Sou sincero, até ler a crítica de Ken Kessler aos auscultadores oBravo HAMT-1, publicada junto com o meu teste aos duo ARC GS Pre/150, na mesma edição da HiFi News, de Janeiro 2015, nem sabia que existiam, ou sequer que eram distribuidos pela Imacustica em Portugal.
Telefonei ao Manuel Dias que me disse: tenho cá um par, quer ouvir? Nem se pergunta, até porque, apesar de algumas diferenças de opinião e de razão, sempre tive confiança no bom gosto de Ken Kessler.
Diga-se o que se disser de Ken – e de mim, pois há uma empatia de décadas entre nós, tanto na forma de ouvir como na forma de escrever – ele sabe o que soa mal e o que soa bem e, como partidário declarado do 'subjectivismo', está-se borrifando para o que dizem os atestados laboratoriais.
Eu sou mais moderado, e entendo que as medidas têm um papel importante no cômputo geral da avaliação, embora não tão decisivo como os 'objectivistas' gostariam.
Nem tudo o que mede bem soa bem, nem tudo o que mede mal soa mal.
Depende muito do que se mede, como se mede e, sobretudo, como se interpreta o que se mede, porque também há muito subjectivismo na objectividade científica. É como na política e no desporto: cada facção ou claque vê o que quer, e não o que é óbvio para um observador isento.
A referida crítica não podia ser mais paradigmática e representativa do que acabo de dizer. Kessler escreveu, e eu tendo a concordar com ele: 'The lifelike and deep bass was chilling in its authenticity', terminando com o seguinte veredicto: 'Quirks aside, one of the most satisfying headphones you can buy'.
Por outro lado, Keith Howard escreveu no 'Lab Report': ...'a highly irregular performance for what is a very costly, albeit innovative headphone', referindo-se às características da impedância como 'idiossincráticas' e a resposta em frequência como, e cito, 'ainda pior'. Ufa!, esta é forte...
De facto, olhando apenas para o gráfico obtido por Howard, que mais parece uma montanha russa, mesmo sob pena de contradictio in adjecto, sou também aqui obrigado a concordar. Mais ainda quando eu próprio medi exactamente o mesmo! Mas estou a adiantar-me...
Se isto fosse economia (que não é uma ciência mas uma ideologia), ao analisar o gráfico, a Moody’s ou a Standard&Poor’s teriam considerado os oBravo HAMT-1 como 'lixo', e o preço pouco menos que especulativo: 1 890 euros!
A impedância declarada é de 56 ohms, quando abaixo de 30 seria o ideal, e, como acontece com todas as implementações híbridas, incluindo as colunas de som que utilizam dois tipos de transdução diferentes (Martin Logan, por exemplo, ou as próprias Heil AMT), varia muito com a frequência, sobretudo se a impedância da fonte for superior a 10 ohms. O que não é o caso do Hugo (0,075 ohms) e do iFI (<1 ohm) ou sequer do Meridian Explorer (0,47 ohms), os brinquedos que eu tinha aqui à mão.
Com impedâncias tão baixas, a variação é negligenciável. Claro que se eu quiser que o HAMT-1 fique mal no exame, basta-me utilizar uma fonte com uma impedância de 30 ohms ou superior como é o caso da saída para auscultadores do prévio McIntosh MC2200 com o qual os HAMT-1 não se dão nada bem: o som é baço, molenga e sem graça. Portanto, se os HAMT-1 não soarem bem, a culpa é muito provavelmente do mau casamento...
Como me ensinou um dia o Prof. Henrique Onofre: as medidas dependem mais do partis-pris de quem as mede que aquilo que se mede. Basta mover o microfone em relação ao eixo do altifalante para obter uma resposta completamente diferente.
A irregularidade visível da resposta não é necessariamente audível (e, de facto, não é), pois deve-se à captação pelo microfone dos reflexos secundários da estrutura interna da caixa (ver foto do interior), que são filtrados pelo binómio ouvido/cérebro. Neste caso, concordo mais com os ouvidos de Ken Kessler do que com o computador de Keith Howard.
