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O Audiolab 7000A é um amplificador integrado de apenas 1299 euros capaz de lidar com uma variedade de fontes digitais e analógicas. Mas são precisos dois para dançar o tango e poder assim usufruir das vantagens dos serviços de streaming. E o parceiro ideal é o leitor-de-rede 7000N-Play.
O Audiolab 7000A e o 7000N fazem parte de uma trilogia que também inclui o 7000CDT, um transporte de CD que serve sinais digitais ao 7000A a partir de suportes físicos, como o CD.
A Sarte Audio enviou-me gentilmente os dois primeiros para testar, mas não o 7000CDT. O 7000A é a estrela da companhia, pois o 7000N Play tem algumas idiossincrasias que limitam o seu desempenho e compatibilidade, em parte devido à aplicação DTS Play-Fi utilizada para navegar nos serviços de streaming: Tidal, Deezer, Qobuz, Amazon, Spotify, etc.
Evolução na continuidade
Em 2021, analisei o Audiolab 8300A, um amplificador integrado totalmente analógico que se destacava pela sua capacidade de controlar colunas exigentes com boa dinâmica e baixa distorção.
O 7000A é um modelo mais recente que adiciona uma secção digital e algumas funcionalidades extra, mantendo também um design analógico com excelente desempenho da autoria de Jan Ertner.
Potente e versátil
O 7000A é assim uma atualização do anterior modelo 6000A e apresenta algumas melhorias notáveis. Tem mais potência de saída, fornecendo 70 watts por canal a 8 ohms e 110 watts a 4 ohms, graças a um transformador toroidal de 250VA e condensadores com uma capacidade de 60.000uF.
Design inconfundível
O 7000A tem um design industrial elegante e sólido que segue a mais recente imagem corporativa da Audiolab. Possui um ecrã elíptico a cores, uma painel de alumínio e três botões de rotação/pressão com funções duplas: Seletor/Input para fontes, Mode para Menu/Input e Volume/Mute. O botão Mode permite-lhe selecionar várias opções, tais como upsampling, filtros digitais (cinco no total), equilíbrio entre canais, mas não tonalidade (agudos/graves), e opção por VU analógico ou digital (ver foto Menu em baixo).
O 7000A oferece ainda uma entrada HDMI ARC para receber sinais de áudio de um televisor, um amplificador de auscultadores especial que pode alimentar auscultadores com uma impedância de 20 a 600 ohms e um estágio Phono MM incorporado.
Ligue o N-Play ao 7000A por cabo coaxial para poder usufruir das vantagens do streaming MQA e da alta resolução.
Finalmente, o 7000A tem três entradas de linha analógicas, uma das quais pode ser configurada como saída pré ou sub, e um modo bypass que lhe permite funcionar apenas como amplificador de potência.
Bluetooth, MQA, DSD, Roon
O novo DAC ESS Sabre 9038Q2M suporta PCM até 32-bit/768kHz e DSD até DSD512 via USB. Além disso, tem duas entradas coaxiais e duas óticas que suportam PCM até 24 bits/192 kHz e um recetor Bluetooth 5.0 que suporta os codecs aptX e aptX LL. Outra característica que distingue o 7000A do seu antecessor é o descodificador MQA, que pode desdobrar ficheiros MQA de serviços de streaming como a TIDAL até à resolução máxima (352,8 kHz). O 7000A tem também certificação Roon Tested, assegurando uma integração perfeita com o software Roon para gestão e reprodução de música.
Menu do Audiolab 7000A: um brinquedo muito versátil.
Funcionamento suave
Utilizei o 7000A com um PC como fonte, executando o software Roon e JRiver, e um par de colunas Sf Concertino. O 7000A funcionou na perfeição e cumpriu (quase) todas as especificações, incluindo a certificação Roon. Descodificou MQA até 352,8 kHz, PCM até 786 kHz e DSD512 (com downsampling para 256). Ouvi uma variedade de géneros e formatos de música, desde clássica a jazz e ficheiros de alta resolução em PCM e DSD.
O Audiolab 7000A é compatível com DSD256.
