Lisboa HiFi’23 foi uma iniciativa da Ajasom, à qual se juntaram o Grupo JLM, OnOff e Kami Katsu, Tendo em conta o número reduzido de salas de demonstração (apenas seis) e o calor de verão que se fazia sentir, a pedir um mergulho no mar, surpreendentemente havia tanta gente interessada em ver e ouvir as novidades em áudio, que se pode considerar ter sido um sucesso. Sentia-se no ar o desejo de socializar com os pares audiófilos e matar saudades da audição musical em grupo.
O Hificlube esteve presente na manhã de sábado, tendo Pedro Henriques publicado fotos e vídeos no Facebook. À tarde, foi a minha vez e vi por lá um grupo diversificado de algumas dezenas largas de pessoas, incluindo os habituais audiófilos da praça lisboeta (e também muitos do Norte), rostos novos, senhoras e até casais com bebés. O futuro está garantido se, entretanto, não eclodir uma guerra atómica. Vade retro, Putin (e não só...)!
A qualidade geral do som esteve a bom nível, melhor até do que em muitas das salas do MOC, de Munique, apesar dos tetos falsos e de alguns problemas de reforço/cancelamento de grave. As colunas eram todas de porte médio e o problema de excitarem ressonâncias não se colocou do mesmo modo que com colunas de grande porte, talvez com exceção das Blumenhofer (altifalante de graves de 15 polegadas), em alguns pontos da sala, mas não na sweet spot, onde tudo soou in sito.
Depois, há ainda o tradicional bom gosto e cuidado na colocação das colunas pelos distribuidores nacionais participantes, que nem sempre se verificam em outras culturas mais mercantilistas.
Claro que muito depende, literalmente, do disco que nos tocou, do lugar onde nos sentámos, do volume selecionado, do ruído ambiente, enfim das habituais variáveis que influenciam o resultado final.
Com exceção dos vídeos com som direto captado pelo meu telemóvel, os sons que vão ouvir no final deste artigo foram registados por um gravador Nagra SD (cortesia da Ajasom) sempre na sweet-spot, ou pelo menos numa posição central na fila da frente.
Nenhuma gravação pirata do tipo bootleg, como as que eu faço, oferecendo assim ao leitor um pouco mais de informação do que permite uma simples foto ou descrição escrita, é representativa do som real, apenas ilustrativa. Mas como são todas obtidas pelo mesmo gravador, permitem-nos fazer algumas comparações precárias.
Se dúvidas houvesse que não há um ‘som’, mas muitos ‘sons’, bastaria comparar as cinco salas:
Ajasom: PMC/Mola Mola
Na sala da PMC/Mola Mola gostei da extensão controlada e definição do grave, que só as linhas-de-transmissão permitem, sobretudo quando há um monobloco Kaluga a assessorar cada uma das colunas PMC;
Ajasom: Esoteric/Vivid Audio
As Vivid Kaya/Esoteric impressionaram pela grandeza da imagem e a tonalidade quente;
Ajasom: Riviera/Blumenhofer
As cornetas da Blumenhofer destacaram-se pela projeção e claridade da gama média, não tanto pela justeza tonal e tímbrica, pois as cornetas introduzem sempre alguma coloração (muito ligeira, neste caso); uma agradável surpresa, pois nunca as tinha ouvido num espaço tão amplo.
OnOff: McIntosh/Fyne audio
As Fyne Audio/McIntosh provaram as vantagens da concentricidade nos altifalantes; se lhe parece uma Tannoy é porque todos os engenheiros da Fyne beberam lá o... malte. Eu sei, porque um dia fui à fábrica da Tannoy (a original) e trataram-nos a malte 20 anos. E pensar que eu agora só bebo água pura...
OnOff: Moon/Vandersteen
As Vandersteen/Moon exibiram uma imagem holográfica proporcionada pela excelência da coerência de fase. Uma coluna barata (4.400 euros) com um som caro! Tudo com base numa configuração com mais de 40 anos. Em equipa que ganha, não se mexe... A melhor 'corporização' no espaço de uma cantora (Cécile Salvant) de todo o show.
JLM: Davis/Atoll/Chord
Finalmente, as Davis Stella/Atoll provaram a importância da banda larga e da potência disponível (600W/c em modo bridge). Aquilo a que José Lopes chamou 'highend democrático', embora o poder dos Atoll seja ditatorial: as Stella limitaram-se a obedecer...
Kami Katsu: Exposure/PMC
Nota: A sala da Kami Katsu estavam tão movimentada que não consegui fazer um registo sonoro. Fica a foto.
Som (HD) e imagem 4K do Lisboa HiFi'23