Na My Hi-Fi House, Carlos Moreira serve-se da sua vasta experiência para demonstrar, sugerir e aconselhar tudo sobre equipamentos de som.
A minha carreira de crítico e a de Carlos Moreira, enquanto retalhista e importador, seguiram caminhos paralelos nos últimos trinta anos, embora olhando o áudio por prismas diferentes. Eu, mantendo teimosamente a ênfase no áudio highend, com uma ou outra concessão ao gosto do mercado; ele, com incursões na electrónica geral de consumo, desde os telemóveis, aos plasmas e ao som surround, mas sempre atento e com reconhecido bom gosto na apresentação, decoração e selecção de produtos de áudio, na busca de consensos e empatias acústicas e visuais, agora também patente na imaginação das soluções decorativas do espaço.
Já conheço o Carlos Moreira desde os tempos da pequena loja original, que ficava ali à Estefânia, e acompanhei os progressos, os sucessos e também as vicissitudes da sua longa carreira na Transom, até à loja das Amoreiras, que cresceu talvez para lá das necessidades de um mercado que não compreendeu totalmente o alcance da iniciativa.
Da sustentabilidade do mercado de áudio
‘Hoje tenho o espaço adequado ao mercado que temos, e tão pequeno quanto ele’, diz-me Carlos Moreira, no pequeno atelier do nr. 29 da Av. 5 de Outubro, em Lisboa, uma cave onde, curiosamente, já se venderam produtos dietéticos para emagrecimento.
‘É isso, o mercado engordou demasiado, tem excesso de oferta e sofre agora os efeitos da abundância: de produtos e de crédito’, continuou Carlos Moreira.
‘Mas a atenção às reais necessidades do cliente dispersou-se e não acompanhou a evolução da oferta. Aqui trabalho com base em orçamentos pequenos para iniciados e entusiastas, mas também projectos de evolução sustentada de audiófilos com sistemas de qualidade, mas que precisam de ajuda profissional para tirar deles tudo o que podem dar. Sem pressão, sem pressas, espontaneamente ou com consulta marcada.
É incrível o que se pode fazer hoje com apenas mil euros com marcas como a Emotiva ou a qualidade de som que é possível obter com electrónica Moon by Simaudio ou Gold Note. Mas se o cliente prefere marcas mais ‘mediáticas’, como a Nad ou a Cambridge, também tenho essa oferta disponível, pois trabalho com alguns importadores nacionais. Assim como a Exposure e os gira-discos da Pro-Ject, ou a Lehmann e os valvulados da Unison Research.’
Das clássicas Tannoy, aos auscultadores e ao artesanato do Vietname
No pequeno auditório, actuava um par de Tannoy Prestige Kensington SE, amplificadas por electrónica Moon. As Tannoy são o exemplo acabado de ‘mobiliário funcional’. É ao mesmo tempo uma coluna de som e uma peça de mobília clássica. O altifalante dual-concêntrico é ideal para ouvir a qualquer distância, porque não precisa de espaço para ‘integrar’ as diferentes unidades activas, como acontece nos modelos multi-vias, o que as torna muito ‘domésticas’.
Para quem, como eu, gosta de ouvir música com auscultadores highend, sobretudo os planarmagnéticos, Carlos Moreira sugere a excelência dos Audeze, já várias vezes testados no Hificlube. A única coisa que mudou foi o distribuidor.
Carlos Moreira está particularmente atento às novas tendências do mercado, ou seja à ‘portabilidade’.
Connect&Play
‘Os jovens só muito raramente vão pelo caminho tradicional da fonte-amplificador-colunas. Fonte já têm, o telemóvel, e não querem outra. Basta juntar uma coluna portátil, activa, com bluetooth e conversão integrada. Os jovens estudantes aparecem aqui com o smartphone cheio de músicas e só querem poder ouvi-las logo, sem ligações, sem cabos, sem necessidade de espaço que não abunda, assim como o dinheiro que é pouco…’
A colecção de colunas portáteis é substancial: Musaic, Soundcraft, audio pro e Riva. Mas houve uma que me chamou a atenção, pois é para mim uma novidade e que, por si só, justifica uma visita à loja: Hazang, uma coluna vietnamita, de construção artesanal em bambu, que apetece ouvir tocar tanto como ‘tocar-lhe’, pois as suas formas arredondadas são macias como cetim.
Vale a pena ver o vídeo para saber de onde vêm e como são construídas. Até o tecido da grelha é natural e biodegradável.
O Hificlube deseja a Carlos Moreira felicidades no seu novo projecto.
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