Esta visita já era devida há muito tempo. Mas Delfim Yanez adiou o convite até ter garantidas as condições técnicas sine qua non para uma audição, ainda que informal e sem preconceitos críticos.
Telefonei-lhe duas ou três vezes e ele aos costumes dizia nada. Ainda pensei que queria “queimar” primeiro as Raidho Acoustics C2.1, as novas vedetas da escuderia de Carnaxide. Afinal, era o “relógio” Esoteric Rb0 que lhe faltava, e sem o qual ele considera que a música perde a “alma”.
Logo que o relógio marcou a hora, ligou-me: já podes vir! E fui, claro. Teria ido na mesma, com relógio ou sem relógio, porque conversar com o Delfim é um prazer. À tertúlia juntou-se o João Pedro, que apareceu por mera coincidência, por certo também atraído pela presença das Raidho.
Ouviu-se música – muita - dos mais variados géneros, sobretudo “étnica”, uma das paixões do Delfim e falou-se de tudo um pouco - até de cabos!
E do papel dos sistemas de som enquanto interlocutores privilegiados na relação entre o ouvinte e a música. Para Delfim Yanez o sistema deve ser “escravo” dos intérpretes: diz, canta, toca o que lhe exigem e não tem direito a opinião.
Algures ao longo do percurso, a indústria do áudio parece ter perdido o respeito pela música, dedicando-se ao negócio dos sons. Porque na música é a ditadura do silêncio e do tempo que regula o exercício do som, e não a anarquia do ruído.
Neste caso, era um “coro de escravos”, composto pelos Esoteric K03/Rb0, o amplificador Pass X 350.5 e a mais recente aquisição do portfolio da Delaudio: as Raidho Acoustics 2.1.
Como estamos a menos de duas semanas do Audioshow, Delfim revelou que mandou vir expressamente para actuar no palco do Pestana Palace o modelo D 3.1 Diamond, cujo preço ronda os 50 000 euros, que serão acolitadas pelos grandiosos Esoteric Grandioso.
Como sempre acontece nas minhas visitas à Delaudio, Delfim tirou meia-dúzia de CDs da cartola mágica, exibindo uma paleta que ia da ópera ao jazz e aos blues, com incursões inesperadas na cultura musical síria (leu bem!) e canto alentejano registado ao vivo na Gulbenkian...
Fiz vários registos, mas optei por vos oferecer pelo inusitado esta surpreendente interpretação ai vivo também na Gulbenkian dos (segundo João Pedro) “Toca a Rufar”. O som foi captado para o video abaixo directamente na sala de audição da Delaudio, em Carnaxide, ilustrado com imagens do sistema acima designado.
A avaliar pela amostra junta, a actuação das Raidho no Audioshow 2014 vai ser um acontecimento a não perder. Eu vou andar por lá...
Cante alentejano candidato a património imaterial da humanidade
A propósito desta notícia, não resisti a publicar esta homenagem de Delfim Yanez ao cante alentejano, com um pequeno extracto de um evento gravado ao vivo na Gulbenkian, que tem a particularidade da inclusão de uma voz feminina.
Nunca tinha passado nada parecido com isto pela garganta das Raidho...
Notas:
1. a captação do som foi registada a 96/24 no auditório da Delaudio, directamente a partir da reprodução do sistema de som, sem qualquer outro processamento que o imposto pela compressão do algoritmo da Vimeo.
2. a imagem está editada na máxima resolução possível online (HD 1080p), pelo que computadores com ligações lentas à rede poderão demorar algum tempo a 'carregar' o video.