Foi pois dividido e de coração apertado que parti para esta aventura, estribado na máxima camoneana de que 'experimentá-lo é melhor que julgá-lo'. Quanto ao leitor, peço-lhe que leia a análise deste auscultadores fechados de espírito aberto, e 'julgue-o apenas se não puder experimentá-lo'...
oBRAVO HAMT1: awe and schock
É isso mesmo: pavor e choque! A fotografia do HAMT-1 não nos prepara para o que vamos ver e ouvir. O primeiro choque é visual: senti-me voltar ao tempo em que com duas caixas-de-graxa grandes e um cordel de sapateiro bem esticado eu fazia um walkie-talkie artesanal para falar com as minhas tropas no quintal ao lado, que eram os filhos do vizinho.
O pavor foi quando os coloquei na cabeça, e me vi ao espelho! Parecia um instrumento de tortura futurista. Depois habituamo-nos ao conforto da camurça que nos afaga o alto da moleirinha, em vez de se apoiar à volta da cabeça, e as almofadas que nos envolvem completamente as orelhas.
Aliás, o som é muito melhor se conseguir 'encaixar' todo o pavilhão auricular sem o deformar dentro da almofada. Não deixe que a almofada se apoie sobre os lóbulos, deixando assim escapar música pelo espaço entreaberto, pois altera o equilíbrio tonal.
Facilmente vai perceber que o facto de serem articulados, ao ponto de se tornarem giroscópicos, permite um ajuste perfeito na colocação que, uma vez obtido, pode ser fixado por aperto dos parafusos de fixação das hastes extensíveis no comprimento, que não na largura. O aperto lateral é feito pelo ângulo das palhetas fllexíveis do suporte das hastes. Só se for muito cabeçudo ou tiver cabeça-de-ovo como o Poirot é que vai ter problemas...
Embora não sejam tão pesados como aparentam ser, pois são de alumínio e madeira leve, é impossível abstrairmo-nos de que os temos colocados na cabeça, tanto nós como quem olha para nós, e arregala os olhos de espanto. Estou a lembrar-me da cara do meu neto quando entrou no meu gabinete e me viu com eles colocados...
O cabo de ligação tem fichas iguais às utilizadas pelos Hifiman isodinâmicos, com aperto por porca-de-rosca, e podia ser um pouco mais longo. Ao colocá-los você é que decide qual é o canal direito e o esquerdo. Já as almofadas são amovíveis para limpeza ou substituição (demais até, pois soltam-se com facilidade).
Curiosamente, os HAMT-1 utilizam mini jacks de 3,5mm, pois não estou a vê-los ligados a iPhone para passear na rua...Mas é também fornecido um adaptador de 6,5mm.
As tampas de madeira aromática exibem o logotipo oBravo e podem ser abertas (seis parafusos) para permitir o acesso à caixa de ressonância e respectivo 'tuning' (já lá vamos).
AMT- Air Motion Transformer
O que os distingue da concorrência, além do design industrial e da construção metálica (fazem lembrar os Abyss), é a tecnologia de transdução utilizada.
Depois dos dinâmicos, electrostáticos e isodinâmicos, temos agora os híbridos: grave dinâmico e agudo AMT, numa configuração concêntrica. Há um modelo híbrido mais barato que utiliza um tweeter de ribbon, designado por HRIB-1.
A tecnologia AMT, concebida pelo Dr. Oskar Heil, é única, no engenho e na arte de reproduzir altas frequências de extraordinária pureza e total ausência de distorção. Basicamente, é um ribbon enrolado como um harmónio que, em vez de vibrar, abre e fecha como um acordeão, expulsando o ar entre as pregas com uma velocidade cinco vezes superior à de qualquer outro tipo de transdução conhecido: é assim mais rápido que os ribbons comuns e que as membranas electrostáticas ou isodinâmicas. Se quiser saber mais sobre esta tecnologia de transdução, leia o pdf em inglês no topo da página à direita.
Casamento heterosexual
Como sempre acontece nas opções híbridas, o problema principal reside no 'casamento' entre duas tecnologias de transdução tão distintas. Quando os ouvi pela primeira vez temi que houvesse um divórcio iminente: devido a excesso de grave, médios recuados e abafados e agudos tímidos. Oh, diabo!
Uma noite inteira a dieta de ruído rosa, tornou a vida do casal desavindo mais...cor-de-rosa. A conversa agora já era outra: mais agradável e inteligível. Parece que já se estavam a entender melhor. Continuou, contudo, a ser óbvio que era ele - altifalante de graves – que mandava lá em casa. O que era confirmado pelas medidas que obtive (ver gráficos no final do artigo).
Com as trovas do tempo que passa, acabaram por ser felizes – eles e eu.
