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Reviews Testes

PrimaLuna EVO300 Hybrid Stereo Amplifier – A Geração Floyd

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Read full review in English here

 

Fui ouvir o amplificador EVO 300 Hybrid Stereo na Imacústica em Lisboa, tendo levado comigo as boas memórias auditivas da versão integrada deste amplificador. É gratificante ver como o passado se pode repetir no presente, criando uma ponte que promove um futuro sonoro ainda mais promissor.

O PL 300 Hybrid Integrated apresenta-se agora nas versões de amplificador stereo e mono. O circuito é o mesmo, só perdeu a função de pré-amplificador, logo o controle de volume. Agora é todo ele ‘Power’, tanto no sentido de amplificador de potência como no de ‘Poder’: são 100W por canal, que parecem 200W!

Com o advento dos ‘Streamers’ com andar de prévio, que podem ser ligados diretamente a um amplificador, os ‘Integrados’ perderam parte da sua ‘utilidade’ como ‘hubs’ de distribuição de som de várias fontes e a respectiva regulação de volume.

Apesar disso, o PL 300 Hybrid Integrated (7.425 €) foi e continua a ser um sucesso em Portugal. Admito, modestamente, que a minha análise terá tido alguma influência, porque o meu entusiasmo, bem patente no texto, é imediatamente óbvio para qualquer leitor.

Se ainda não o leu, sugiro que o faça, porque dificilmente conseguirei descrever a ‘Geração Floyd’ da forma como, então, o fiz. Aliás, admito já que vou transcrever partes da análise anterior, porque o circuito é o mesmo. E, embora num contexto diferente, voltei a sentir aquela sensação de ‘dicção perfeita’, que me agradou tanto na primeira vez que o ouvi.

O design do chassis e da grelha é clássica PrimaLuna.

O design do chassis e da grelha é clássica PrimaLuna.

‘One Night Stand’

É verdade que esta audição foi feita a convite de Manuel Dias, num dos auditórios da Imacustica-Lisboa, durante dois dias seguidos, enquanto o ‘Integrado’ viveu comigo durante um período prolongado.

Ora, convenhamos, aquilo que os americanos designam por ‘one night stand’ não é o mesmo que uma ‘união de facto’ — muito menos um ‘matrimónio’! Mas até num breve contato íntimo se pode conhecer o caráter de um produto, que pouco mudou, embora exiba mais músculo no controle do processo musical em curso, sobretudo na resposta de graves, mantendo a inacreditável ‘inteligibilidade’ e ataque transitório.

PrimaLuna EVO300 Hybrid Stereo: só falta a luminosidade quente das grandes válvulas de potência KT150.

PrimaLuna EVO300 Hybrid Stereo: só falta a luminosidade quente das grandes válvulas de potência KT150.

Debaixo do capot

Tal como o EVO300 Hybrid Integrated, o EVO300 Hybrid Stereo utiliza válvulas no andar de entrada e JFETs e MOSFETs no andar de potência. Sim, é verdade que se perde aquela auréola de luz incandescente e morna de poderosas válvulas de potência, que tanto encanta os entusiastas do vácuo, aqui substituída por discretos ‘LEDs’ vermelhos no interior (dispensáveis), mas não se perde o calor do som.

Claro que não dá o mesmo prazer de ouvir que um EVO400 com válvulas de potência KT150. Contudo, para quem quer ter o melhor de dois mundos, o EVO300 Hybrid Stereo aproxima-se do desiderato clássico do amplificador perfeito: o casamento da fluidez quente das válvulas com o poder dos transístores.

Seis duplos tríodos 12AU7: dois no andar de ganho e quatro (em vez dos habituais dois) no andar de saída para garantir uma impedância mais baixa e consentânea com o circuito de estado sólido.

Seis duplos tríodos 12AU7: dois no andar de ganho e quatro (em vez dos habituais dois) no andar de saída para garantir uma impedância mais baixa e consentânea com o circuito de estado sólido.

