A NuForce é mais conhecida pelos seus amplificadores de Classe D (ver em Artigos Relacionados: Nuforce Simply Red, de 2006). Mas está bem cotada na área dos DAC, tendo o modelo Icon boa reputação no mercado. O µDAC-3 é uma miniatura simplificada do Icon (apenas com o botão de volume), que cabe na palma da mão e foi concebido para substituir com vantagem (melhor qualidade de som) as funções áudio do computador portátil sem sobrecarregar o utente, pois tem as dimensões de 7 x 4 x 2 cm e pouco mais pesa que uma caixa de fósforos, embora tenha um aspecto sólido.
A ligação ao computador faz-se por comunicação assíncrona, que reduz o jitter, via cabo micro-USB (igual ao do seu telemóvel, sempre é menos um cabo que tem de levar consigo em viagem). O Windows reconhece-o imediatamente, e fica pronto para reproduzir streaming ou ficheiros digitais PCM até 24-bit/96kHz com protocolo Wasapi. Contudo, se pretende reproduzir também ficheiros DSD, tem de fazer o download e instalar NuForce ASIO Driver.zip, disponível no site da NuForce.
Se utiliza o JRiver como Media Center não precisa de mais nada, e só tem de fazer a configuração habitual, que é muito simples. Caso contrário, a Nuforce disponibiliza gratuitamente também NuForce foobar plug-in package.zip. E dá-lhe todas as indicações necessárias para a reprodução de ficheiros DSD NuForce_foobar2000_DSD_playback_application_note.pdf.
Nota: se não domina bem as aplicações informáticas, peça ao Francisco da Luz e Som para fazer a instalação, pois a configuração é algo complexa e exige alguma atenção.
Além da função de conversor digital-analógico, o µDAC-3 tem a dupla função de amplificador de auscultadores, sendo compatível com impedâncias entre 16 e 300 ohms, e embora tenha sido naturalmente concebido para utilização prioritária com earphones, tem capacidade suficiente para alimentar auscultadores supraauriculares.
O potenciómetro de volume é um TOCOS, suave e com bom equilíbrio entre canais, mesmo no terço inferior, onde muitos claudicam. Como DAC, pode ainda ser utilizado via cabo coaxial ligado a um leitor-CD ou transporte. Do mesmo modo, as saídas analógicas RCA permitem ligá-lo a um prévio ou amplificador (coloque o potenciómetro na posição da 1 hora para garantir o ganho unitário entre 1,5 e 2V).
Audições
A primeira impressão não foi a melhor, admito. Soou-me algo nasalado. Agudo fechado, médios pouco transparentes e coloridos, tornando-se duros com a subida do volume, e algum nevoeiro digital no grave. Melhorou substancialmente ao fim de algumas horas. A Nuforce aconselha um mínimo de 10 horas a uma semana. Talvez não seja preciso tanto.
Nota-se que a NuForce tentou - e conseguiu - afiná-lo de forma a corrigir as habituais falhas das placas de áudio dos computadores com o habitual som fino, sem graves e agudo agressivo e, sobretudo, sem potência, não só no sentido de tocar alto mas de tocar forte, o que não é a mesma coisa. O µDAC-3 compensa bem todos estes pecadilhos informáticos, e é uma mais valia na relação desempenho/portabilidade para o spotifyer-viajante que gosta de ouvir música, sobretudo se for também jogador de video: os murros ganham punch e as explosões dramatismo.
Reproduzi sem problemas ou soluços todos os tipos de ficheiros digitais de alta resolução, utilizando o JRiver. Sempre que o ficheiro tinha resolução superior a 96kHz, o JRiver sugeria e efectuava o downsampling adaptado ao µDAC-3.
Aliás, a melhoria clara do som, tanto do streaming em MP3 da Spotify e do som dos jogos, indicia que o µDAC-3 também efectua o upsampling, neste caso, de todos sinais digitais para a sua frequência máxima de trabalho PCM 24-bit/96kHz.
Foi quando entrei na minha biblioteca de ficheiros DSD, e foi necessário instalar o Driver Asio, que o µDAC-3 mostrou o seu real valor. Embora, este driver não seja necessário para reproduzir PCM, o som melhora muito, pelo que se tem o JRiver (custa cerca de 50 dólares) aconselho a instalá-lo, mesmo que não disponha de ficheiros em DSD nativo.
De referir que, tendo o DSD64 (máximo possível) uma resolução equivalente a 176,4kHz, o downsampling para PCM 96kHz é automático.
Nota: The Icon DAC and uDAC-3 utilize the PC for DSD to PCM conversion for limited DSD support.
Nesta área, o µDAC-3 tem uma concorrência fortissima, incluindo modelos ainda mais pequenos, como o Dragonfly, da Audioquest; e outros ainda pouco maiores, como o iFI Nano DSD e o Explorer, da Meridian, todos de características audiófilas e já testados pelo Hificlube. Mas, por este preço (139 euros), é rara, senão mesmo caso único, a compatibilidade DSD.
Nota final: A E-Sistemas (aqui representada pela Luz e Som, pois foi Francisco Monteiro que me propôs a avaliação) enviou a acompanhar o µDAC-3 um par de auscultadores (in-ear) do tipo supositório, Nuforce NE750M, com excelente construção e design e um preço a condizer (119 euros!), mas vinham equipados apenas com um par de adaptadores auriculares, em vez dos seis pares de diferentes tamanhos que fazem parte do pacote original, pelo que não me foi possível utilizá-los de forma confortável e firme para poder pronunciar-me sobre o seu desempenho. Na avaliação, utilizei um par de Focal Spirit One e os excelentes Martin Logan Mikros 70 Reference já adaptados ao diâmetro dos meus orifícios auriculares.