JVH fez uma visita de cortesia a Manuel Dias, e trouxe da Imacustica memórias vivas de autênticos ‘quadros numa exposição’, alguns recentes, outros com um passado memorável, agora revisitado a partir de crónicas, testes e artigos que publicou no Hificlube.net, nas revistas Audio e Hi-Fi News e no DN. Porque o presente só faz sentido à luz do passado.
Sempre que há novidades na Imacustica, lá estou eu.
E não apenas aquelas novidades que atraem até as ‘franjas’ da imprensa generalista, que depois se remete ao silêncio, comprazendo-se antes em publicar banalidades o resto do ano, porque se esgotou no sensacionalismo de algo que não compreende.
A festa da música
Foi assim com as Wilson Audio Wamm Master Chronosonic, cuja apresentação de âmbito internacional correu mundo nas páginas do Hificlube.
Nota: para recordar na integra este e todos os acontecimentos que se seguem, clique sempre sobre os títulos a azul bold. Se preferir continuar a ler esta crónica sem interrupções, abra o artigo respetivo no final na secção Artigos Relacionados ou o respetivo pdf.
Sonus faber Aida II e DarTZeel NHB468
Não vai haver vacina tão cedo. Com sorte, o Covid19 só vai de férias lá para o Verão de 2021. Assim, a atual – e sobretudo a futura - situação económica aconselha algum recato no investimento e na organização de eventos mediáticos, caso contrário Manuel Dias já teria no Grande Auditório um par de Wilson Audio XVX, em vez das sumptuosas Sonus faber Aida II, que já tinham sido apresentadas em Março de 2018.
Mais recentes são os fabulosos monoblocos DarTZeel NHB 468, uma ‘novidade’ duradoura, pois Hervé Deletrez só produz um novo modelo por década.
A vantagem do highend reside na qualidade e não na novidade. A qualidade é de natureza perene, enquanto a novidade caduca no ato da sua apresentação, e serve apenas para alimentar a imprensa ‘sem história’, como as insaciáveis redes sociais.
Imprensa com história
O Hificlube é a mais longa ‘página’ da história do áudio em Portugal, com um arquivo onde cabem também as revistas Imasom, Audio, os jornais Público, Correio da Manhã e DN/DNA; e ainda as revistas britânicas Hi-Fi News e HiFiCritic.
…o presente só faz sentido à luz da compreensão do passado...
Assim, quando me sento perante um produto com ‘história’, veem-me logo à memória acontecimentos vividos, gravados e publicados e sinto uma vontade irresistível de mergulhar no arquivo, porque o presente só faz sentido à luz da compreensão do passado.
Do Hificlube à HiFiNews
Por exemplo, ao sentar-me hoje no Auditório Principal da Imacustica para ouvir as Aida II, lembrei-me da apresentação nacional em Março de 2018: Sonus faber Aida II: celeste Aida!, então com amplificação por monoblocos Dan D’Agostino Progression, que já tinha testado em Fevereiro de 2017 para o Hificlube.net e, em Junho do mesmo ano, para a revista Hi-Fi News.
Imacshow, o show privado da Imacustica
No Imacshow 2019 – 3 sistemas no seu habitat natural foi outra vez a Aida II a vedeta convidada, então com artilharia pesada da Audio Research: monoblocos 160M.
Illinois Jacquet atua na Imacustica-Porto
Não é possível cortar a raiz ao pensamento, e logo me assomou à memória a notável performance das Aida originais, estavamos então em Abril de 2012, na Imacustica – Porto, tocando CD da colheita selecionada de Luís Campos; e LP, da preciosa coleção de Guilhermino Pereira. A reportagem pode ser lida aqui: Sonus faber Aida live at Imacustica, mas não resisti a brindar já o leitor com o vídeo de Illinois Jacquet (54 mil visionamentos) para lhe espicaçar a curiosidade.
Das Magico Q1 às Magico A1
Na mesma reportagem, está incluída a estreia nacional das Magico Q1, só ultrapassadas 10 anos depois pelas notáveis Magico A1 – full metal jacket.
E bastou recuar mais dois anos para assistir de novo à apresentação pelo próprio Hervé Deletrez dos então monoblocos NHB 458, alimentando as Magico Q7, no Hotel Palácio, do Estoril, no âmbito do Audioshow 2010: A system cooked in heaven (publicado em língua inglesa por cortesia para com os ilustres convidados)
ProAc D48 R e Audio Research GS75
No Auditório Central, exibiam-se com a habitual panache as colunas ProAc D48 R, com tweeter-de-fita, alimentadas por um delicioso Audio Research GS75 integrado, que já tinha ouvido neste mesmo auditório com alimentação Primaluna Dialogue Premium HP, no âmbito de uma audição coletiva: Imacustica – Lisboa, menu de áudio highend.
Neste caso, o parceiro foi o Audio Research G75, que evoluiu a partir do duo GEs Pre/150, cujo teste publiquei na revisa Hi-Fi News em Janeiro de 2015: Audio Research glorious Galileo.
2019: o ano da morte de Ken Ishiwata
No Pequeno Auditório, estavam em demonstração as belíssimas Sonus faber Nova V, alimentadas pelo icónico Marantz KI Ruby e respectivo leitor-SACD, que são agora peças de culto, sobretudo o leitor SACD. Segundo Manuel Dias, é muito procurado, desde a notícia da morte de Ken Ishiwata, tendo a Imacustica assegurado a compra dos únicos exemplares atualmente disponíveis no mercado.
