Ir à Imacustica, é como ir à farmácia: há lá de tudo, e encontramos sempre algo que faz bem às nossas angústias audiófilas. Saio de lá sempre melhor e mais feliz do que entrei. Passei a tarde com uma velha amiga - a Sasha – e trouxe comigo um Krell K-300i todo artilhado.
Tenho duas paixões: o áudio e a fotografia.
Na Imacústica-LX, posso dar largas à minha imaginação em ambos os campos. Assim, antes de me sentar em amena cavaqueira com o Manuel Dias e o Pedro Duarte, no Auditório 2, onde actuava o último par de Sasha 2 disponível, agora que as DAW as renderam no pódio de pesos-médios da equipa Wilson Audio, passei pelos outros auditórios para fazer audições breves e algumas fotografias (ver mais fotos na galeria em baixo):
Auditório 1
Auditório Principal
Normalmente, vou à Imacústica em busca de novidades, que as há sempre, como o novo PrimaLuna Evolution Series 400, ou o novíssimo Audio Research CD9 SE.
Mas desta vez tive também oportunidade de matar saudades das Sasha 2 e dos Audio Research Galileo Series Pre/150, que testei para a Hi-Fi News, embora com um par de colunas bem diferentes: as Sonus Faber Ex3ma.
Cinco anos se passaram
Passaram-se quase cinco anos, mas subscrevo tudo o que escrevi antes. Apesar dos avanços mais recentes na tecnologia de vácuo propostos pela Audio Research, a Galileo Series não perdeu o seu encanto – e valor! É a grande vantagem das válvulas sobre o digital: não sofre de obsolescência crónica, mesmo quando os modelos são descontinuados, como é o caso:
From the onset, the GS150 took immediate charge of all the musical proceedings with poise and aplomb, presence and control, exhibiting clarity, speed, and supreme resolution of instrumental and vocal textures.
With track after track, the ‘four elements’ were consistently present: ‘air’ (spaciousness), ‘water’ (liquidity), ‘fire’ (dynamics) and ‘earth’ (solidity and presence), whether with the complexity of Beethoven, the romanticism of Berlioz or Handel’s religiousness, depending on programme material. The same with Dylan’s raucity, Sinatra’s velvety crooning or Supertramp’s buoyant productions. I could go on and on, such is the versatility of the GS duo!
The GS150 is not only the finest sounding but also the most beautiful stereo amplifier Audio Research has ever built, which is saying a lot for a company that makes some of the best tube amplifiers in the world. The GSPre is the perfect partner both aesthetically and sonically, its beauty within matching the beauty without. Together they’ve restored my fading faith in vacuum tube technology!
JVH in Hifi-News January 2015
Nota: para ler o teste na íntegra, incluindo medidas de laboratório, clique aqui. To read the full review click here.
Quanto às Sasha, poucos terão como eu seguido tão de perto a sua gloriosa carreira, desde o dia em que o saudoso Dave Wilson me apresentou pessoalmente a versão original, em Munique, já lá vão 10 anos. A vantagem do Hificlube é que viajar no tempo está à distância de um clique, pelo que os leitores podem agora recordar o acontecimento vendo o video exclusivo acima.
Seguiu-se o teste, um dos mais completos que já publiquei – e o primeiro a nível mundial – que inclui poesia de Sophia e Pessoa e tudo, de que transcrevo um excerto:
A Sasha é a única W/P pela qual sou homem para me apaixonar. Consegue passar do pizzicato dos violinos à explosão massiva de uma grande orquestra sinfónica sem perder a compostura: sem compressão, sem dureza, sem agressividade. Continuam a ser as únicas colunas “domésticas” com capacidade para reproduzir a energia subjectiva de um concerto ao vivo.
As vozes e os instrumentos solistas são apresentados com recorte e definição, e o corpo e peso específico respectivo no tempo e no espaço.
Sorriem os violinos, choram os violoncelos, silvam os sopros, rasgam os metais, martelam os tambores. Tudo começa e acaba no tempo devido: sem overhang, sem arrastamento, sem ressonâncias espúrias e modulação intrusiva.
Nota: os leitores podem ler a crítica integral (em Português) aqui.
Wilson Audio Sasha DAW
Hélas, tudo o que possamos ter escrito sobre um par de colunas da Wilson Audio torna-se, mais cedo ou mais tarde, pouco, porque, se é verdade que a qualidade perdura sempre, há pequenas melhorias que ganham uma importância inaudita na evolução da performance acústica das versões que se seguiram, culminando recentemente nas DAW, que também testei para a Hifi-News, e de que transcrevo a conclusão:
Daryl Wilson homenageou o seu pai com o que certamente será a Sasha definitiva, pois esta versão DAW beneficia de tudo o que aprenderam com a Alexia S2. Com amor e respeito, ele foi ainda mais longe, e tornou-as tão transparentes e evanescentes como uma alma, embora elas precisem de cuidado com o equipamento associado e os cabos. Bem montadas e afinadas, elas são ‘o sonho sonhado pelos sonhadores’. O legado de Dave está em boas mãos.
Nota: os leitores interessados podem (re)ler a versão integral em Português aqui e abrir o pdf da review publicada na revista Hi-fi News March 2019 aqui.
Penitencio-me hoje por nunca ter testado formalmente as Sasha II. Mas não deixei de as ouvir com atenção e espírito crítico, tendo mesmo feito um curioso teste comparativo (incluindo gráficos de resposta em frequência), e concluído que:
A Sasha 2 não é apenas a melhor Watt-Puppy de sempre, é a coluna mais transparente e acusticamente coerente alguma vez produzida pela Wilson Audio! Não terá a escala dinâmica da XLF, Maxx ou Alexia, mas tem a “escola” e o “traço” inconfundível de Dave Wilson e a melhor relação preço-qualidade de todas as gamas da marca americana.
Passaram-se mais de 5 anos também. Mas, se estiver interessado no último par à venda de Sasha 2 - e nos últimos AR Galileo - tudo o que escrevi continua a ser verdade. A DAW está hoje no pódio que antes foi das Sasha 2, mas a relação preço-qualidade continua imbatível. Sobretudo agora, com um preço de fim-de-linha, que só torna as Sasha 2 ainda mais apetecíveis.
Nota: os leitores podem ler a reportagem integral aqui.
Este vídeo, registado no Auditório 2, no âmbito desta visita, foi publicado na página You Tube do Hificlube (não se esqueça de subscrever), com alguns excertos de audição, e contém no final um teste interessante: um comparativo do mesmo pequeno excerto de Ai Margarida, por Camané, primeiro tendo como fonte um CD reproduzido pelo Audio Research CD9SE, e depois a versão da Tidal via o Innuos Statement.
Atenção: o CD não foi ripado para o Innuos e a secção de DAC do 9SE foi utilizada em ambos os casos. No vídeo a diferença é mínima, como seria de esperar, depois dos tratos de polé a que o sinal é sujeito pelo algoritmo do You Tube.
Mas, ao vivo, o CD ganha em detalhe e transparência, e não é por uma simples unha negra, o que também seria de esperar de um leitor-CD de 15 mil euros!...
Parece que ainda não é desta que o streaming vai substituir o CD em aplicações highend. Isto digo, embora, neste preciso momento, esteja a ouvir Melody Gardot em… streaming MQA da Tidal.
Galeria fotográfica geral