DAY ONE
A primeira sessão foi dirigida por Miguel Carvalho e incidiu sobre ficheiros áudio de alta resolução, sendo o video abaixo apenas uma amostragem do que se ouviu até mea culpa a bateria da câmara morrer por exaustão...
DAY TWO
A segunda sessão, foi dirigida por Rui Calado e foi mais variada, até porque eu tinha baterias frescas: as minhas e as da camcorder. Ouviu-se alta resolução mas também muita resolução CD standard.
No início de algumas das faixas, anuncia-se o que se vai ouvir de seguida, como prova da captação ao vivo. Nesta sessão, utilizei uma nova técnica de gravação, fechando o ângulo de captação de 120 para 90 graus (eliminando assim parte do efeito de sala) e baixei o nível de sinal (suba o volume em conformidade), para evitar o ligeiro overload, que se ouve no video do 'Day One' (que não existiu na realidade), além da já referida montagem da câmara sobre tripé. Os resultados falam por si: este é o melhor som que já captei em situação de reportagem. Passarei a utilizar esta técnica a partir de agora.
Antes de passarmos à acção, algumas palavras de louvor sobre Mephisto, a principal vedeta deste concerto na UAE. Fausto vendeu a alma a Mephisto para garantir o conhecimento e a juventude eterna. É, hélas, o que qualquer comum mortal tem de fazer para o comprar: vender a alma ao diabo (se quer saber o preço, telefone para a UAE, eu não me atrevo, não vá o diabo tecê-las...). Mas como o som é diabolicamente divino, quem vender a alma está perdoado...
O controlo de Mephisto (estéreo) sobre as TADR1 é total e absoluto, sobretudo nos graves (nem quero pensar do que os monoblocos Solo são capazes!). Tal como Fausto, senti que o relógio do tempo tinha parado, durante a audição:
Die Uhr mag stehn, der Zeiger fallen,
Es sei die Zeit für mich vorbei!
The clock may stop, its hands fall still,
And time be over then for me!
Mephisto agarra a alma das TAD R1. Ao ponto de, pela primeira vez, eu ter tido a sensação de que o fabuloso altifalante concêntrico (médio/agudo) da R1 tinha atingido o seu limite de performance dinâmica, algo que nunca aconteceu com amplificação TAD, que é benigna e politicamente correcta, por comparação. Um pouco na linha dos Colosseum, embora estes tenham mais energia e “velocidade de ponta”.
O som de Mephisto é pure evil, no sentido em que expõe malevolamente todos os defeitos a montante e a jusante: os nossos, (mal)habituados que estamos a sons “audiófilos”; os do equipamento complementar, porque funciona como uma lupa gigante; os das colunas, porque é óbvio que Mephisto é de outro campeonato (das Rockport Arrakis, por exemplo); e vícios de origem do programa musical, a quem não perdoam os deslizes de músicos e engenheiros.
Em termos comportamentais, Mephisto, é o diabo à solta! Ocorrem-me termos anglosaxónicos como “grip”, “guts”, “wallop”; e latinos, como “cojones”. E são negros também (refiro-me aos amplificadores, claro...)!
À incrível projecção dos registos médios, que denuncia sem piedade vozes gravadas excessivamente “em cima”, junta-se o recorte fino dos registos médio altos, lá onde mora o ritmo e o compasso, que só o poder da Classe A pura (175W sobre 8 Ohm, 350W/4 Ohm e 700W/2 Ohm!!) e a realimentação negativa global zero pode proporcionar; também patente na total ausência de “overhang” (arrastamento) dos graves.
Quando concebeu Mephisto, Flemming E. Rasmussen estava claramente a pensar nas Poseidon e nas Pendragon. Se também tem um par de colunas de grande porte, com a mania das grandezas, daquelas que perdem a cabeça quando são sujeitas a situações de stress, e deixam a sala fora de si, não serve de nada exorcizá-las, deixe que o diabo as possua!...
Ora oiça:
AUDITÓRIO 2
Eis a prova auditiva de que nem sempre é preciso vender a alma ao diabo para ter uma grande som...
ESPAÇO ABERTO
Audição: o espaço amplo e aberto, sem tratamento e isolamento acústico, prejudica o registo da performance, em relação aos obtidos em boas condições acústicas. Mas isso não é segredo para ninguém...