A notícia da morte do LP foi, de facto, muito exagerada. Na Ajasom, a Mofi provou que ‘Dead Can Dance’…
Curioso como, nas últimas visitas regulares do Hificlube a distribuidores, o LP – embora não só o LP - foi o principal protagonista do som que se ouviu, como foi agora o caso na Ajasom:
No pequeno auditório da cave, onde também se fazem sessões de cinema em 4K, Nuno Cristina, o meu anfitrião, tinha montado um sistema ‘acessível’ pelos padrões audiófilos.
A notícia da morte do LP foi, de facto, muito exagerada. Na Ajasom, a Mofi provou que ‘Dead Can Dance’…
A principal vedeta era o Mofi Studiodeck+ que, já com braço e célula incluída – e pronto a servir com afinação de fábrica – tem um preço de 1 349,00 €, portanto nada de absurdo, se pensarmos que há células de 5 mil euros e mais.
A Mofi é a ‘segunda vida’ da famosa editora Mobile Fidelity que, nos tempos áureos da década de oitenta, produzia LPs de elevada qualidade a partir de ‘masters’ originais, e agora também se dedicou aos gira-discos para os pôr a rodar sem nos pôr a nós a cabeça-à-roda com o preço.
Com desgosto me recordo de ter posto à venda um gira-discos, um acto irreflectido da minha então precipitada transferência para o digital, e incluí ingenuamente no ‘pacote’ dois LPs ‘half speed mastering’ da MF, que hoje devem valer mil dólares: Crime of the Century, dos Supertramp; e Dark Side Of The Moon, dos Pink Floyd. Tenho as versões em CD também da MF, portanto da mesma matriz, e não há comparação possível.
Do sistema fazia ainda parte um par de colunas PMC Twenty5 23 (3 999,00€), alimentadas por um integrado PMC COR de 90W ch (novidade a 5 900,00€), estando a fonte digital a cargo da SOtM D/A SDP1000EX (conversor a 4200,00€) e SMS1000SQ (servidor a 4800,00€). Cablagem Kimber Ascent e acessórios Furutech.
Via streaming, ouviu-se a divina Anna Netrebko em Solveig’s Song; o pianista Ahmad Jamal, ao vivo, em Sometimes I feel like a Motherless; Quality Of Mercy, por Michelle Schocked, curiosamente sem misericórdia nenhuma, porque foi a única artista que me deu um cartão vermelho no You Tube, por ter ‘ousado’ utilizar um excerto desta faixa num vídeo que publiquei; Dylan em What Was it You Wanted, por ironia do destino do álbum Oh Mercy; e Peter Gabriel em Don’t Give Up (ao vivo) para nos dar alento e coragem.
O Mofi abriu a sua actuação com Zeca Afonso, Cantigas do Maio, e depois Nierika dos Dead Can Dance para provar que só morre quem desiste de lutar.
A qualidade do som digital e analógico era muito semelhante. No disco do Zeca notei algum ‘enchimento’ da gama média baixa, bem ao gosto da época, quando se ouvia música em electrodomésticos sonoros; os Dead Can Dance soaram tão limpos como em CD. Com ambos o ruído de superfície dos LPs era praticamente inexistente, assim como o rumble. O Mofi soou estável e sólido, um bom sinal a este nível de preço.
As PMC Twenty5 23 denunciaram a sua origem genética de linha-de-transmissão com o grave bem articulado e com profundidade q.b. tendo em conta o tamanho reduzido de um modelo 2-vias.
Aliás, veio-me logo à memória o som das Finestra, em Munique, o topo de gama da PMC (ver vídeo em cima).
No auditório principal, onde já ouvi grandes sons (ver em Artigos Relacionados no final do artigo), a coisa fiava mais fino, em todos os sentidos: no preço e também na performance, com mais informação e resolução e um salto quântico na dimensão da imagem, tanto no plano lateral como em profundidade, sobretudo com o LP dos Dead Can Dance (edição da Mobile Fidelity).
O sistema no auditório principal era composto por:
Fonte analógica – Giradiscos Mofi – Ultradeck + M (Combo de gira-discos Ultradeck e célula MM Mastertracker) 2199.00€
Unidade de phono – Remton Audio - LCR 4.250.00€
Foto sistema com coluna
Fonte digital: Hegel – Conversor D/A HD30 – 4800.00€
Servidor: Roon - Nucleus + – 2950.00€
Amplificador integrado Leben: CS600- 6490.00€
Colunas de Chão: Audiovector: Sr 3 Avantgarde Arrete – 9000.00€
Cablagem de sinal Kimber Kable – serie Select
Cablagem e acessórios de corrente – Furutech e Shunyata
Aqui a grande novidade era o Roon Nucleus+ que contudo apenas foi utilizado na função de Streamer, da Tidal, neste caso. A sua principal actividade enquanto Servidor vai ficar para segundas núpcias, pois é um produto que merece uma análise mais detalhada e com tempo.
Presentes na sala mas apenas em exibição estática, além da colecção McIntosh, um fabuloso gravador de estúdio Revox Studer e os Wadax Atlantis, com construção de cofre-forte, ambos a exigir uma nova visita para breve.
A Ajasom tem sempre a mesa posta para receber convivas, mas sugere-se a marcação prévia para os leitores que pretendam usufruir da mesma experiência que eu e atendimento personalizado – sem custos. E até pode levar os seus discos…
Para mais informações: AJASOM