A presente ‘amostra’ de Pro-Ject PreBox S2 Digital chegou-me às mãos já no final da época de transferências. As características técnicas e operacionais declaradas são de tal ordem - e o preço recomendado de 349 euros tão baixo - que eu me senti como aqueles ‘olheiros’ de futebol que descobrem um Messi num clube de bairro (até é pequenino como ele).
Ainda por cima, já tinha ganho duas taças internacionais: o de ‘Outstanding Product’ da Hi-Fi News, atribuído pelos meus colegas Cliff Joseph e Paul Miller (Hi-Fi News, Agosto 2017) e o da EISA, de cuja metodologia eu discordo, mas que, tal como a democracia, sendo o pior dos sistemas, ainda não há outro melhor.
Ao longo do ano irá, por certo, ganhar muitos outros. Mas para mim o que conta são os golos que marcou em campo, em competição com os seus pares da Chord, iFI e Meridian.
A PreBox S2 foi apresentada em Munique, no HighEnd 2017, e faz parte da vasta colecção de mais de 20 miniaturas da Pro-Ject. A ‘Pre Box S2’ parecia-me à partida ser apenas mais um dos muitos DAC-Pre+amplificador de auscultadores disponíveis no mercado. Contudo, tem algumas características que a distinguem da concorrência próxima, nomeadamente a compatibilidade MQA, a todas as frequências de amostragem!
É também, segundo o fabricante, compatível com DSD64, DSD128, DSD256 & DSD512 (DoP=DSD over PCM), o que, com excepção da ‘OctaSpeed’, já se vai tornando corriqueiro, mesmo a este nível de preço. O primeiro 'OctaSpeed' DAC foi o iFi DSD Micro, creio.
No entanto, se considerarmos que a Pre Box S2 oferece construção duplo-mono, com o mais recente ESS Sabre ESS9083 dual DAC, 7 filtros digitais comutáveis (Fast Rollof Slow Rollof Minimum Phase Fast Minimum Phase Slow Linear Apodizing Hybrid Filter Brickwall Filter ) + 1 designado ‘Optimal transient e sincronização centralizada de todos os osciladores internos para obter um nível de ‘jitter’ de 100 femto segundos (!), algo que só estou habituado e ver em modelos de 100 mil dólares, como o MSB Select, não admira que, logo em Munique, Paulo Cardoso me tenha apresentado as novas ‘caixinhas’ da Pro-Ject como a sua grande aposta para o ano de 2017.
Nota: os leitores podem abrir o pdf com todas as características e funções da Pre-Box S2 no final do artigo, assim como o manual e outra informação técnica.
‘Unpacking’
Além do baixíssimo nível de ‘jitter’ (Paul Miller mediu 10 picosegundos e não 100 femtosegundos, que me parecem inviáveis a este nível, mas mesmo assim é uma medição soberba), a notável relação qualidade-preço foi o que me causou maior surpresa.
Será fabricado na China? Não, embora a origem venha identificada como Vienna, Austria, é fabricado na República Checa e Eslováquia (UE, portanto), sendo o projecto original da autoria do checo-britânico John Westlake, que já trabalhou com a Cambridge e é também o autor do M-DAC, da Audiolab, e do amplificador digital Peachtree Nova 300.
Quando abri a caixa de papelão branco quase anónima, percebi que eles tinham de cortar em algum lado: cabos, nicles, nem analógicos, nem digitais, nem ópticos; adaptador para a única saída de jack 6,5 mm idem, manual ibidem, faça download do pdf se quiser. Traz um transformador para o ligar caso pretenda utilizá-lo só com ligação coaxial ou óptica (também o pode activar via USB na mesma ficha micro de 5V).
Com a ligação USB B não precisa de mais nada, uma vez que a ‘Pre Box S2’ não tem baterias internas, como os Chord e iFI, e funciona como um ‘dongle’ DAC a la Meridian Explorer. Liga-se, e pronto. Ou talvez não seja assim tão simples, como veremos adiante.
