A UAE voltou ao Porto para apresentar as Gryphon Kodo no Sheraton, e levou na bagagem algumas novidades em estreia mundial.
O Hotel Sheraton tem sido o palco privilegiado das Ultimate Sessions, apresentação e audição de equipamento highend, numa iniciativa da Ultimate Audio Elite para levar aos audiófilos do Porto produtos seleccionados do seu vasto portfolio de marcas, em exibição regular na loja de Benfica, Lisboa.
A vedeta destes eventos é normalmente a Gryphon. Já foi assim em 2015 (ver reportagem aqui) e agora também em 2017, com a estreia nacional das magníficas Kodo, compostas por módulos separados para agudos e médio-graves com coluna de subgraves activos.
As características e especificações das Kodo são de tal ordem que o melhor é substituir as mil palavras necessárias pelas fotos, que revelam toda a imponência do projecto.
As Kodo fizeram-se acompanhar por um sistema acima de qualquer suspeita composto por:
Gryphon Mephisto Stereo
Gryphon Pandora Preamp
Emm Labs DA-2 Dac
Streamer Antipodes DX-3
Giradiscos Dohmann Helix 2
Braço Kuzma 4Point
célula Kiseki Purple Heart NS
Cabos Kubala Sosna Realization
Filtro: Synergistic Research Powercell 12 SE
Racks Solidsteel
Tive a oportunidade de conversar um pouco sobre as Kodo com Valdemar Borsting, sócio de Flemming E. Rasmussen e presidente da Gryphon. Valdemar (um nome que poucos associam a um dinamarquês de gema) tem consciência de que as Kodo não são acessíveis à grande maioria das pessoas, nem mesmo na Dinamarca, tendo sido pensadas para o mercado asiático, onde, segundo Valdemar há quem compre as colunas primeiro e construa depois a casa em função delas.
As Kodo são uma simbiose perfeita entre as Poseidon e as Pendragon, numa tentativa bem sucedida de associar o poder das primeiras à musicalidade das segundas, numa altura em que já não é fácil conseguir fornecedor para os ‘full-ribbon’: ‘Mas temos unidades em stock para garantir a longevidade das Pendragon vendidas até agora’, garantiu.
Nas Kodo as altas frequência estão a cargo de um tipo diferente de ‘ribbon’, trata-se de um Heil Air Motion Transformer do fabricante alemão Mundorf. O resto é o que se vê: 38 unidades activas montadas em quatro pilares de 2,37 m de altura! E 1000W (4000W pico) disponíveis só para os graves. Tudo por apenas… 300 mil euros!...
Para manter esta grande orquestra de altifalantes em fase o tempo todo a todas as frequências utilizam a tecnologia Duelend Constant Phase. Curiosamente, a eficiência da coluna passiva (médio-grave e agudo) é tão elevada (96dB) que nem precisam de amplificadores muito potentes, ao contrário do que se possa pensar só de olhar para elas.
O ‘room-adaptive Q controller’ permite o acoplamento correcto do sistema de graves ao ambiente que o rodeia, uma sala de hotel neste caso, o que não é o auditório ideal para demonstrar as poderosas Kodo.
Se as quer ouvir em pleno, vá à loja da UAE, em Benfica, onde um auditório tratado garante outros resultados.
Mas o coro de crianças soou espectacular: ‘we don’t need no education’, uma dupla negativa em inglês, cantada com sotaque de escola privada cara, que ironicamente prova o contrário.
Aliás, a espectacularidade acústica, aliada ao poder e à envergadura da imagem, é o que ressalta numa primeira audição. Para quem gosta de ‘large scale music’ não há substituto para um sistema capaz de ‘deslocar o ar’ na sala.
Sobretudo quando a conduzi-las está o Miguel Carvalho que gosta de carregar no pedal. ‘Another Brick in the Wall’, dos Pink Floyd, abanou as paredes e os ossos do meu vil esqueleto (felizmente o Miguel é ortopedista e, se fosse necessário, sabe voltar a pôr os ossos todos no lugar).
Contudo, as Kodo sabem adaptar-se bem à singeleza de uma voz ou de uma guitarra. Ou às exigências harmónicas da música barroca e ao dramatismo da grande ópera, como tive oportunidade de comprovar no Domingo de manhã, numa audição privada a níveis que respeitaram a santidade do dia. Amen.
Na outra sala actuaram à vez as Avantgarde Duo Mezzo e as GoldenEar Triton Reference, pautando-se estas como uma agradável surpresa.
O segundo sistema era composto por:
Integrado T+A PA3100HV
Power Supply T+A PS3000HV
Leitor SACD/Media Player T+A MP3100HV
Cabos Synergistic Research Galileo
As ‘cornetas’ ou se amam ou se odeiam. Meia-dúzia de watts é quanto basta para as fazer deitar tudo cá para fora. O som é projectado com enorme claridade e detalhe, sem aparente compressão dinâmica. Há uma coloração, que é típica das ‘cornetas’ e pode ser detectada nas vozes, por exemplo, que se perdoa em função da incrível presença.
Os instrumentos de sopro, sobretudo os metais, são reproduzidos com um realismo assombroso, assim como o ataque e poder das percussões.
Depois de ouvir as Avantgarde, as colunas convencionais aparecem soar abafadas, escuras e lentas.
Foi o caso das Triton Reference, integradas num sistema composto por:
Leitor SACD Accuphase DP-560
Integrado Accuphase E-470
Filtro Gigawatt PC-2SE
Cabos Synergistic Research Atmosphere Level 4
Rack Solidsteel
As Triton Reference deixaram-me, contudo, encantado por razões opostas às das Duo Mezzo, o que só prova que o som ‘absoluto’ é, afinal, muito relativo. Ao contrário destas, as Triton são do tipo ‘low profile’, com um som homogéneo, quente, doce, sem arestas vivas, quase fechado e introspectivo.
A diferença é que não exigem tanto de nós e podem ouvir-se durante horas. Ouvi, aliás, uma ‘Flauta Mágica’, que soou…mágica. Tão musical, tão natural que parecia…real.
Realidades há muitas, a cada um a sua.
Finalmente, A UAE mostrou a sua nova representação de auscultadores planar-magnéticos Mr. Speaker, com a seguinte electrónica associada:
Leitor SACD Luxman D-08u
Amplificador Headphones Luxman P-750u
Headphone Mr Speaker Ether Flow e Ether C Flow
Aurender N-100H
Dac/Head Amp Nuprime 10H
Headphone Mr Speaker AEON
A equipa da Ultimate Audio Elite está, pois, de parabéns pela iniciativa e pelo enorme esforço que significa montar todo este equipamento no Sheraton, num curto espaço de tempo e, mesmo assim, obter dele um bom resultado.