A nova B&W 800 Series Diamond é apresentada, não como uma evolução, mas como uma revolução. A luxuosa brochura frisa mesmo o facto de terem sido feitas 868 alterações ou melhoramentos!
Ora, quem comprou um par de Diamond da anterior geração poderá ficar com a ideia errada de que as suas belas colunas 802D, por exemplo, têm 868 ‘defeitos’, que só foram corrigidos agora com as D3. E, sinceramente, não é o caso, embora as principais alterações ao nível da estrutura, dos materiais e dos altifalantes tenham feito subir em muito os ‘carates’ – e o preço! – dos diamantes.
Todas as alterações tiveram um único objectivo: eliminar colorações – das caixas e dos cones dos altifalantes, com a criação do novo Continuum de médios e a estrutura Aerofoil dos cones de graves. O tweeter de diamante manteve-se eterno como os diamantes.
O que mudou, sobretudo, foram os ‘habitáculos’: a nova cabeça de médios deixou de ser fabricada em Merlan e é agora de alumínio, tal como o ‘lágrima’ aerodinâmica que alberga o tweeter - um ‘naco’ sólido de alumínio totalmente inerte (quando percutida não vibra como a anterior), que é uma verdadeira arma de arremeso.
A caixa de graves em forma de U invertido é, por enquanto (será o alumínio integral o próximo passo da B&W?), fabricada em madeira natural multilaminada e prensada, reforçada com uma sólida placa de alumínio na parede traseira.
Como sempre acontece quando se eliminam ressonâncias mecânicas, melhora a performance microdinâmica, a focagem e estabilidade da imagem e o ‘decay’ natural dos sons mergulha num silêncio mais profundo e negro. E foi isso que ouvi sem surpresa – mas com prazer – na Viasonica, em Lisboa.
O meu primeiro contacto com as novas ‘D3’ deu-se recentemente em Paris (ver reportagem de Son&Image 2015, em Eventos). Num ‘show’, as condições de audição não são as melhores, nem o tempo disponível é suficiente para se ficar com uma opinião definitiva. Mas com a minha vasta experiência, é fácil abarcar o ‘grosso’ da performance numa simples audição.
Em Paris, fiquei com a sensação de que a integração médio/agudo das 805 D3 (são as que se ouvem no vídeo, e não as 802 D3) se revelou mais conseguida que a das 802 D3. Agora, em Lisboa, bastou ouvir alguns minutos as 804 D3, que são, no fundo, umas 805 D3 com mais graves, alimentadas por um Devialet 200, para essa sensação voltar, o que, apesar do preço elevado de, respectivamente, 9 e 6 mil euros o par, as torna num ‘Best Buy’, por comparação com as robustas 802 D3, (as 800 D3 ainda não foram lançadas).
É sempre mais fácil formar uma coligação a dois que a quatro, sobretudo quando é preciso combinar elementos com ‘ideologias’ tão diferentes como um par de ‘woofers’, um ‘médio’ e um ‘tweeter’, por muito doce que seja a sua voz…
Claro que não há comparação possível em termos de macrodinâmica, nem seria lógico quando se está a falar das 802 D3 que custam 22 mil euros o par. O trio do contrabaixista Renaud Garcia-Fons tem um poder, ataque e dinâmica que as 804 D3 não conseguiram igualar, e a que também não é alheio o facto de as 802 D3 terem a suportá-las um par de poderosos monoblocos McIntosh 1,2K, pois ambas as fontes são Esoteric, respectivamente o X07 e o K01x.
E o mesmo se pode dizer do semi-arco que a English Chamber Orchestra, dirigida por Raymond Leppard, forma por trás de Wynton Marsalis (e o timbre perfeito do seu trompete clássico, a lembrar-nos que foi assim que ele começou), com focagem precisa de todos os músicos num palco estável e bem iluminado, do álbum The London Concert, numa belíssima peça de Haydn; ou do timbre mais quente do trompete jazzístico de Roy Hargrove, em Whisper Not, do álbum Approaching Standards; o vozeirão de Mina Agossi a cantar ‘Money’, dos Pink Floyd (e se vai precisar dele para comprar as 802 D3), ou ainda perceber por que motivo Jacintha é uma das favoritas dos audiófilos; e apreciar também a textura tonal da voz negra de Shirley Horn, numa interpretação introspectiva de If You Go, do álbum You Won’t Forget Me.
Eu, que tenho acompanhado a evolução da B&W desde sempre (leia toda a história ilustrada deste longo percurso no teste da CM10 em Artigos Relacionados), embora haja agora um afastamento imcompreensível entre o distribuidor ibérico e o Hificlube, também não me vou esquecer das cerca de 3 horas de agradável audição, na companhia sempre simpática de José Filipe, no auditório da Viasonica, uma experiência que recomendo vivamente a todos os audiófilos, sobretudo aos amantes do duo McIntosh/B&W, enquanto é possível, pois, tanto quanto sei, as 802 D3 não vão actuar em Lisboa durante muito mais tempo. Mexam-se pela vossa saúde audiófila!...
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