Ah, mas tem um controlo remoto muito maneirinho e elegante, com caixa e botões de alumínio, que funciona na perfeição e compensa bem o que está em falta. Nota: tem um custo adicional de 30 euros, hélas.
Nota: os modelos de produção final deverão, em princípio, ter uma embalagem diferente e mais acessórios.
A caixa é uma simples ‘manga’ de alumínio cortada ao tamanho e sem grandes preocupações de acabamento. Não tiveram sequer o cuidado de limar a área de corte (veja foto do painel traseiro). Mas o painel frontal é uma verdadeira miniatura de um prévio ‘a sério’. Com uma mini janela LCD, botão de volume, selector de fontes, comutador de filtros e um ‘Menu’ que, quando pressionado, faz surgir no ecrã em sequência:, Distortion Compensate Disable/Enable (desactiva/activa o compensador de distorção do ‘chip ESS), Audio Quality/User e SW Version.
O manual em pdf disponível na página da Pro-Ject refere que no menu Audio Quality/User é possível seleccionar Test/Best, sendo que o primeiro dá as melhores medidas de laboratório; e Best o melhor som, em princípio. Eu acho que as melhores medidas deviam corresponder também ao melhor som, mas pronto.
Em ambos os casos, o problema é descobrirmos como chegar lá, pois é preciso clicar primeiro na tecla menu, depois input e rodar o botão de volume. Atenção: rodar, pois se carregar no botão de volume faz ‘Mute’. Só lá cheguei à terceira tentativa, depois de descobrir também que Enable/Best se excluem mutuamente: se activar o compensador de distorção, só pode ouvir no modo Test.
O mistério do ‘driver’ desaparecido
No manual, pode ler-se que quem utiliza um Mac não precisa de instalar qualquer ‘driver’. Com ‘PC’ é preciso instalar um ‘ASIO driver’, e cito: * For Windows® operating systems an USB driver (supplied on CD) has to be installed.
Acontece que na caixa não vinha nenhum CD e o ‘driver’ não está disponível em lado nenhum na internet. Fui informado depois que este aparelho é o mesmo utilizado no teste da revista Audio, e que, provavelmente, o CD terá ficado por lá esquecido. Será? Curiosamente, do ‘pacote’ original não faz parte nenhum CD. A Audio terá tido mais sorte do que eu, pois recebeu a 'amostra' directamente do fabricante, segundo Paulo Cardoso...
Testar modelos de pré-produção tem destes inconvenientes. A não ser que se entenda o teste apenas como uma formalidade para poder concorrer a um prémio. Plenamente merecido, aliás.
Estou convencido que nos modelos de produção, que devem estar à venda em Outubro, esta questão já terá sido resolvida e o Asio driver será disponibilizado na página do produto do fabricante.
Nota: Paulo Cardoso enviou-me, entretanto, a seguinte informação adicional referente aos futuros modelos de produção final que resolve a questão:
‘If the customer has one of the latest Windows 10 builds he does not need to install the driver anymore, as it has USB Audio Codec 2 (which is capable of handling high res data). If the customer has an earlier version of Windows he will have to install the driver, it is included in the retail packaging.’
Logo que o liguei ao meu PC via USB B, tanto o Windows como o JRiver reconheceram a PreBox S2. Foi até possível reproduzir logo ficheiros a 44/192 - mas apenas com protocolo WASAPI. Daí para cima, nada. E muito menos DXD e DSD, pois isso só é possível com o protocolo ASIO. Talvez porque 44,1kHz é a frequência-base de todos os ficheiros MQA, independentemente da resolução do 'master', foi também possível reproduzir todos os ficheiros MQA da minha reduzida colecção de ‘downloads’. Contudo, com a Tidal-MQA não se mostrou compatível, para grande surpresa e desilusão minha.
Para a ‘Pre Box S2’ reproduzir DSD, com o Foobar tal como recomendado, é quase preciso tirar um curso de informática. Segui todos os passos indicados no final do manual e nada. Pedi ajuda ao meu filho que é um especialista. Conclusão: sem os tais ‘drivers’ nada feito. Contactámos a SupportView e a resposta foi imediata.
