Audeze LCD-4z – a lenda de Z(orro) | Reviews Testes > Artigos

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Os auscultadores planar-magnéticos Audeze LCD-4z resistiram à passagem do tempo e mantêm-se hoje como o mais enigmático dos modelos da marca americana. Com a sua capa preta, os detalhes dourados e o ‘z’ no nome que os distingue dos LCD-4, continuam a encantar os audiófilos seis anos depois do lançamento.

Audeze (lê-se Audissey) é um símbolo de qualidade sem compromisso no mundo dos auscultadores planar-magnéticos (o som é produzido por uma membrana ultrafina) e o preço elevado dos LCD-4z (€4.899) é a consequência da simbiose de tecnologia avançada e carinho artesanal com que são fabricados na Califórnia, a 'La La Land' da música moderna americana.

O LCD-4z tem a inconfundível assinatura estética da Audeze: luxuosa, robusta e fabricada com paixão e razão. A versão ‘z’ é mais leve (560 g) que o LCD-4 original e foi o modelo de topo mais leve até ao lançamento do LCD-5 (420 g).

O peso das cápsulas em magnésio fundido está muito bem distribuído pela banda de cabeça, com suspensão em fibra de carbono e correia ventilada em pele; e as almofadas largas e profundas em pele são macias e confortáveis de usar durante horas. As hastes de ajuste em tom dourado e a grelha metálica cor de cobre conferem-lhe um estatuto de produto de luxo.

Dentro das cápsulas, escondido dos olhos, mas bem percetível aos ouvidos, está um conjunto magnético Fluxor duplo, com ímanes de neodímio de elevada potência, que controla um diafragma ultrafino, de espessura nanométrica (Uniforce de 106 mm).

Os Audeze LCD-4z transportam o ouvinte para a sala de concertos.

Otimização de impedância

No LCD-4z, o ‘z’ designa a ‘otimização de impedância’, especificando que este modelo tem uma impedância muito baixa (apenas 15 ohms), ao contrário do modelo LCD-4 (200 ohms). A baixa impedância e a elevada sensibilidade (98 dB/1mW) permitem ligá-los a qualquer fonte de música portátil, incluindo o telemóvel, e não exclusivamente a amplificadores de elevado ganho.

Esta foi a forma que a Audeze encontrou para ‘democratizar’ o notável som dos LCD-4, tornando-os mais versáteis e fáceis de alimentar na versão ‘z’ . Embora o peso de quase 600 g não aconselhe a fazer jogging, a maior flexibilidade de utilização é um fator decisivo de compra para muitos audiófilos jovens, que utilizam DAPs, como o excelente Astell&Kern SE300.

Os Audeze LCD-4z têm qualidade de som de estúdio.

A transparência, claridade e recuperação dos mais ínfimos pormenores na mistura, estão ao nível dos melhores electrostáticos.

O diabo está nos detalhes

No meu caso, o dongle GO Bar Kensei (com adaptador de Jack *) provou ser um notável interlocutor entre o meu Galaxy S23 e os LCD-4z. Claro que com o Diablo 2, ambos da iFI Audio, a música é outra. Utilizei também o Chord Hugo 2, com inegável sucesso, mas o Diablo 2 e o LCD-4z fazem um casamento mais feliz. O diabo está nos detalhes!...

*Nota: os LCD-4z foram amavelmente enviados pela Sarte Audio apenas com um cabo terminado com Jack de 6,5 mm, faltando as versões balanceadas XLR e Pentacon.

A nova assinatura acústica da Audeze

O ‘voicing’ de auscultadores é um dos maiores pomos de discórdia na família do áudio. Porque o binómio almofadas/ouvidos é tão caprichoso quanto o binómio sala/colunas. Assim como um par de colunas pode soar completamente diferente em salas diferentes; os mesmos auscultadores soam diferentes para pessoas diferentes. A variante de curva de Harman da Audeze devia ajudar a normalizar a resposta. Mas, mesmo assim, três críticos/ouvintes podem ter três opiniões diferentes sobre o som dos LCD-4z.

Até ao lançamento do LCD-4, a assinatura acústica da Audeze era famosa pelo grave enfático e demasiado cheio. O LCD-4 foi o ponto de viragem para um grave igualmente autoritário, mas mais seco e sem afetar os registos médio-graves, uma assinatura acústica que ganhou mais tarde o estatuto de ‘estúdio’ com os MM500, de Manny Marroquin.

A transparência, claridade e recuperação dos mais ínfimos pormenores na mistura, estão ao nível dos melhores eletrostáticos.

Por outro lado, os subgraves continuam lá, quando são necessários, como, por exemplo, na audição da música de Hans Zimmer.

Há quem prefira uma gama média mais presente para dar ênfase às vozes e ataque às guitarras. Mas isso pode ser cansativo a longo prazo. E eu acho que a voz de Dee Dee Bridgewater em ‘One Fine Thing’ está no ponto. Apesar da alegada depressão entre os 2 e os 5kHz, não senti falta de presença.

Os Audeze LCD-4z apresentam-se numa mala de viagem de plástico rígido (extra).

Um brilhozinho nos olhos

Por outro lado, a correta perceção dos agudos varia muito com a idade do ouvinte. Apesar da minha idade já adiantada, eu continuo sensível à qualidade e informação no agudo, que é fundamental para uma experiência mais imersiva e tridimensional. A dificuldade está em manter o equilíbrio entre a ‘doçura da pele’ e o ‘brilhozinho nos olhos’. Sim, estou a falar de 'Com um brilhozinho nos olhos' de Sérgio Godinho e da forma como os LCD-4z reproduzem a sibilância natural das vozes.

Apesar de a maioria dos planar-magnéticos apresentar um pico nos 8kHz, não me senti tentado a fazer uso de software de igualização, e aceitei-os tal como eles são. Mas pode experimentar, seguindo a minha sugestão na figura em baixo, ou outra ao seu gosto.

Tal como na lenda de Zorro, há nos Audeze LCD-4z magia e intemporalidade.

O palco sonoro pode não ser o mais amplo que eu já experimentei, mas a precisão da colocação de instrumentos e vozes é de tal ordem que nos permite ‘vê-los’ à nossa frente, mais do que apenas ‘pressentir’ a sua presença dentro e ao redor da cabeça.

Tal como na lenda de Zorro, há nos LCD-4z magia e classe intemporal. Se quer levar o palco sonoro cinematográfico consigo para todo o lado, como se fosse o cenário portátil de um filme americano, os Audeze LCD-4z são o seu bilhete VIP.