corridas de cavalos, e assim muitas das fotografias que tirei mostram o verde circundante lá fora.
Só não pude entrar no camarote da Rainha (do Rei, agora), pelo que limitei-me a tirar uma fotografia à porta, como prova da minha presença em Ascot, onde nunca estive antes.
Assim, tive o prazer de ter como meu amável cicerone o Miguel Baptista, da Imacustica, que já conhece os cantos à casa, de outros shows anteriores, e me acompanhou numa longa visita guiada, pelos seis andares do edifício.
Apenas estive em Ascot na sexta-feira, no dia dedicado à imprensa e fechado ao público, pelo que vão ver nas fotos e nos vídeos poucos visitantes, além dos jornalistas e profissionais. E muitas das salas estavam ainda em preparação.
Muitos dos expositores tinham assim os sistemas ainda em exibição estática, ou a tocar baixinho música de fundo, pelo que só fiz alguns registos com som direto, nas poucas salas com sistemas em demonstração (ver video no final).
Um show dentro do show
O camarote da Absolute Sounds, com uma vista maravilhosa sobre a pista de corridas, era um verdadeiro show dentro do show, com vários espaços de exposição e dois auditórios.
Por isso, vamos dedicar a Parte 3 em exclusivo à Absolute Sounds, de Londres, com uma visita guiada pelo próprio Ricardo Franassovici, falando em Português, em homenagem a um país que tanto ama (ver Parte 3 aqui).
Outros destaques
No ‘outro’ show, fora do território da Absolute Sounds, havia alguns sistemas highend. A saber:
- As Vivid Audio Moya 1, com amplificação Halcro, que ouvi pela primeira vez numa sala grande, na companhia de Laurence Dickie. O grave vai lá abaaaixo, meninos! Mas Dickie lembrou que as Moya 1 não só os graves. E tem razão, mas não é todos os dias que se ouvem graves daqueles.
- As esotéricas colunas Siltech Symphony, acompanhadas por uma impressionante bateria de eletrónica Nagra (a tocar baixinho para aquecer). A pouca música que ouvi teve como fonte um Studer A80-RC.
- As YG Acoustics Sonya 3.2, alimentadas por eletrónica Belcanto e Boulder.
- E os incríveis amplificadores monobloco Western Electric 100, apenas em demonstração estática, pelo que ainda não foi desta que os ouvi tocar.
De resto, a maior parte dos sistemas situavam-se no espetro do ‘comprável’. A saber:
- Os novos e espetaculares Marantz M10, demonstrados com colunas B&W 702 S3 Signature, num cenário de filme;
- Os amplificadores Michi e as novas fontes Michi Q5 num sistema com colunas Spendor;
- As ‘assustadoras’ colunas Borg Episode, da Fink Team, que parecem urnas funerárias, com amplificação Soul Note;
- O sistema MBL, com colunas de entrada MBL 126, com um som tão fresco como a relva acabada de cortar lá fora na pista de corridas;
- A Monitor Audio apostou em modelos acessíveis, tendo deixado as Hyphn em casa, optando antes pela exibição estática das Studio 86, que o Hificlube testou recentemente. E a nova série Gold 6G, com as 300G exibindo o seu galardão EISA para colunas-de-chão de 2024/25.
- Em demonstração ativa, um par de Gold 100 6G, com amplificação Roksan.
- Ainda tive a oportunidade de voltar a ouvir as Triangle Capella, que me deixaram tão bem impressionado durante o teste que pode ler aqui.
- Como em todos os shows, há sempre colunas com o design mais ‘fora-da-caixa’ como as Node Hylixa Signature, que impressionam mais os olhos que os ouvidos;
- Ou o sistema AVM, cujo prato do gira-discos me pareceu uma cópia do McIntosh.
- No Reino Unido, sê britânico, pelo que adorei voltar a ouvir as Rogers LS35a, que acompanharam muitos dos meus sonhos audiófilos, e cuja fábrica visitei há tantos anos que a reportagem foi publicada a preto-e-branco na revista Imasom (lembram-se?);
- E as escocesas Tannoy, que renasceram depois de um período conturbado que deu origem às Fyne, que não ouvi nem vi por lá.
- Mas vi e ouvi umas colunas alemãs que não conhecia. E não é que estavam a tocar bem? As RA Acoustics Versura V4, que podem também ouvir no final do vídeo.
Cá fora, no hall de entrada, as Vivid Giya, Node Hylixa, Kef Blade e YG Acoustics Sonya 3.2 faziam guarda de honra ao novo Lotus Eletre, tendo dois Batmobiles como sentinelas.
Ainda pensei que tinham instalados alguns dos sistemas de car-audio premiados pela EISA, mas não. Estavam lá só mesmo para exibição.
E não faltaram os espaços dedicados exclusivamente aos auscultadores.
Nem faltaram, noblesse oblige, os gira-discos analógicos.
E também havia modelos vintage
Video com registos ao vivo obtidos com um Samsung S23 Ultra, nas salas Vivid Audio Moya 1, Siltech Symphony/Nagra e RA Acoustics Versura V4/Soulution
Eis como, num espaço onde ainda se ouvem os cascos dos cavalos de raça pura, correndo pelo relvado de Royal Ascot, desde o início do século XVIII; se ouve agora também música, reproduzida por sistemas que, tal com os cavalos, são o resultado de anos de paixão e ‘apuramento da raça’.