O indispensável ‘ASIO driver’ foi pedido ao fabricante e de imediato enviado via email. Et voilá! Agora já toca tudo, incluindo Tidal MAQ, a todas as frequências até 352kHz; DXD até 384kHz; PCM até 768kHz; mas DSD só até 256 via DoP.
É isso, embora a ‘Pre Box S2’ seja alegadamente compatível com DSD512, o Foobar recusa-se a reproduzir os ficheiros, indicando ‘Unrecoverable playback error: Sample rate not supported by this device’. O mesmo se passa com o JRiver, que me propõe abrir o ficheiro a 176kHz PCM. Talvez me esteja a falhar algo aqui. Na imprensa especializada, todos afirmam que faz DSD512. Mas creio que ninguém experimentou de facto, eles limitam-se a fazer copy paste dos press-releases, como sempre…
Nota importante:
Volto a frisar que este não é ainda um modelo de produção apenas de teste. Aliás, John Westlake comentou num fórum que os modelos de pré-produção, exclusivamente enviados para teste para cumprir as exigências da EISA, tinham algumas alterações, nomeadamente ao nível dos condensadores de polímero orgânico, que não são os mesmo utilizados no protótipo e nos modelos de produção. E passo a citar John Westlake:
‘Sadly the first production batch (and being reviewed) was manufactured without our approved components (Note the Pink / Silver organic capacitors) - and a few other changes. I brought this to Heinz attention and he's insured me that changes will be made and correct parts used in the future production’ in wwwpinkfishmedia.net
É, portanto, muito provável que os modelos de produção que serão, entretanto, postos à venda em Outubro, creio, sejam já compatíveis com DSD512.
Não que isso tenha muita importância, pois não há registos em DSD512 nativo. Os que existem são todos ficheiros áudio ‘upsamplados’ a partir de DSD256 ou até ‘red book’/44,1kHz. Eu, por exemplo, tenho um ficheiro áudio da Mariza a cantar ‘Promete, jura’ em DSD512 (prometo e juro!), que gostaria de ouvir também com a ‘Pre Box S2’.
Mas se alguém conseguir fazê-lo, que me explique como, e eu publico de imediato a correcção aqui. Pelo menos com o Foobar recomendado e o JRiver não parece ser possível. Talvez com o Roon com o qual também é compatível, mas está pouco divulgado na Europa ainda.
Nota: os mesmos ficheiros DSD512 são reproduzidos tanto pelo Chord Hugo II como o iFi Micro DSD com JRiver, portanto ou trata-se de um erro de configuração que não consegui resolver; ou, volto a referir, deve-se ao facto de não ser um modelo final de produção.
JRiver em vez Foobar
Agora a boa notícia. Se tem o J.River instalado, não precisa da enorme complicação de instalar e configurar o Foobar para reproduzir DSD: só de ler o manual com todos passos da configuração vai ficar confuso. Nota: pdf do manual com as instruções disponível no final do artigo.
De facto, embora não seja referido pela Pro-Ject no manual, a ‘Pre Box S2’ também é compatível com o J.River para reproduzir até DSD256. Só tem de activar o modo DoP (DSD over PCM), pois não reproduz DSD nativo. Tanto no Foobar como no JRiver tem de configurar o Asio buffer para o máximo de 8192 samples.
A grande novidade – e grande mais valia – da PreBox S2 é a compatibilidade com todo o tipo de ficheiros MQA
A principal novidade – e grande mais valia – da PreBox S2 é a compatibilidade com todo o tipo de ficheiros MQA, incluindo os que nos chegam via ‘streaming’ da Tidal. Testar este aparelho sem sequer ouvir ficheiros MQA ou 'streaming' MQA da Tidal é passar ao lado do verdadeiro objectivo deste modelo. Atenção: ‘full MQA unfold’ (até 352kHz) e não apenas parcial como já é possível com o ‘software’ da própria Tidal (até 96kHz) e o Explorer V2 (até 192kHz).
