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Um dos prazeres da crítica de áudio é assistir ao ‘parto’ de novos modelos em Munique, na confusão do HighEnd Show (vamos lá estar este ano pela última vez, antes da transferência para Viena de Áustria) e poder ouvi-los depois, com boas condições de acústica, em sessões privadas, com marcação prévia, no auditório da Ajasom, na Damaia.
O Hifi Rose RD160 é um dos últimos modelos a sair da escudaria Rose, uma marca coreana que tem surpreendido ao longo dos anos pela competência técnica e a estética original. Ao contrário do que acontece com a maior parte das marcas estabelecidas, a HiFi Rose consegue apresentar um design diferente para cada novo modelo sem perder a sua identidade:
Nota:
Ler os testes já publicados no Hificlube:
HiFi Rose RA180 – o importante é a rosa
HiFi Rose RS520 - um ramo de rosas
Quanto à qualidade do som, já há muito tempo que adotei o ‘som Rose’, tendo comprado para meu usufruto pessoal um RS520, cuja relação qualidade-preço é excelente. Ou, como dizem os anglo-saxões: I put my money where my mouth is, que é como quem diz, ponho o meu dinheiro naquilo que recomendo.
O modelo RD160 é um DAC/prévio balanceado com base num par de chips AK4191 e AK4499EX. Com suporte até 32bit 768 kHz PCM e DSD512, o RD160 permite aumentar a taxa de amostragem e oferece seis filtros digitais diferentes, ajustáveis facilmente no painel frontal, que é do tipo ‘stealth’, pois, mesmo quando ligado, surge discretamente por trás de um vidro fosco.
Para minimizar as vibrações causadoras de ruído, a caixa é fabricada a partir de um bloco sólido de alumínio, eliminando as juntas, e os dissipadores de calor estão colocados em ambos os lados, mantendo uma temperatura regulada mesmo durante o uso prolongado.
A arquitetura ROSE CIM™ isola completamente as partes digitais e analógicas, resultando numa melhor relação sinal-ruído (SNR), e a fonte de alimentação linear de ultra-baixo ruído, projetada para alimentar de forma independente as portas digitais e analógicas, minimiza a interferência entre estágios, aumentando a integridade do sinal.
Além da entrada de fontes compatíveis com USB ótica (como é o caso do RS130), o RD160 aceita a ligação de um relógio externo para uma ainda maior precisão no domínio do tempo. Nota: na audição utilizámos o relógio interno.
O RD160 pode ser ligado diretamente a um amplificador, dispensando o prévio, pois permite regular o nível de saída entre 1V e 9V.
Na audição na Ajasom, foi utilizado o seguinte sistema complementar:
- Streamer - Rose RS130
- Dac - Rose RD160
- Pre - McIntosh C12000 75th Anniversary
- Power - McIntosh MC1.25KW 75th Anniversary
- Colunas - PMC MBE SE
- Cabos de Sinal e Colunas - Kimber Select
- Cabos de Corrente - Shunyata Alpha, Sigma e Omega
- Cabos Digitais - SOtM
- Filtro de Corrente - Shunyata Denali 6000S
- Mesas – Bassocontinuo
Sessão de audição/gravação
Nota: por opção da Ajasom, o RD160 foi utilizado exclusivamente como DAC, ligado ao prévio McIntosh C12000 com cabos balanceados Kimber, tendo como fonte o Rose RS130 com ligação ótica. As colunas PMC MBE SE (linha-de-transmissão) foram alimentadas por um par de amplificadores McIntosh MC1.25W. Por trás das colunas podem ver os tubetraps transparentes Polifemo da Acustica Applicata.
Com Jorge Mendes aos comandos do streaming, ouvi música variada, de todos os géneros musicais, de que dou alguns exemplos, embora o leitor deva fazer a sua audição com uma seleção pessoal:
- Bass Solo, Manhã de Carnaval, Dizzy Gillespie & Friends
- Fables of Faubus, Charles Mingus
- The Build Up, Kins Of Convenience
- Trust, Ane Brun
- Sei de um Rio, Camané
- Avec Le Temps, Carlos do Carmo/Sasseti
- Catone In Utica, Se Mai Senti, Cecilia Bartoli,
- Sitting On the Dock Of the Bay, Sarah Bareilles
Impressões gerais da audição
Extrema resolução e claridade sem agressividade, recorte fino e fantástico ataque dinâmico das cordas baixas, presença e inteligibilidade das vozes, notável realismo dos instrumentos de sopro, timbres corretos e palco amplo e arejado.
Nota: Havia lido algures que o RD160 ‘sofria’ de uma ligeira ‘image vagueness’, alegadamente por motivo de jitter de muito baixa frequência (3Hz). Contudo, não tive dificuldade em colocar vozes e instrumentos no seu preciso lugar no palco, sempre de forma sólida.
Como prova, apresento-vos em baixo a gravação realizada in loco diretamente das PMC MBE SE que mostra bem a excelente focagem da voz de Sarah Bareilles, interpretando ‘Sitting On the Dock of The Bay’ ao vivo, acompanhada por um poderoso piano elétrico. E ainda a presença bem ‘viva’ do público que a acompanha e aplaude freneticamente e com alegria, com vozes e reações individuais bem definidas no espaço da pequena sala de concertos.
E, por ser verdade, assino por baixo, sem prejuízo da audição pessoal, que é essencial para uma boa decisão de compra (5.299€).