Sobre a excelência da relação qualidade/preço dos ‘Ruby’, escrevi longamente num artigo que publiquei em Abril de 2019, intitulado: Marantz KI Ruby, 40 anos de fidelidade
Quanto às Sonus faber Olympica Nova, os leitores interessados podem informar-se em detalhe sobre a sua prestação, numa audição que inclui vídeos com som direto, registado também neste auditório: Sonus faber Olympica Nova V – a boa nova.
Nos corredores do poder highend
Ao contrário do que sucede nos corredores da Assembleia, os passos dados na Imacustica nunca são perdidos. Passear na loja de Lisboa, é como passear nos armazéns turísticos do Vinho do Porto, em Vila Nova de Gaia, onde encontramos desde o Vintage, às colheitas selecionadas de vinhos recentes de grande qualidade e ‘garrafas’ únicas. Se quiser provar, basta marcar…
As Martin Logan Neolith, por exemplo, que foram cabeça de cartaz da Imacustica, no Audioshow 2016, então vestidas de vermelho, com amplificação Constellation; e mais tarde no Imacshow 2016, aqui a condizer com o vermelho da lapela dos DarTZeel.
Também as utilizei, já na atual versão au noire, como uma das partenaires do teste dos monoblocos Dan D’Agostino Progression
Liberdade de expressão
Se quiserem ler mais sobre outros modelos da Martin Logan, no Hificlube.net, basta introduzir a marca no campo de pesquisa ou clicar aqui, incluindo, por exemplo, o teste das ML Expression 13A, previamente publicado em língua inglesa na revista Hi-Fi News, Junho 2017.
Alexia 2 – a melhor crítica de sempre de JVH na HiFiNews
É longa e apaixonada a minha relação com as Wilson Audio Watt/Puppies, nas suas múltiplas versões, incluindo as Sasha. Já em 1990, era à volta delas que versava a crónica ‘O Zoo e a Selva’, publicada na famosa última página-negra da revista Audio (clique sobre título para abrir o pdf).
E lá estava também um par de Alexia, que eu testei na versão S2, em Fevereiro de 2018: Wilson Audio Alexia Series 2, tendo o teste sido publicado em língua inglesa na Hi-Fi News, em Março do mesmo ano: Wilson’s Alexia S2 – it’s best yet?, que o próprio editor Paul Miller considerou, e cito, com inegável imodéstia:
‘This is not only the best review in this issue, but the best piece of writing you have provided HFN. Indeed, I would say it is one of the most memorable pieces we have published in the last couple of years.’
Enquanto isso, na ‘ocidental praia lusitana’, somos metralhados diariamente nas redes sociais com as elucubrações de críticos estrangeiros, porque eles é que sabem…
As Alexia Series 2 foram também um sucesso no Audioshow 2018, tendo cópias de ambos os meus testes sido distribuídas profusamente pela equipa de Manuel Dias.
Yellow Brick Road
Não menos sucesso teve a minha distribuição de cópias do SACD-triplo de Yellow Brick Road/Elton John às senhoras presentes. O mesmo já não se pode dizer da minha apresentação que foi gravada ‘clandestinamente’ (e com algumas inversões, não de fase, mas de posicionamento): aparentemente, escrevo melhor do que falo…
Um par de Martin Logan Ascent, de 2000, fez-me lembrar as saudosas Odyssey, que utilizei como referência durante anos, no meu estúdio de audição.
América Proibida
Sobre as ML Odyssey, publiquei um teste no DN-DNA/Sons, intitulado ‘América Proibida’, no tempo em que o Diário de Notícias era o único jornal no mundo (!) que divulgava o áudio highend, em ‘horário nobre’, ou seja, no suplemento DNA em quadricromia.
Revista Audio: 1990
A presença numa das prateleiras de um exemplar de um raro leitor CD/DAC Krell KPS 25sc (ver foto em baixo) fez-me recuar ainda mais no tempo, até 1990.
O KPS 25sc é um descendente direto do Krell MD1/SBP-16X (basta clicar para abrir o pdf) que fez capa da revista Audio, Setembro de 1990, nº16, e cujo teste eu ainda assinei. Foi giro enquanto durou…
Este é um dos poucos testes da revista Audio que inclui medidas de laboratório (por A.Oliveira) e (re)li com saudade de um tempo em que eu tinha a ilusão de poder formar ‘cidadãos audiófilos de pleno direito a quem propunha dar a palavra’.
A loja histórica da Valentim de Carvalho
O regresso ao passado só ficou completo, quando dei de caras com as colunas JBL L100 Classic, que em boa hora foram ‘ressuscitadas’, e são agora distribuídas pela Imacustica.
Lembro-me de me baldar às aulas, no Liceu de Oeiras, apanhar o comboio até ao Cais do Sodré, subir a Rua do Alecrim, em passo estugado, para descer depois com excitação juvenil a Rua Nova do Almada e entrar no ‘céu audiófilo’, que era então a Valentim de Carvalho, para ouvir as JBL alimentadas por amplificadores Quad.
Teria o quê: 16 anos?...