O led azul acende-se para certificar que estamos a ouvir um ‘master’ e surge a indicação na janela da frequência de amostragem da gravação original, que pode ir de 44,1kHz a 352kHz, no caso das gravações da editora 2L. A maior parte das centenas de álbuns MQA já disponíveis na Tidal são, no entanto, a 48, 96 e 192kHz.
Nota: para ouvir os ‘Masters’ em MQA da Tidal com a PreBox S2, além de precisar de uma assinatura Premium (Hifi) tem de configurar a Tidal, seguindo estes passos: Settings, Streaming, HiFi/Master, seleccione Pre Box S2 (ou o nome que lhe tiver atribuído nos Playback Devices do Windows; o default é Speakers), clica na roda dentada à direita, clica em Exclusive Mode e Passthrough MQA (Force Volume desactiva-se automaticamente). Depois, é só seleccionar um álbum do catálogo Masters (M). Et Voilá! O led azul acende-se e aparece a frequência de amostragem nativa, que pode ir até 352kHz (editora 2L). Ou apenas 44,1kHz, no caso do álbum ‘Lemonade’, da Beyoncé, por exemplo. O excelente ‘The Nightfly’ é a 48kHz, mas os álbuns do Bowie são todos a 192kHz. A lista é vasta e pode até comparar as versões HiFi e Master-MQA do mesmo disco.
A possibilidade de ouvir ‘masters’ digitais em muito alta resolução via ‘streaming’ sem ter de pagar 20 ou 30 dólares por um simples ‘download’ é o futuro tornado realidade hoje pela Tidal, e só por si justifica a compra da PreBox S2 e a assinatura da Tidal/HiFi.
A possibilidade de ouvir ‘masters’ digitais em muito alta resolução via ‘streaming’ sem ter de pagar 20 ou 30 dólares por um simples ‘download’ é o futuro tornado realidade hoje pela Tidal
Mas se já tem ‘downloads’ de ficheiros áudio em MQA (a 2L disponibiliza amostras gratuitas em MQA, além de DSD e DXD). Os ficheiros MQA - ao contrário dos DSD e DXD - podem ser reproduzi-los com qualquer Media Player disponível na net, como o Groove, por exemplo, que é de borla, sem precisar do Foobar (grátis mas complicado de configurar) ou do JRiver (50 dólares), pois o ficheiro MQA é enviado a 44,1kHz e só depois é ‘desembrulhado’ pelo DAC para a frequência original, como se fosse um ‘origami’ (aquelas figuras japonesas feitas de papel dobrado). Pense num ficheiro ‘zippado’ para facilitar o envio, do qual se extrai depois um ficheiro maior.
Crítica comparativa
Introdução
Para mim teria sido muito mais fácil publicar um teste curto, com uma primeira parte, na qual se reproduz o press-release por outras palavras, quando não mesmo ‘ipsis verbis’ (a vantagem de escrever em inglês, por exemplo), ou traduzido, sem sequer ter a preocupação de confirmar se o que se escreve corresponde à realidade; e uma segunda parte com a descrição do que se ouviu e como se ouviu. Para os leitores também, pois não teriam perdido tanto tempo.
Acontece que, neste caso, quem comprar a Pre Box S2 vai precisar de mais que uma simples opinião para o pôr a funcionar e conseguir tirar dele todas as vantagens que oferece. É a esses que dedico a primeira parte do teste, porque só com o manual ou os testes publicados até agora não vão a lado nenhum. Os outros podem começar a ler a partir daqui se o que pretendem é apenas saber o que eu ‘achei’.
E o que eu ‘achei’ foi o seguinte: a Pro-Ject PreBox S2 Digital, cujo preço recomendado é de 349 euros, não tem, neste momento (no digital um ano corresponde a um século), concorrente no mercado, se analisado com base no trinómio preço-versatilidade-performance.
Não é perfeito, como vimos trata-se de um modelo de pré-produção, mas tem mais virtudes que defeitos. Nem é o melhor, em termos de qualidade absoluta de som, nem seria de esperar que fosse, contra concorrentes cinco vezes mais caros como o Hugo II. Mas é o mais completo.