Até aqui tinha utilizado o Chord Hugo como conselheiro matrimonial. Depois mudei para o IFI Micro DSD, que é menos sensível à impedância de 56 ohm e tem uma tensão de saída regulável, embora com 105dB de sensibilidade os HAMT-1 toquem alto com qualquer amplificador. E resultou: grave mais seco e controlado, embora ainda proeminente e autoritário com |enfase nos 100Hz, enquanto os médios ganharam presença e os agudos tornaram-se mais soltos e alegres.
Mas, apesar da precisão, do detalhe e da versatilidade e imbatível relação qualidade/preço do Micro, eu prefiro o som mais orgânico e encorpado do Hugo nas audições prolongadas, pois é mais relaxado e...relaxante. Talvez porque nem sempre é a resposta em frequência mas a resposta temporal que é mais importante para o prazer da audição.
Nota: ver gráficos em Laboratório do Hificlube
Dei depois uma voltinha com um Meridian Explorer 2 ainda verde, mas a experiência final vai ficar para segundas núpcias, quando tiver acesso a ficheiros codificados em MQA. Can’t wait, Bob!
Experimente você também vários amplificadores antes de se pronunciar sobre o desempenho dos HAMT-1. A Imacustica tem um leque interminável de opções à sua disposição.
Nota: O fabricante Stymax (de Taiwan) também comercializa o amplificador dedicado HAP-1 a baterias, que não está ainda disponível no nosso mercado.
Tuning kit
Foi quando abri a tampa de um dos auriculares que descobri as 3-saídas reflex, e pensei de imediato na possibilidade de 'tuning'. Bem dito, bem feito: com um pouco de plástico e fita isoladora comecei logo a fazer experiências. Ao princípio, optei por tapar duas das saídas.
Com o passar do tempo, o grave 'acamou' e mudei para uma tapada e duas abertas. Curioso como à medida que o 'casal' de tweeter AMT e grave dinâmico se apaixonava, o som precisava cada vez menos de 'tuning'. Até que cheguei finalmente à conclusão que não precisava de tuning nenhum...
Li depois algures que havia um 'tuning kit', que a Absolute Sounds me fez chegar, e desde aí tem sido um gozo alterar o equilíbrio tonal e o carácter e tensão do grave, colocando os três tipos de 'tampinhas' de silicone: fechadas e abertas com diferentes diâmetros, nos orifícios das saídas da boca do labirinto em miniatura.
Depois de várias tentativas:
- Três saídas tapadas com redutores fechados: graves mais tensos, com menos extensão, médios mais presentes mas pouco encorpados e agudos algo sibilantes:
- Três redutores abertos de diâmetro reduzido: bom equilíbrio tonal mas o grave perde autoridade e os médios ganham uma estranha artificialidade, uma espécie de silvo;
- Três redutores abertos de maior diâmetro: grave proeminente, médios carnudos mas com falta de integração natural com o agudo;
Nota: não devia haver diferença entre utilizar 3 redutores abertos (os com abertura de maior diâmetro) e manter as saídas reflex sem qualquer tipo de redutor, tal como os HAMT-1 vêm de fábrica. Contudo, os redutores têm cerca de 3 mm de altura, o que significa que há menos espaço entre a saída e a tampa (forrada a espuma no interior) para a radiação traseira respirar, o que altera o equilíbrio tonal tanto dos graves como dos médios (e até dos agudos!).
Nota: apenas a título de exemplo, uma das variantes de afinação do equilíbrio tonal (as combinações são múltiplas): na posição de meio-dia: redutor aberto; na posição de 5 horas: saída sem redutor; na posição de 7 horas: redutor fechado.
Paciência de relojoeiro
Finalmente, cheguei à falsa conclusão, como se provará, que o melhor resultado acústico obtido com o Hugo era o seguinte: uma saída tapada com redutor fechado e duas com redutores abertos de maior diâmetro.
O grave mantém a intensidade, poder e extensão e perde em peso o que ganha em tensão; os médios avançam ligeiramente, ganham ataque e presença e abundância de detalhe, e o que perdem em abertura e naturalidade é negligenciável; o agudo fica apenas um pouco mais explícito, sem perder a sublime doçura AMT. Obtive assim um equilíbrio tonal aparentemente perfeito para o Hugo.
