Em Março deste ano, fui a Itália (Vicenza) a convite de Manuel Dias e da Sonus Faber para assistir à apresentação mundial das Sonus Faber Extrema do século XXI, num grandioso evento que contou com a presença de quase duas centenas de personalidades de todas as áreas do áudio highend mundial (imprensa, distribuidores, etc.), e ficou registado para a posteridade nas páginas do Hificlube. As novas colunas foram baptizadas de Ex3ma, e bastou vê-las e depois ouvi-las brevemente para compreender porquê (ver reportagem integral em Artigos Relacionados: Sonus Faber happening).
Enquanto as Extrema originais eram uma obra de arte artesanal, afinadas de ouvido e ao gosto de Franco Serblin, as novas Ex3ma são uma obra de design moderno, desenhadas por Livio Cucuzza, um jovem arquitecto do som italiano, com o instinto artístico de um Siza, e cientificamente concebidas por Paolo Tezzon, um jovem engenheiro da era digital, que consegue transformar fórmulas e números em música, utilizando materiais novos como o carbono.
Como sempre acontece com a Sonus Faber (ver também em Artigos Relacionados: The Venice Chronicles - reportagem da apresentação mundial do modelo de topo The Sonus Faber aka Fenice, em Veneza, em Junho de 2010), um evento comercial é também um evento cultural e do programa fazia parte uma visita a uma exposição de pintura sob o tema: verso Monet, Storia del paesaggio dal Seicento al Novecento.
Pode ter sido uma coincidência feliz (eu acho que foi uma epifania), o facto de a exposição ter acontecido na mesma data do evento, e de eu me ter (clandestinamente) integrado na visita de uma turma de jovens alunos de liceu (dispensando os desconfortáveis auscultadores), com uma guia com conhecimentos enciclopédicos de pintura, e que falava um italiano tão límpido que não perdi um palavra.
Havia outros professores a acompanhar a turma, e ela de vez em quando olhava para mim na dúvida: quiçá devido à minha idade e atenção às suas palavras, no meio de miúdos irrequietos, talvez eu fosse o reitor da escola...
A exposição estava organizada como um roteiro que nos conduzia pela evolução da representação da natureza e da paisagem, com a precisão e o pormenor quase cartográfico da pintura holandesa do Séc. XVII até ao início do Séc. XX, quando se confundia a realidade com os espaços profundos e imensos da alma, até chegar à fase final de Monet em que as formas se diluíam nas cores do amanhecer e contrariavam a imobilidade da perspectiva no espaço com o movimento da luz no tempo.
Franco Serblin “via” o som como um impressionista representava a luz, dando primazia à cor e ao estado de alma. Paolo Tezzon reproduz o som com a precisão do cartógrafo, com um rigor realista que nos corta a respiração pela abundância de pormenor, deixando o “estado de alma” para o ouvinte.
Neste contexto, as Ex3ma não são hoje menos obra de arte que as Extrema foram no passado.
Pelo contrário, enquanto estas exigiam uma fonte inesgotável de corrente para se revelarem ao ouvinte, e eram por vezes bruscas, quase violentas na sua forma peculiar de representação, as Ex3ma conseguem mostrar-nos a nudez crua da verdade sem o véu diáfano da fantasia.
Com delicadeza, requinte harmónico, recorte, definição e articulação, aliada à transparência e claridade só possível pela elevada resolução, que nos permite ver a posição exacta no espaço de todas as árvores da floresta e ainda o amplo espaço circundante, onde se respira o ar puro da montanha, sem nunca se perder a forma e a cor das flores musicais que se multiplicam na vasta planície à nossa frente, até se perder no horizonte infinito (a dimensão do palco e o decay das Ex3ma é algo de mágico e inédito mas não inaudito).
E cito livremente Marco Goldin, o director da exposição: neste teatro imenso, sentimos que a natureza, assim representada, é parte de nós e nós somos parte dela.
Nota: ver sempre Slideshow com máxima resolução: 1080 p full screen/always watch Slideshow at 1080p resolution full screen.
Versão HD de slidewhow by Vimeo/JVH
Uma simbiose feliz entre o realismo da pintura seiscentista e o estado de alma induzido pela contemplação da beleza da cor e a magia da luz, que se transforma no tempo, e nos transporta para o espaço real de cada registo sonoro.