Posto isto, vamos ouvi-lo. E compará-lo com a concorrência.
Configuração
Dou um doce a quem provar que distingue -4.4 dB aos 45kHz, ou mesmo 3.4dB de ‘treble roll-off’ aos 20kHz, como é o caso do filtro ‘Optimal Transient’.
Além da configuração de software, já longamente referida e analisada, podemos configurar o som da ‘Pre Box S2’ a partir do Menu, seleccionando Audio Quality Best, ou Test+Compensate Distortion/Enable. Embora a diferença audível seja mínima, experimente ambas. Atenção: Best+Enable não é possível.
O mesmo se passa com os filtros que afectam sobretudo o comportamento das altas frequências, o que, no caso dos ficheiros HD, se passa muito para lá da banda áudio.
Dou um doce a quem provar que distingue -4.4 dB aos 45kHz, ou mesmo -3.4dB de ‘treble roll-off’ aos 20kHz, como é o caso do filtro ‘Optimal Transient’.
De acordo com o meu colega Paul Miller, com quem colaboro regularmente na Hifi News, o filtro ‘Hybrid’ é o que tem a pendente mais pronunciada (-12.5 db/20kHz), uma atenuação considerável, logo potencialmente audível.
Mas com auscultadores, cuja resposta começa a cair aos 12kHz, até isso pode ser pouco significativo. E não há seres humanos com capacidade para ouvir sinais de 20kHz (nos testes de audiometria os otorrinos não passam dos 8kHz por alguma razão) a não ser jovens e mulheres saudáveis em idade de procriar. Será que posso dizer isto, ou estou a pôr em causa a igualdade de género?
Os filtros ‘Apodising’ e ‘Minimum Phase Fast’ são os que têm a resposta mais linear e melhor filtragem de ruído e optei por eles com áudio em qualidade CD (44,1kHz). De resto, com PCM-HD o ‘Optimal Transient’, pareceu-me uma opção mais correcta e esqueci o assunto, pois a diferença - a ser audível - é tão subtil que não apostava a minha vida num teste cego. Se Paul Miller não tivesse medido as diferenças, eu era capaz de jurar que não existiam. Aliás, com DSD e MQA os filtros não funcionam mesmo. Apenas com LPCM.
Audição: a magia do MQA
Ninguém vai comprar este DAC apenas para ouvir CDs e ficheiros áudio com resoluções de 44,1 a 192kHz. A própria Support View tem soluções mais baratas e mais ‘portáteis’ (a ‘Pre Box S2’ é mais do tipo ‘transportável’: 400 gramas), como o excelente Cambridge Magic XS, que até é parcialmente compatível com DSD e DXD, embora reproduzidos como PCM 176,4kHz com o JRiver
Claro que cumpre também essa nobre função com garbo e competência. Mas o que o diferencia – e justifica a compra – é ser MQA-ready, além de DSD256 via Dop e PCM 384 (o máximo nativo que tenho na minha colecção de áudio). Melhor ainda: o ‘streaming’ MQA-Tidal.
Nota: DSD512 não reproduz, mas PCM768 reproduz sem problema, embora os ficheiros tenham sido obtidos por ‘upsampling’. Veja a galeria de fotos que prova que eu ‘fui lá’, ao cume do Everest digital, ao contrário dos que se limitam a dizer que faz isto e aquilo sem confirmar.
Assim, abri logo a matar com o Allegro, do Concerto para violino de ‘Mozart em ré maior’ da 2L, nas versões DXD352, DSD128, MQA-2L e MQA Tidal. Teoricamente deviam soar todas iguais. De facto o DXD352 original soa melhor, seguindo-se o DSD128. Mas o MQA e o MQA-Tidal (ambos a 352 kHz) soam mais…analógicos! Talvez menos definidos, com menos transparência, porque a gama-média do MQA é mais encorpada, como no LP, mas com excelente estrutura harmónica e mais correcção no domínio temporal.
