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O D'Agostino MxV Integrated é uma fusão harmoniosa de luxo e pragmatismo. Inspirado no pré-amplificador Momentum HD e no amplificador MxV, esta criação de topo apresenta um design modular e uma App de controlo.
Recentemente, eu e o meu filho Pedro Henriques tivemos o privilégio de experimentar a sua notável sonoridade durante uma visita à Imacustica-Lisboa.
Apesar do preço elevado de 90.000 euros, que pode chegar aos 100.000 com os módulos Phono MM/MC e digital (streamer/DAC), não paguei um cêntimo para o ouvir na Imacustica, nem o leitor terá de pagar, pelo que o preço passa a ser um mero pormenor que só pode interessar a potenciais compradores.
São poucos os que possuem os meios financeiros, a motivação pessoal e a cultura audiófila para poder sucumbir à tentação de o comprar. Por isso vou antes concentrar-me na sua excecional construção e tecnologia que o identificam imediatamente como uma criação de Dan D'Agostino.
Na Imacustica, ouvimos a versão ‘simples’, ou de-linha se preferir, com controlo remoto, a alimentar um par de colunas Magico A5, tendo como acólitos um andar de Phono da EAT e um streamer/DAC dCS Rossini Apex. O gira-discos da EAT estava ainda em fase de afinação. Assim, ouvimos apenas uma ou duas faixas de um LP. Depois, por razões práticas, passámos ao streaming da Tidal, que nos deu música para várias horas.
Mas primeiro, deixem-me tentar descrever mais esta obra de arte da escuderia D’Agostino, embora, neste caso, as fotos lhe façam mais justiça que as palavras.
O calor do metal
O MxV desafia a ideia feita da frieza associada ao metal. A sua caixa de alumínio maquinado, adornada com incrustações de cobre, exala calor e é suave ao toque. O controlo tátil do volume é quase sensual, enquanto os olhos mergulham no mar turquesa do mostrador. O movimento quase impercetível da agulha do vuímetro só reforça ainda mais a noção de que a qualidade é mais importante que a quantidade, embora seja capaz de debitar 250W/8 Ohm e 500W/4 Ohm, a partir dos mesmos 28 transístores do modelo Relentless Epic 1600 monobloco.
Na base em alumínio que suporta com classe e elegância o MxV, alojam-se as fontes de alimentação independentes para o andar de prévio e os circuitos lógicos, destacando-se o enorme transformador de 2000VA, que transitou do amplificador Momentum M400 MxV, e uma bateria de condensadores com 60.000uF de capacidade.
Ao assentar sobre a base, o MxV estabelece também a ligação elétrica, por meio de uma ficha de 30-pinos, escondida num dos pés, tornando o conjunto uma peça bela e única. Felizmente, não vai precisar de andar com o MxV de um lado para o outro, pois pesa 51 Kg.
Sendo esta a versão ‘simples’, não foi possível experimentar os módulos de DAC, que permitem o streaming, a ligação externa via USB e a ligação à net via wifi, embora a App de controlo seja apenas compatível com iOS; nem o módulo Phono, que permite ajustes de 50,100, 200, 400, 1K e 47K, por meio de comutadores DIP internos.
Mas Dan D’Agostino é famoso pela tecnologia de amplificação, e é isso que leva alguém a comprar um amplificador seu, pelo que estou certo que o dCS Rossini Apex esteve à altura dos elevados pergaminhos do seu parceiro, embora nada se compare com a compatibilidade de uma única marca.
Já testei vários modelos Dan D’Agostino para o Hificlube e para a Hi-Fi News (1) (2) (3), assim a minha experiência permite-me arriscar definir o som em poucas palavras: poder democrático, por oposição ao poder autocrático dos Krell, com exceção do poder doce dos clássicos KSA 50 e 100 a ventoinhas.
À maneira da música
A Momentum Series de Dan D’Agostino desafia a antiga filosofia da Krell de "A música à minha maneira", adotando uma abordagem nova e mais democrática, cujo ênfase reside agora em "A música à sua maneira".
Esta filosofia permite que o MxV se adapte a todas as situações de forma consistente e coerente sem impor o seu caráter, ao contrário de muitos amplificadores (e políticos) que tentam manipular a realidade para servir os seus próprios interesses.
…o MxV limitou-se a ir na onda musical e a levar-nos felizes com ele…
Assim, o MxV passou do rock puro e duro de Lou Reed, em ‘Sweet Jane’, com a distorção crua das guitarras, e todo o impacto de um concerto ao vivo, para o lirismo feminino da neozelandesa Reb Fountain, em Don’ You Know Who I Am’, uma das favoritas de Pedro Henriques, e o MxV limitou-se a ir na onda musical e a levar-nos felizes com ele, sem nunca sentirmos que toca melhor este ou aquele tipo de música. Ou, como também cantou Alison Krauss, acompanhada pelo suave dedilhar de guitarras acústicas, "It Doesn't Matter".
O desempenho do MxV foi sempre impecável, respondendo de imediato a todos os géneros de música que tocámos. Independentemente do volume, manteve-se estável, seguro de si e, mais uma vez, sem falhas na transição entre a fluidez e a urgência dos violinos de La Voce Instrumentale, com Dmitri Sinkovsky no Concerto n.º 1 das Quatro Estações, e o imponente e dramático violoncelo de Jean-Guihen Queyras na Suite para Violoncelo BWV 1007 de Bach: I. Prelúdio. O MxV demonstrou assim ser tão virtuoso quanto os intérpretes que ouvimos.
As vozes, masculinas e femininas, soam soltas, presentes, reais, permitindo-nos seguir as letras, as inflexões e as dinâmicas, que distinguem os grandes intérpretes, pela forma como sabem manter os tempos da canção, como Eric Clapton, em Man Of The World mas também os novos cantores, que PH me dá a conhecer, como Aurora, em Murder Song, uma estranha canção de amor e crime.
Talvez por isso, os tenha escolhido para a banda sonora do vídeo que vos ofereço em baixo, como ‘amostra’ do que o MxV é capaz.
Mas nada como ouvir ‘ao vivo’. Vá à Imacustica, logo que possa porque, apesar do preço, o Dan D’Agostino MxV INT não vai ficar por lá muito tempo.
Nota: As duas amostras foram gravadas ao vivo na Imacustica diretamente das colunas Magico A5, com um gravador portátil Nagra SD, cortesia da Nagra/Ajasom.
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