Qualidade de som
O 7000A impressionou-me pela qualidade de som, com detalhe suave e equilíbrio geral homogéneo, sem perda de energia. Não terá um som particularmente dinâmico ou poderoso, leia-se brusco, porque é muito musical, sem qualquer aspereza ou distorção audível. Fez-me lembrar os Electrocompaniet e até os Densen, mas com um caráter ainda mais afável. Também possui um bom palco sonoro, criando uma experiência de audição convincente e realista.
Foi um prazer ouvir o 7000A durante períodos prolongados, com a potência disponível a ser mais do que suficiente para uso doméstico. E o DAC é tão bom que optei por ele em detrimento do DAC do Audiolab 7000 N-Play, especialmente no modo Upsampling (neste modo o filtro digital é fixo).
Audiolab 7000A+NPlay. São precisos dois para dançar o tango.
Audiolab 7000N Play
O N-Play não suporta Bluetooth, nem os formatos DSD e MQA, ao contrário do 7000A, que os descodifica através da entrada USB B. Por isso, precisei de ambos os dispositivos para testar toda a gama de fontes e formatos digitais que o 7000A suporta. Mas primeiro, é preciso ensiná-los a dançar o tango juntos.
O N-Play é um streamer com um DAC incorporado e controlo de volume que pode ser utilizado como fonte única de um sistema com apenas um par de colunas amplificadas, por exemplo. No entanto, preferi utilizá-lo apenas como "transporte de streaming digital".
Creio que foi assim que a Audiolab o concebeu: como par do excelente Audiolab 7000A, que é muito mais versátil em termos digitais, mas não tem funções de streaming.
DTS Play Fi: à esq. lista de serviços de streaming; ao centro, assinalado a vermelho o botão que ativa o modo Critical Listening; à dir. assinalado a vermelho o botão que ativa a função Transfer Playback.
Dar a volta ao DTS Play-Fi
O N-Play utiliza a aplicação DTS Play-Fi, que tem algumas incongruências: a resolução máxima predefinida é Red Book (44,1 kHz), e é apenas isso que vai obter, se não souber como ultrapassar esta limitação; com o Play-Fi, o fluxo digital (streaming) têm sempre de passar pelo telemóvel, o que também limita a qualidade do som.
Felizmente, há formas de ultrapassar estas limitações, o que não é explicado nos testes publicados no YouTube ou em revistas populares como a What HiFi? que se limitam a copiar as especificações, mas não verificam se/e como são cumpridas.
O N-Play faz streaming de MQA mas vai precisar do 7000A para o descodificar.
O N-Play tem voz própria, mas é a duo com o 7000A que consegue a melhor performance. Ligue-os por cabo coaxial* e, em seguida, faça a seguinte configuração na aplicação Play-Fi:
Nota: *A ligação USB entre os dois serve apenas para controlar o volume com um único controlo remoto.
O N-Play só transmite sinais de alta resolução via coaxial para o 7000A, quando a função Critical Listening está ativa (ver video em baixo)
Como configurar a app DTS Play Fi para alta resolução
- Ativar a função Transfer Playback para que o fluxo de dados digitais seja transmitido diretamente do router para o N-Play sem passar pelo telefone.
- Ativar o modo Critical Listening para que o N-Play transmita toda a informação codificada para o DAC do 7000A, tanto em termos de resolução (até 24 bits 192kHz) como de MQA (até 352,8kHz). Se não ativar este modo, os ficheiros de alta resolução vão ser reproduzidos apenas na resolução Red Book (44,1/48kHz).
Nota: É necessário ativar a função Transfer Playback sempre que mudar de álbum ou de lista de reprodução. O modo Critical Listening permanece sempre ativo uma vez ativado.
Isto pode ser um pouco confuso, mas criei um pequeno vídeo para lhe facilitar a vida.
Conclusão
O Audiolab 7000A leva uma forte recomendação do Hificlube.
Por 1299 euros, não vai ser fácil encontrar um amplificador integrado com um DAC que rivalize com a sua qualidade de som.
Por 699 euros, o Audiolab N-Play é um streamer relativamente barato, cujo desempenho é apenas limitado pelo DAC e, em certa medida, pela utilização da aplicação Play-Fi. Mas é possível contornar os problemas.
Com a configuração correta, a dupla Audiolab 7000A/N-Play pauta-se como uma solução muito interessante e acessível para quem procura um sistema de amplificador/DAC/streamer com um desempenho ao nível de sistemas mais caros.
Para mais informações: