A lendária marca de colunas de som britânica PMC é agora distribuída em Portugal pela Ajasom.
A PMC é utilizada nos mais famosos estúdios de masterização de música e cinema em todo o mundo. No folheto que me foi enviado por Nuno Cristina, da Ajasom, pode ler-se que na masterização das bandas sonoras de filmes e séries como Titanic, Missão Impossível, Capitão Philips, Pearl Harbor, Homem Aranha, Piratas da Caraíbas e Game of Thrones, entre muitos outros, foram utilizados monitores PMC.
A marca foi criada em 1991, por Peter Thomas (BBC) e Adrian Loader (FWO Bauch), e o seu primeiro monitor de estúdio activo foi de imediato adoptado pela BBC. Com pergaminhos destes, não podia deixar de estar presente para uma audição privada, agora nos ‘estúdios’ da Ajasom – Damaia.
Aliás, eu sou também um estudioso da tecnologia ‘Transmission-Line’ no reforço de graves, tendo construído vários modelos híbridos electrostático/linha-de-transmissão no passado, com razoável sucesso (Bailey quarter wave). E a PMC utiliza o mesmo princípio mesmo nas suas monitoras de pequeno porte (ver vídeo), como é o caso da Twenty5 22, que tive oportunidade de ouvir, com alimentação Conrad-Johnson e fontes McIntosh e Innuos.
Ao contrário dos modelos ‘reflex’, cuja adaptação às salas é mais problemático, a linha-de –transmissão, que consiste num pequeno labirinto interno, é mais benigna na forma como reforça o grave.
A PMC baseia-se na mesma tecnologia utilizada no passado pela TDL, com quem troquei abundante correspondência. Contudo, o ‘labirinto’ aqui é ‘recheado’ com espuma de poliuretano, e não com lã natural, considerando a PMC que esta é menos linear no processo de absorção.
A nova tecnologia, designada por Advanced Transmission Line, tem a vantagem de ser mais consistente na resposta de frequência independentemente do nível sonoro (SPL), o que é fundamental para o trabalho de masterização, e garante que o ar no labirinto apenas reforça a última oitava e está na saída em fase com os altifalantes activos.
E como se portaram as pequenas Twenty5 22 (€3.490), no auditório da Damaia?
Muito bem. Não é só o grave que se assemelha ao reproduzido por colunas de maior porte, o agudo é extremamente informativo, e permite-nos ouvir os pormenores que fazem as delícias dos engenheiro de som e dos audiófilos, como as bolhas de saliva a rebentar nos lábios de Martirio, no álbum Primavera em Nueva York, acompanhada por um contrabaixo acústico cantante e um violoncelo ressonante. Eis uma faixa ao gosto das PMC, pois explora bem os extremos de frequência sem que agudos, graves e médios percam a sua autonomia, mantendo embora a solidariedade institucional no processo musical em curso.
Seguiu-se outro clássico audiófilo, também com elevado nível de detalhe, agora na voz de Diana Krall, cantando ‘A Case of You’ quasi a capella, ao vivo em Paris, com boa reprodução da ambiência e impressionante presença da cantora e definição das notas do piano.
Por falar em ambiência, o Magnificat, de Kim Andrè Andersen, soou magnífico, com boa reprodução da ambiência da catedral gótica e da relação espacial entre orquestra, coro e solista, muito bem focada, apesar da distância entre colunas, com o órgão ressoando em pano de fundo.
O mesmo se pode dizer do excelente equilíbrio entre orquestra e solista, nos concertos de Haydn, com o Stradivarius de Isabelle Faust a soar magnífico de detalhe, e a ‘resina’ do arco nas cordas bem reproduzida sem que o recorte fosse minimamente afectado pela presença das cordas graves e do cravo que propulsionam a magistral interpretação.
Como amostra do muito que se ouviu, deixo os leitores com Gregory Porter em ‘Painted on Canvas’, e sugiro uma visita com marcação ao auditório da Ajasom- Damaia, que fica sempre bem na fotografia....