Com o iFI Micro DSD e o Explorer 2 o som é um tudo nada mais seco em toda banda, mas excitante e com excelente ritmo; e o grave arrasa em termos de tensão, impacte, articulação e definição, perdendo para o Hugo em extensão, envolvência e naturalidade.
Se pretender um som mais quente e 'húmido' basta substituir o redutor integral por um aberto de diâmetro mínimo.
O 'tuning' exige alguma habilidade e paciência, além de uma pinça; e não deve ser feito de ânimo leve. A Imacustica tem técnicos habilitados para o apoiar, até estar satisfeito com os resultados. E lembre-se: se ao (re)aparafusar sentir resistência, a tampa não está bem colocada. Comece com apenas um parafuso, depois os outros e faça o ajuste final quando estiverem todos bem colocados.
Claro que ainda há a possibilidade de uma afinação da pendente e frequência de corte do filtro divisor, alterando os valores do condensador. Mas aí não vá o o sapateiro além da chinela. Embora eu tenha construído muitos filtros para colunas híbridas, esta era uma tarefa que deixava para o Guilhermino Pereira, da Imacústica.
E, quando já me preparava para publicar este texto, achei que devia dar uma nova oportunidade aos HAMT-1 de 'goelas' bem abertas, como vieram ao mundo, apesar da aparente resposta pouco linear. Porque a afinação por excesso, na busca da resposta ideal, também afecta (e de que maneira) o carácter da gama-média.
Conclusão: libertem oBravo, dêem-lhe rédea, deixem-no respirar!
Conclusão
E agora, de um fôlego só, assim mesmo, sem ordem ou critério, à bolina como eu gosto de os ouvir, navegando noite dentro, com texto corrido e sem pausas fotográficas, a minha opinião sobre estes extraordinários auscultadores híbridos começa a ganhar forma, depois de ter ouvido dezenas de faixas de discos de todos os géneros musicais:
Do Haydn, de Midori, aos fados de Mariza e aos diálogos de Carlos do Carmo com Bernardo Sassetti avec le temps que s'en va; da complexidade das misturas de estúdio dos Supertramp, que voltam a Portugal em Novembro: há muito tempo que não ouvia com redobrado prazer School, Breakfast In America ou You Win, You Loose (que espectáculo o pedal de bateria!); a Carmina, de Prévin, o Anel wagneriano de Solti, B.B. King e Tracy Chapman em The Thrill is Gone, Stacey Kent, ao despique com Diana Krall, em The best is yet to come...you think you've seen the sun but you ain't seen it shine...
Ora o mesmo se pode dizer sobre os HAMT-1. Se pensa que já ouviu música com auscultadores, o melhor está para vir...
Thriller sounds absolutely...thrilling!
Mas há um disco absolutamente indipensável para demonstrar os HAMT-1: Thriller, de Michael Jackson, 25Th Anniversary. Os diferentes tempos, ritmos e intensidade da percussão que variam ao longo das faixas têm o impacte físico, que só experimentamos com colunas de som de banda larga em espaço aberto.
Nunca ouvi uns auscultadores com este poder ao nível da percussão, uma afirmação igualmente válida para o instrumento percutivo por excelência: o piano. Um poder que é extensivo às bandas sonoras de filmes, sobretudo as que têm muito conteúdo de baixas frequências
Os HAMT-1 são auscultadores para audiófilos de barba rija que gostam de rock, pop e cinema, mas também para o melómano exigente que gosta de sentir o poder imenso de uma grande orquestra sinfónica.
Os HAMT-1 não alteraram as dimensões físicas relativas entre instrumentos ou vozes, porque o poder emana da energia do som, sobretudo do grave, e não do sobredimensionamento artificial da imagem. Assim, um quarteto de cordas não soa da corda e um quinteto de jazz não é uma mini big band frustrada.
Não há aqui o efeito bigger than life, apenas louder than usual, porque a total ausência de distorção convida a carregar no pedal.
Não há nada que se pareça com isto no mercado. São os únicos auscultadores que conseguem transmitir a sensação física – e não apenas auditiva – de estar a ouvir música com colunas de banda larga.
O grave é soberbo e exibe um incrível poder, extensão, solidez e autoridade; o agudo é sublime, puro e sem distorção; e o aparente ligeiro 'recuo' dos registos médios pode ser corrigido por tuning, se quiser cair no mesmo erro que eu numa avaliação inicial. Ao fim de umas semanas, vai concluir que não há 'recuo' coisa nenhuma, há apenas uma ilusão de espaço e profundidade que é rara em auscultadores fechados. Eu diria mesmo: única!