O circuito a válvulas do andar de entrada, da autoria de Marcel Croese (ex Goldmund), é o mesmo andar de ganho do Hybrid Integrated e usa duplos tríodos 12AU7 (da Psvane): dois no andar de ganho e quatro (em vez dos habituais dois) no andar de saída para garantir uma impedância mais baixa e consentânea com o circuito de estado sólido que se segue, reproduzindo, segundo a PrimaLuna, e cito: um som dinâmico, harmonicamente rico e de notável textura com um amplo palco sonoro.

Nos circuitos (duplo-mono) de estado sólido, da autoria de Jan de Groot, engenheiro-chefe da Floyd Designs, utilizam-se JFET (da Linear Systems) montados em cascata numa topologia Darlington, e dois pares complementares por canal de MOSFET Exicon (exclusivos) para garantir imunidade às variações de impedância das colunas e produzir 100 W/8 ohms (160 W/4 ohms). Mas a potência ‘subjetiva’ percebida é muito superior, apesar de o transformador toroidal do andar de potência ser apenas de 500VA, que graças ao circuito AC Offset Killer é totalmente silencioso – no hum. Os andares de válvulas utilizam toroidais independentes para cada canal.

As poucas (somente as indispensáveis) placas de circuito, com trilhas de cobre banhadas a ouro, têm o dobro da espessura habitual (2,4mm). De resto, todas as ligações são efetuadas ponto-a-ponto com soldadura manual.

Todos os componentes são da melhor qualidade: resistências Takman (2%); condensadores Nichicon, eletrolíticos de filme de alumínio fabricados por encomenda na Europa; e cabos de cobre suíços (DuRoch) de elevada pureza com dielétrico especial.

Auditório nr.1 da Imacustica - Lisboa. Sistema em audição composto por: fonte dCS Bartók, um prévio PrimaLuna EVO300PR e o amplificador EVO300 Hybrid Stereo/Design by Floyd que atacou um par de colunas Magico M2

Auditório nr.1 da Imacustica - Lisboa. Sistema em audição composto por: fonte dCS Bartók, um prévio PrimaLuna EVO300PR e o amplificador EVO300 Hybrid Stereo/Design by Floyd que atacou um par de colunas Magico M2

Audição na Imacustica

O sistema montado pela Imacustica, consistia numa fonte dCS Bartók, um prévio PrimaLuna EVO300PR e o amplificador EVO300 Hybrid Stereo/Design by Floyd que atacou um par de colunas Magico M2. É só fazer as contas: estamos, pois, na presença de um sistema de 80 mil euros! Tem de tocar bem…

Naveguei pelas ‘playlists’ da Imacustica na Qobuz e Tidal, e encontrei até uma lista do saudoso Luís Campos, de faixas que tantas vezes ouvimos juntos.

De iPAD na mão, naveguei pelas ‘playlists’ da Imacustica na Qobuz e Tidal, e encontrei até uma lista do saudoso Luís Campos, de faixas que tantas vezes ouvimos juntos. Quem me dera poder abraçar-te no outono, verão e primavera, amigo Luís, como canta a Mariza que tanto gostávamos de ouvir...

A ‘inteligibilidade vocal’ do EVO300 Hybrid Stereo está bem patente na forma como Mariza canta cada uma das sílabas da canção, variando o acento tónico ao ritmo da emoção.
Imacustica - Lisboa: perspetiva ampla do Auditório nr.1

Imacustica - Lisboa: perspetiva ampla do Auditório nr.1

Quem Me Dera, Mariza

Não é a melhor gravação da voz de Mariza (soa um pouco seca), mas a ‘inteligibilidade vocal’ do EVO300 Hybrid Stereo está bem patente na forma como Mariza canta cada uma das sílabas da canção, variando o acento tónico ao ritmo da emoção:

Quem me dera
Abraçar-te no outono, verão e primavera
Quiçá viver além uma quimera
Herdar a sorte e ganhar teu coração

É impossível ficar indiferente, mesmo para quem não fala português, porque o ritmo e a emoção são linguagens universais.

‘All About You’, Sophie Zelmani

Sophie Zelmani fala ‘em cima’ do microfone, balbuciando as palavras, soprando-as quase nos nossos ouvidos com uma sensualidade cativante. Aqui não é tanto como ela canta que importa, o que importa é o testemunho confessional de uma intimidade amorosa, aqui rasgada a golpes violentos e vibrantes de cordas de metal, revelando a incrível resposta a transitórios do amplificador (e das colunas Magico M2, sejamos justos):

It feeds my longing
To play for you
It feeds the sorrow
In it too

Concerto de Violino No. 1 em dó maior, Allegro moderato, de Haydn, Isabelle Faust

Já ouvi a faixa tantas vezes nas minhas análises auditivas que arrisco repetir também a descrição. Esta é a minha interpretação favorita do Concerto para Violino Nº 1 em dó maior, Allegro moderato, de Haydn.

Schloss Elmau Concert Hall, Baviera, Alemanha. (foto cortesia de Schloss Elmau)

Schloss Elmau Concert Hall, Baviera, Alemanha. (foto cortesia de Schloss Elmau)

Isabelle Faust, a solista, está de pé em frente à Orquestra de Câmara de Munique, dirigida por Christoph Poppen, ligeiramente à esquerda do centro.

É uma pequena sala de concertos, onde é possível ouvir o ar a vibrar à volta dos instrumentos, particularmente o Stradivari (1704) ‘Sleeping Beauty’ de Isabelle Faust, que surpreende pela autenticidade.

A atmosfera da Sala de Concertos Schloss Elmau, na Baviera, com teto de vigas de madeira e outros elementos da arquitetura alpina, que contribuem para a acústica excecional; e bem assim todo o contributo da Orquestra de Câmara de Munique, como que se corporizaram na sala de audição em Lisboa, como uma imagem holográfica de incrível realismo.

Para terem uma ideia mais objetiva do que fica dito, fiz uma gravação direta das Magico M2, no auditório 1 da Imacustica-Lisboa, com um gravador digital Nagra SD (cortesia da Ajasom) a 24/96, ilustrada com imagens de vídeo, numa tentativa de recriar o ambiente auditivo. Claro que não dispensa a sua audição pessoal.

Considerações finais

Mais um sucesso da escuderia neerlandesa PrimaLuna. A mesma qualidade de som do EVO300 Hybryd Integrated, mas agora ainda com mais controle sobre as colunas. Este é o amplificador perfeito para quem já tem um bom pré-amplificador ou ‘Streamer/DAC/Pre’ e precisa da potência dos transistores, mas continua ‘agarrado’ ao sortilégio das válvulas.

E pode ser configurado para funcionamento monofónico para quem precisa de um par para atacar colunas complicadas. O preço algo elevado de 7.990 € aceita-se sem reservas face à qualidade do produto. A última palavra é sua, como sempre, mas só depois de o ouvir na Imacustica.

Para mais informações, por favor contacte: IMACUSTICA

Imacustica FEV25 PrimaLuna 300H front cover

O design do chassis e da grelha é clássica PrimaLuna.

PrimaLuna EVO300 Hybrid Stereo: só falta a luminosidade quente das grandes válvulas de potência KT150.

Seis duplos tríodos 12AU7: dois no andar de ganho e quatro (em vez dos habituais dois) no andar de saída para garantir uma impedância mais baixa e consentânea com o circuito de estado sólido.

Auditório nr.1 da Imacustica - Lisboa. Sistema em audição composto por: fonte dCS Bartók, um prévio PrimaLuna EVO300PR e o amplificador EVO300 Hybrid Stereo/Design by Floyd que atacou um par de colunas Magico M2

Imacustica - Lisboa: perspetiva ampla do Auditório nr.1

Schloss Elmau Concert Hall, Baviera, Alemanha. (foto cortesia de Schloss Elmau)


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