Ouvi as novas Monitor Audio Studio pela primeira vez em Munique, também com amplificação Roksan, e, embora um auditório improvisado em contentor, instalado no meio do bulício próprio das ‘feiras’, não seja o ‘habitat’ ideal para o áudio de qualidade, fiquei bem impressionado com o resultado.
É verdade que notei que o som podia ter um pouco mais de estrutura e corpo, mas aos quesitos de transparência, dinâmica e ritmo, responderam com a dignidade possível dadas as circunstâncias.
Aproveitei na altura para fazer o vídeo publicado abaixo, que faz parte integrante da reportagem exclusiva sobre os produtos da Delaudio exibidos no High End 2018 (ver no vídeo as Studio em acção).
Nota: o som que se ouve foi captado com o microfone da minha Fuji XT2, ao contrário de outros em cuja captação utilizei um microfone/gravador digital portátil e, portanto, não é representativo da qualidade real, apenas ilustrativo.
Assim, aconselho os leitores a seguirem o meu exemplo, deslocando-se a Carnaxide para uma visita obrigatória à Delaudio, onde Delfim Yanez himself por certo vos proporcionará uma audição privada e uma tarde bem passada a ouvir as Studio – e não só, também as PL200 e 500 II – e a verdadeira ‘transformação alquímica’ do som de todas esta colunas com apenas uma pequena alteração ao nível do crossover (filtro divisor).
Delfim, o Feiticeiro de Oz
Delfim Yanez anda há tantos anos como eu (desde pelo menos os anos 80) em busca do Graal Sónico. Mas enquanto eu busco a coerência, o foco, a estrutura, a riqueza harmónica aliada à nuance dinâmica sem perda de capacidade macrodinâmica, ele busca o ‘tempo’, aquilo que o meu colega Martin Colloms designou por ‘pace&rythm’, e a influência exercida por ‘inocentes’ cabos e fichas – e também os relógios atómicos, estes no domínio digital (ver Artigos Relacionados no final do artigo).
Delfim Yanez anda há tantos anos como eu (desde pelo menos os anos 80) em busca do Graal Sónico...
Desta vez descobriu que uma pequena alteração no filtro divisor das colunas Monitor Audio– sem custos para o cliente e sem perda de garantia – pode elevar o som a um patamar tal, que já ninguém quer descer depois de ouvir.
Claro que a ‘transformação’, que consiste na simples substituição no filtro de um certo tipo de componente por outro de igual valor, só será feita a pedido do cliente, depois de uma audição comparativa.
Algo que, garanto, ninguém recusará depois de ser confrontado com o ‘antes’ e o ‘depois’, como eu fui recentemente na Delaudio.
Monitor Audio Studio
No fundo, as Studio são as PL500 II sem os módulos de graves. De forma inteligente, a Monitor Audio aproveitou as unidades e as tecnologias desenvolvidas para o ‘navio almirante’ e construiu um autêntico ‘submarino’ nuclear, por um preço na casa dos 1300 euros, que lhe vai permitir a ‘imersão’ sonora.
O tweeter MPD (Micro Pleated Diaphragm) de fita plissada, baseado no AMT (Air Motion Tweeter), é o mesmo, embora aqui com a extensão limitada aos 60kHz, assim como as unidades RDT (Rigid Diaphragm Technology) de médio-graves de 10 cm de alumínio reforçado com magnésio e capa cerâmica.
Os altifalantes são montados em configuração D’Apollito no painel frontal, dentro de uma moldura rígida em forma de oito, e apertados por trás com varas de extensão, portanto sem parafusos à vista, o que dá um aspecto elegante e limpo ao design.
A simetria mantém-se no painel traseiro com os bornes de ligação – de boa qualidade e banhados a ródio – montados no centro com as duplas ‘aberturas’ reflex em cima e em baixo para melhor controlo da turbulência.
Os suportes podem ser comprados em separado, mas as Studio, que têm 34 cm de altura podem ser colocadas numa prateleira ou estante, precisando apenas de 30 cm atrás para ‘respirar’.
A impedância nominal é de 4ohms - única forma de garantir um bom desempenho do grave num modelo tão compacto – e a sensibilidade baixa (86dB/1W/1m), pelo que se aconselha o casamento com transístores ou as variantes digitais. O ideal seria mesmo uma versão activa com controlo por DSP.
Tal como nasceram, as Studio são rápidas, coesas, com um grave bem tenso e ritmado, com razoável estrutura harmónica e baixa distorção. Não deslocam muito ar, mas isso já seria de esperar numa coluna tão compacta com esta.
Contudo, uma certa falta de corpo nos registos médios deixa o tweeter sem o devido acompanhamento tonal e a imagem perde consistência e torna-se vaga.
depois de ‘baptizadas’ por Delfim Yanez ganham corpo, foco, solidez e coesão geral, batendo-se com colunas do dobro de preço sem aumento de…preço!...
Daí, talvez, que a What- Hifi?, normalmente magnânima na atribuição de 5 estrelas aos modelos da Monitor Audio, não tenha ido além de três. Isto, digo eu, porque nunca as ouviram ‘transformadas’, como eu ouvi.
De facto, depois de ‘baptizadas’ por Delfim Yanez, ganham corpo, foco, solidez e coesão geral, batendo-se com colunas do dobro de preço sem aumento de…preço!
O que torna Portugal no único país onde elas mostram aquilo que realmente valem. E não vai ser por muito tempo, porque a Monitor Audio vai enviar um representante a Lisboa para ouvir e…crer!
Não, não se trata de uma ilusão acústica, porque a mesma ‘receita’ aplicada às PL300 II e PL500 II obtém tanto melhor resultado quanto mais se sobe na hierarquia. O som das 500, então, passou para, eh, mil!...
E, como sempre, Delfim Yanez não as ‘poupa’ tocando apenas discos ditos ‘audiófilos’ que até soam bem num rádio a pilhas. Vai aos mercados populares comprar CDs usados a 1 euro e dá-os a ‘comer’ ao sistema sem qualquer tratamento, alguns com som bem cru.
...este é o tipo de milagre em que só se acredita depois de…ouvir. Vá também ouvir para…crer!...
Assim, com as PL200 II, alimentadas por amplificação Plinius, ouvi ‘Little Wing’, de Stevie Ray Vaughan; a ‘Scherazade’, dirigida por Karajan; ‘If It Be Your Will’ pela voz gutural e densa de Leonard Cohen.
E com as PL500 II, alimentadas por um Pass INT250, tendo como fonte o novíssimo Esoteric K 01 Xs, ‘Madness in Great Ones’, de Duke Ellington (uau!, como se faziam gravações naturais e transparentes naquele tempo…); ‘Suzie Q’, pelos Credence Clearwater Revival (com a distorção e coloração nua e crua da época rock); uma ‘Salomé’, de Strauss, pela Cleveland Orchestra e Coro (e que coro!), fechando com ‘I’ve Got you Under My Skin’ e ‘A Case of You’ pela Krall ao vivo em Paris (o único ‘demo’ audiófilo).
Este é o tipo de milagre em que só se acredita depois de…ouvir. Vá também ouvir para…crer!