Se é um adepto ferveroso da insustentável leveza dos open back electrostáticos (Stax, Koss) e isodinâmicos (Audeze, Hifiman), os oBravo HAMT-1 poderão chocá-lo de início pela atitude de aparente brusquidão (não confundir com agressividade)
Por outro lado, depois de experimentar o poder do grave, é difícil passar sem ele. É aditivo, é quase uma droga. E com o AMT tem uma 'trip'musical garantida.
Se não tem dinheiro para os comprar, o melhor é não os ouvir nunca: pois vai ficar a 'bater mal' com a ressaca auditiva. Depois não diga que eu não avisei...
Laboratório do Hificlube
Keith Howard deve ter medido um par de HAMT-1 ainda verde, tal como se passou comigo. Daí à tentação de controlar o excesso de grave por meio de 'tuning' vai um pequeno passo e um grande erro. Porque ao controlar a tensão do grave, rouba-lhe a extensão e a respiração. Pior ainda: os registos médios perdem naturalidade e musicalidade e o agudo perde doçura. E todos eles perdem 'ar', afectando a reprodução da ambiência e o decay.
Pode e deve 'queimar' os HAMT-1 com longas horas de ruído rosa e música avulsa. Também pode - mas não deve - alterá-los com tuning, como provam os gráficos que se seguem e, o que é ainda mais importante: os meus ouvidos! Quanto aos seus, caro leitor, só você poderá dizer de sua justiça...
Comentário
Tal como Keith Howard, também eu medi uma montanha russa na resposta em frequência dos HAMT-1 acabados de chegar, embora já tivessem algum tempo de uso na Imacustica. Calculem agora como será à saída da caixa...
Lá está o cume nos 100Hz com um pico, que parece uma antena no alto de um monte, a indicar a frequência de ressonância do altifalante de graves, a depressão nos 300Hz e uma queda a partir dos 1 000Hz; e as irregularidades em pente nas altas frequências, às quais não se deve dar demasiada importância, pois os picos aos 5, 7, 9 e 11 kHz são de banda estreita e compensados por depressões intercaladas aos 6, 8, 10 e 12, resultando na audição numa resposta sensorialmente linear.
Em 'verde'. o problema residia sobretudo na longa extensão e nível excessivo do cume de graves entre os 20 e os 200Hz, que tornava o som pesado.
Nota: Estes testes são meramente ilustrativos. Sobretudo com auscultadores, o que se mede e o que se ouve podem ser coisas completamente diferentes, e não se deve dar demasiada importância ás irregularidades da resposta. Auscultadores com resposta 'flat' são bons para audimetria e não para audiofilia.
Comentário
Os HAMT-1 são sensíveis à impedância dos amplificadores. Reparem como a resposta com o iFI Micro DSD (sem qualquer tuning, tal como o do Hugo acima exposto) parece muito mais linear, o que não surpreende porque o Hugo foi optimizado no domínio temporal, daí a sua musicalidade intrínseca.
O cume aos 100Hz mantém-se, porque é característico dos HAMT-1 (é o que lhe dá o impacte percutivo), mas é agora muito mais estreito. Na audição, resulta num grave menos extenso e intenso mas mais tenso e impactante em termos de percussão.
Os registos médios perdem algum corpo e ganham discernimento e pormenor.
Comentário
Resposta dos HAMT-1 com o Hugo, após queima e utilização intensiva durante duas semanas, sem qualquer 'tuning'. Comparem com a resposta em 'verde'.
O grave mantém a extensão, mas agora com muito melhor articulação e a gama média está mais limpa e definida e o agudo ganhou suavidade acrescida.
A resposta é agora muito semelhante à do iFI com a vantagem da extensão do grave.
Efeitos do tuning no equilíbrio tonal
Em baixo, publico alguns gráficos (não todos) que ilustram o efeito da aplicação dos redutores nas saídas 'reflex' dos HAMT-1:
Conclusão
Nunca escolha a sua cara-metade apenas pela fotografia. Aprenda a viver com ela: escute-a, fale-lhe ao ouvido, elogie as virtudes e faça por esquecer os defeitos - e será feliz! E não a leve a passear sempre no mesmo carro, leia-se, DAC-headphone.
Quem vê caras não vê corações, e os HAMT-1 têm um coração do tamanho do mundo...