Se os leitores se derem ao trabalho de ler os ‘Artigos Relacionados’, no fundo da página, vão perceber que eu ando a ‘explorar’ o Explorer2 há muito tempo, desde quando se chamava apenas Explorer. O Mk2 é um pequeno grande DAC que, por menos de 200 euros, lhe permite ouvir streaming-HD na Tidal
Durante muito tempo, isso não lhe dava qualquer vantagem, porque não havia música no formato MQA que o justificasse. Mas agora é outra loiça. As mais importantes editoras estão a aderir à moda MQA, incluindo a Warner e a Universal, editando discos e fornecendo ‘downloads’ em MQA. Já não é só as editoras ‘indy’ com música da treta que ninguém quer ouvir.
Mas como eu já profetizei em 1992 (!), num artigo de ficção audiocientífica publicado na revista Audio, intitulado ‘Audio espacial’, o futuro é o ‘streaming’ (abrir pdf no final do artigo). Quando se fala em ‘streaming’, pensa-se logo na Spotify, na Apple Music, Amazon, etc., que revitalizaram o negócio da música, matando-a ao mesmo tempo.
E como? Vendendo gato MP3 ou AAC, ficando eles com a lebre, ou seja, a matriz original, sendo que as mais recentes já são de alta resolução a 24/96 e até mesmo 24/192, para comercializar como ‘downloads’. E porquê? Porque o ‘streaming’ HD implica maior largura de banda. E, de qualquer forma, ninguém parece estar muito preocupado com a qualidade actual que, para ouvir no smartphone, chega bem para a encomenda.
Há, contudo, operadores de ‘streaming’ que se preocupam com a qualidade do produto que vendem, como a Qobuz e a Tidal. Há muitas outras, mas só a Tidal lhe oferece MQA sem aumento de preço, e está disponível em Portugal.
Nota: Veja o vídeo abaixo para perceber o que tem de fazer, além, claro, de subscrever o serviço HIFI/Masters por cerca de 15 euros por mês. Carote, admito, ‘but worth every cent…’
Nota: um esclarecimento técnico adicional. Tanto faz ter um DAC MQA-ready, ou não? Com um DAC convencional, a resolução do conversor MQA da Tidal App está limitada a 96/24. Com um DAC MQA-ready, o limite é o do próprio conversor. No caso do Explorer V2, é 192/24. Mas há conversores DAC/MQA com resolução até 384/24. Neste caso, o disco será reproduzido via streaming na resolução nativa, desde que o software de descodificação da Tidal esteja desactivado 'Passthrough MQA', fazendo-se o processamento no DAC (ver video).
Regresso ao futuro
Mas se eu já escrevi o que havia para escrever sobre MQA, porquê voltar ao assunto? Porque a Tidal disponibilizou recentemente alguns álbuns que tiram todo o partido do MQA. Dou apenas dois exemplos de uma longa lista: ‘The Nightfly’, de Donald Fagen (24/48) e ‘The Rise and Fall of Ziggystardust’, de David Bowie (24/192), que são paradigmáticos da actual qualidade do ‘streaming’ audio.
Admito que a música é um pouco datada, e eu já tenho pouca paciência para ouvir isto, mas o som é excepcional, sobretudo ‘The Nightfly’, que sempre foi um favorito dos audiófilos em LP e CD para testar o ‘ritmo’ do grave das colunas de som. A excelência da matriz original é muito importante nas remasterizações. Há discos intragáveis em HD porque já o eram antes.
E como é que eu sei qual é a resolução? É aqui que entra o Explorer2. A Tidal diz-me que eu estou a ouvir um ‘Master’ mas não que tipo de master. O Explorer2 acende a luz piloto azul apenas com ‘The Nightfly’, indicando 48kHz, ou 1 led azul+2 brancos para indicar 192kHz.
Lembram-se do HDCD? O MQA é uma versão mais sofisticada. O HDCD utilizava o sinal áudio a 44,1kHz como portadora de altas frequências, eliminadas pela filtragem digital agressiva, que depois recuperava na reprodução. O MQA vai muito mais longe. A tecnologia é complexa. Digamos para utilizar uma linguagem simples que o MQA utiliza o sinal a 44,1kHz para transportar um ‘embrulho’ com a matriz na resolução original, o marketing chama-lhe ‘origami’.
Quem não dispõe da app da Tidal (que é grátis) ou de um DAC como o Explorer2 (que é barato), ouve o disco, ficheiro ou ‘streaming’ na resolução CD; quem tem a app da Tidal pode descodificá-lo até um máximo de 24/96; quem tem um Explorer2, ou outro DAC MQA-ready, pode ouvir a matriz original até 192kHz; ou mesmo 384kHz se o DAC o permitir e a matriz chegar lá. Ora, isto é o Ovo de Colombo!
Finalmente é possível ter acesso a áudio-HD via ‘streaming’, sem precisar de ‘downloads’ demorados e caros. Desde que tenho a Tidal, nunca mais utilizei os serviços da HD-Tracks. Mais: o MQA, ao contrário da HDTracks, garante-me que estou a ouvir uma matriz autenticada como original pela editora.