Estamos a falar de comparar ficheiros de 98Mb (MQA), 760Mb (DXD) e 750Mb (DSD128). Isto para uma única faixa! O disco todo vai para a casa dos Gigabytes. É esta capacidade de comprimir sem perda e mantendo a resolução original que torna o MQA tão revolucionário. E a diferença no som é mínima no ‘streaming’ HD com apenas um soluço aqui e ali…
Para confirmar o melhor desempenho do MQA no domínio temporal, comparei ‘Lemonade’, de Beyoncé, nas versões Tidal Hifi/Master (MQA). São ambas a 44,1kHz, portanto a resolução é a mesma. Uma vez mais o MQA ganha por KO técnico: o nível tem de ser corrigido, porque é diferente, mas o MQA tem mais ritmo e mais corpo, mais ‘meat-to-the-bone’, o que, no caso da Beyoncé vem bem a propósito…
Seguiu-se ‘The Nightfly’, de Donald Fagen, também em MQA (48kHz). Foi como se voltasse a ouvir o LP décadas depois. A mesma estrutura, equilíbrio tonal e cadência sincopada, e a voz de Fagen tal como me lembro dela. E já que estava numa de saudosismo, ‘Another Page’, de Christopher Cross (MQA-192kHz). Música um pouco xaroposa, admito, mas com uma produção luxuriante.
E foi quando me preparava para declarar o MQA o vencedor da noite, que resolvi ouvir o ‘Rondo – Finale da 5ª Sinfonia de Mahler’ por Ivan Fischer e Budapest Festival Orchestra, registado directamente em DSD256 nativo, seguindo-se a banda de Freddie Hubbard em PCM384kHz (amavelmente cedido por um audiófilo japonês).
Estão ambos numa categoria à parte, mas o DSD256 é de outra galáxia, onde não há o mínimo resquício de digitalite e a transparência e resolução ganham outra dimensão. E isto via DoP!...
O som é de uma maneira geral leve, claro e transparente, de muito baixo jitter; de ‘bolha’ fina com um ligeiro ‘piquinho’ no agudo apenas patente com auscultadores como os Hifiman HE1000, mas não com os Pryma; o grave é solto, ritmado, ágil e tenso; a gama-média é informativa e neutra, talvez um pouco seca.
Que esta sessão tenha sido possível com um modelo de pré-produção da Pro-Ject Prebox S2 Digital, um DAC-pre/headphone amp de 349 euros, era um sonho impossível ainda o ano passado, o que não cessa de me surpreender.
Comparação
O Chord Hugo 2 é de outro campeonato, em termos de qualidade de som e de potência (é preciso puxar o volume do ‘S2’ quase ao limite (entre -10 e 0) para alimentar auscultadores do tipo planar magnéticos como os Hifiman HE1000. Talvez com uma ajuda da Head Box S2 digital, que é uma outra solução da Pro-Ject para alimentar auscultadores difíceis como os planar magnéticos. O Hugo 2 custa 5 x mais. Faz DSD512 nativo mas não é compatível com MQA.
O Chord Mojo idem, embora seja bem mais portátil e trate o PCM e DSD (Dop/DSD256) por tu, quanto a MQA nicles. Aliás, Robert Watts, da Chord, considera que o MQA é um logro. Olhe que não doutor, olhe que não...
Ibidem para o iFI DSD Micro, cujo preço é semelhante, tem potência para dar e vender e converte tudo o que a musa antiga e actual cantam, incluindo DSD512 nativo, tudo menos MQA.
O Meridian Explorer V2 é o mais barato e o mais portátil, é compatível com MQA (unfold up to 192kHz) mas não com DSD.
Nota: abrir testes de todos estes equipamentos nos Artigos Relacionados no final da página.
Conclusão
Logo que recebam os modelos de produção, vou propor à Support View um contrato de empréstimo com opção de compra, como se faz no futebol, para reforçar a minha equipa de DACs. Encomende já o seu também.
If MQA (and Tidal-MQA) is your ‘thing’, don’t think twice it’s all right!
Para mais informações:
Galeria de fotos com tipos de filtragem digital