Depois de Robert Koda, John Devore é o próximo chef convidado pela Imacustica para integrar ‘Ten - coleção de artesão’. As suas colunas Orangutan soam deliciosas como sobremesas gourmet. São de ouvir e chorar por mais…
Creio que foi em Las Vegas, já lá vão quase 20 anos, que fui confrontado pela primeira vez com a Devore Fidelity, cujo acrónimo DEF era ilustrado pela imagem de um orangotango no logótipo.
Na altura, gozei com a situação: ‘uma marca de alta fidelidade, cujo acrónimo soa como deaf (=surdo) e tem como imagem de marca um macaco, não me inspira muita confiança’.
…as Orangutan O96 reproduzem música com uma naturalidade única, e são tonal e timbricamente inexcedíveis…
Quando as ouvi tocar, tive de meter a viola no saco, e aquilo que podia soar como uma manifestação literária de ‘escárnio e mal-dizer’ passou a ser de rendição incondicional e admiração total. Até hoje. Recentemente, voltei a ouvi-las e escrevi:
'A beleza das Orangutan não está nos olhos de quem vê, mas nos ouvidos de quem ouve: as Orangutan O96 reproduzem música com uma naturalidade única, e são tonal e timbricamente inexcedíveis'.
E, se quisermos ser justos, o design até pode não ser inovador (são do tipo 'caixotal'), mas os acabamentos são de grande qualidade, como se pode ler na press release da Imacustica:
‘Os painéis frontais apresentam um leque de escolhas de folheados de efeitos luxuosos, tais como o ébano, a nogueira, ou a cerejeira. Como opção, também há acabamentos a “bird’s eye maple”, acabamentos a cores lacadas, ou mesmo quaisquer outros que a DeVore Fidelity tudo fará para que sejam possíveis de serem satisfeitos para os seus clientes.’
Diz-se das abelhas que, pela sua anatomia, não deviam voar. Mas voam. E bem. E ainda produzem mel. Assim é com as Devore: não deviam tocar bem. Mas tocam!
Diz-se das abelhas que, pela sua anatomia, não deviam voar. Mas voam. E bem. E ainda produzem mel. Assim é com as Devore: não deviam tocar bem. Mas tocam!
Com dramatismo, impacto e escala, sim, escala: um som de mel transportado num ‘caixote’ de madeira reciclável com acabamentos de luxo, e apenas um altifalante de médio-graves e um tweeter, aparafusados num painel largo e acetinado, que nega o princípio do controlo de difração; e um duplo pórtico reflex atrás, que contraria o princípio do bom acoplamento acústico com a sala.
Ainda segundo a press-release – que eu subscrevo: ‘o som que estas colunas produzem é vibrante, realista e cheio de emoção, com dinâmicas desafogadas e uma qualidade que, muito simplesmente, flui na sala de audições. São uma verdadeira obra de arte destinada aos amantes da música e são muito diferentes da “norma” actual para colunas de topo. Algo que se encaixa na perfeição no conceito da série Ten.’
… soam tão naturais como o pôr-de-sol, que também tem muitas cores quentes, e nem por isso nos deixa menos maravilhados com a sua beleza…
Não é uma coluna totalmente isenta de colorações, tal como as caixas de certos instrumentos, que muito contribuem aqui para o efeito de reforço natural das vozes. As Devore são tudo menos ‘hifi’, e soam tão naturais como o pôr-de-sol, que também tem muitas cores quentes, e nem por isso nos deixa menos maravilhados com a sua beleza.
Só conheço outras colunas com este aspeto e som próximo: as Audio Note. Que não têm, nem de perto nem de longe, esta capacidade para tocar alto sem stress - e são muito mais caras.
Se o leitor é do tipo de casar para sempre, as Devore Orangutan vão ser as colunas da sua vida.
Gosta de tríodos de baixa potência e a sua mulher não o deixa montar um par de cornetas de alta eficiência na sala? Olhe, adote um ‘orangotango’, e ela que coloque em cima um naperon e um vaso de flores. Ela vai amá-lo ainda mais, e você a ela, sempre que as ouvir tocar na sala conjugal...
Nota:
Leia aqui a press release de lançamento para saber como o músico John Devore se dedica há 20 anos a produzir em contraciclo colunas de alta eficiência para serem alimentadas por amplificadores de baixa potência, ao arrepio da tendência das últimas décadas de monoblocos de elevada potência que levantam do chão colunas pesadas, difíceis e com mau feitio.
É este ‘desvio’ da norma, esta busca pela verdadeira natureza do som, que torna John Devore digno de figurar nos anais de Ten - coleção de artesão.
Para mais informações e marcação de audições: IMACUSTICA