É isto a definição de obra de arte: algo de belo, de raro, de exclusivo, que proporciona a contemplação da beleza a quem tem a felicidade de a possuir.
Não é todos os dias que se pode ouvir (gratuitamente) um sistema de som de 150 000 euros, sem precisar sequer do alibi de que vai pensar antes de se decidir, porque estas colunas são únicas e não estão à venda...
Menos ainda poder ouvi-lo na companhia do famoso criador Dan D'Agostino, que desenhou e concebeu o amplificador integrado Momentum (ver nota no final do artigo).
Aproveite, pois, enquanto é possível (este par já tem destinatário em Portugal), o usufruto público das únicas Ex3ma existentes em Portugal.
Em baixo, pode ver o video histórico, exclusivo do Hificlube, que regista a primeira audição mundial das Sonus Faber Ex3ma, na fábrica de Arcugnano, perto de Vicenza, e que já foi visto por mais de 8 000 audiófilos:
Tudo o que é exclusivo e de qualidade é caro, muito caro, neste caso. Cada par de Ex3ma custa cerca de 40 000 euros, mas a exclusividade irá valorizá-las ainda mais no futuro, sobretudo no mercado asiático, onde a procura excede a oferta, pelo que constituem um bom investimento em arte, tanto mais quanto este par em particular tem a data de 1983, ou seja: é o modelo nr. 1!
Como sabem (ver reportagem), apenas serão construídos 30 pares, um por cada ano que decorreu desde a fundação da Sonus Faber em 1983, tendo o molde de carbono sido destruído à marretada pelo presidente Mauro Grange (com a prestimosa ajuda de Michael Fremer, da Stereophile, para evitar a tentação de uma segunda edição – ver video abaixo).
Nota: na versão deste video publicada no You Tube, o som foi removido, provavelmente porque se ouve Fremer dizer 'shit' várias vezes (este moralismos serôdios...). Esta é a versão integral com som publicada na Vimeo.
Como curiosidade, o feliz proprietário nacional candidata-se ainda a que lhe seja integralmente devolvido o dinheiro da compra (!!), se o júri internacional que vai ser formado pela Sonus Faber, composto por três críticos internacionais seleccionados por Mauro Grange, considerar que o sistema em que estão integradas reproduz “O Melhor Som Ex3ma do Mundo”.
Nota: esta promessa é de tal forma surpreendente (tive de ver o video várias vezes até acreditar no que tinha ouvido) que reproduzo em baixo em video a prova documental de que, de facto, foi feita por Mauro Grange publicamente. Mas não vai ser fácil cumpri-la: o júri terá de visitar mais de 20 países do mundo, e é preciso que os proprietários os queiram receber!
Ora, quem dá 40 mil euros por um par de colunas, gosta de manter a sua privacidade, pelo menos na Europa. Na Ásia e nos EUA, vai ser uma festa!...
Em fundo, ouve-se Michael Fremer dizer em tom de brincadeira que, e cito: 'Mas toda a gente sabe que os jornalistas só recebem dinheiro por baixo da mesa...'. A coisa promete.
A excelência desta audição não teria sido possível sem a comparticipação da fonte Metronome e, claro, o também recém chegado Dan D’Agostino Momentum Integrated (em traje negro de cerimónia), com o qual Luís Campos conseguiu tirar o melhor partido das Sonus Faber Ex3ma.
O som do Momentum integrado já me era familiar, pois tive o prazer de testar o Momentum estéreo para o Hificlube (ver em Artigos Relacionados: Dan D'Agostino Master and Commander).
Dan D’Agostino vai estar presente em pessoa na Imacústica-Lisboa, no próximo fim-de-semana (26 e 27 de Setembro) para apresentar a Série Momentum, na companhia de Ricardo Franassovici.
No dia 26, à tarde, a apresentação é sobretudo para convidados, mas Manuel Dias está a pensar organizar uma Happy Hour, no Sábado, dia 27, de manhã, também com a presença de Dan D’Agostino, desde que haja interesse por parte dos audiófilos lisboetas.
Para mais informações e inscrições contacte:
Ver também/see also: