Antes de falarmos na nova ‘wizkid’ da Pro-Ject Audio, a Stream Box S2, cujas potencialidades são, no mínimo, espantosas, se considerarmos o preço de 299 euros (já com o IVA incluído!), permitam-me voltar a um lugar onde já fui feliz. Refiro-me à Pre-Box S2 Digital (clique no nome para ler o teste integral que é o mais completo e informativo que já publiquei no Hificlube).
Quando a testei, ainda em formato de pré-produção, chamei a atenção para alguns aspectos menos positivos, que estão agora resolvidos nos modelos de produção, já à venda na OnOff e na Imacústica.
Comecemos pela embalagem, que apresenta agora uma manga (ver foto) de cartão com excelente design, foto do respectivo produto e toda a informação sobre funções e especificações, incluindo a compatibilidade DSD, Roon e MQA e, ainda, o EISA Award Best Product 2017/2018 (eu não dizia?...). E, claro, o indispensável CD com a Asio driver, sem a qual não pode reproduzir DSD, embora tenha havido quem conseguisse esse milagre, really!? (leia o teste aqui que vale a pena).
A verdade é que, quando fiz o primeiro teste, mesmo depois de instalada a Asio Driver, entretanto fornecida pela Support View, a Box não reproduzia DSD512, nem mesmo via DOP. Pois, agora reproduz tudo na perfeição, incluindo DSD512 nativo (ver foto) – e parece que DSD1024...
Outro aspecto referido era o da não-utilização, no modelo de pré-produção, dos condensadores de polímero orgânico, exigidos por John Westlake (o projectista) para o seu protótipo. Pois, essa questão também já foi resolvida, segundo o fabricante. * Ver nota
…o que já era um ‘Best Buy’ passou a ser um ‘Must Buy’: a Pro-Ject Box S2 Digital, por 349 euros, não tem concorrência. Ponto.
E a qualidade do som melhorou em conformidade, incluindo a do andar de saída para auscultadores que subiu na qualidade - mas parece ter baixado na potência (?).
* Nota: não foi possível verificar a utilização dos referidos condensadores, porque os parafusos da caixa estão tão apertados que tive receio de os danificar...
Assim, o que já era um ‘Best Buy’ passou a ser um ‘Must Buy’: a Pro-Ject Box S2 Digital, por 349 euros, não tem concorrência. Ponto. Só lhe falta a função de Streamer, e é aqui que entra a Stream Box S2 Ultra (clique no nome para ler o teste completo).
Stream Box S2 Ultra
Quando testei o modelo de pré-produção (a foto em cima é do modelo final de produção à venda por 749 euros), chamei a atenção para as discrepâncias no design e lettering da caixa, que era diferente da imagem publicada no site da Pro-Ject.
Esta caixa já está mais próxima dessa imagem. Com uma diferença: tem ainda mais orifícios de ventilação, algo que eu já tinha referido como necessário, pois a caixa do modelo de pré-produção era fechada, e o circuito aquece bastante.
Tudo o que publiquei no teste (ler aqui) se confirma agora, por excesso, pois dispondo desta vez da Pre Box S2 Digital, de quem é a parceira natural, foi possível tirar dela o máximo partido, nomeadamente ouvir MQA/Tidal a 352kHz/24 bit. E a App Pro-Ject Play funciona agora também sem problemas, embora a da ‘S2’ seja melhor (ver abaixo).
Contudo, mantenho que o preço de 749 euros é um pouco elevado pelos padrões a que a Pro-Ject nos habituou para as suas miniaturas, sobretudo por se tratar apenas de uma Streamer Bridge (sem DAC nem andar de prévio ou saída para auscultadores), apesar da inegável qualidade do conjunto S2 Ultra/S2 Digital (na foto anterior), que bate o pé a modelos highend de preço estapafúrdio – e nem sempre funcionam melhor...
A Pro-Ject também deve ter percebido isso, porque lançou agora a Stream Box S2, uma HiRes streamer, com DAC já incluído, pelo preço de 299 euros. E não, não é fabricada na China...
Pro-Ject Stream Box S2
A ‘S2’ foi pensada para quem já tem um sistema de amplificador/colunas convencional e pretende ‘adicionar’ a vertente ‘streaming’ por um preço acessível, embora se possa ligá-la directamente a um simples par de colunas activas (com amplificação integrada) via saída variável com um cabo jack 3,5/ dupla RCA, controlando-se o volume na App. Se preferir pode ligar a ‘S2’ via Toslink (cabo óptico) a um DAC externo, circunstância em que reproduz tudo até 192kHz mas faz downsampling para 44,1kHz. Acima disso continua a reproduzir mas soa como um LP a tocar abaixo das 33 r.p.m. Contudo, com um DAC interno com jitter tão baixo, não vejo necessidade de utilizar um DAC externo..
Nota: um leitor chamou-me a atenção por eu não ter referido a funcionalidade USB. De facto, pode ligar na entrada USB uma pen ou disco rígido (ou SSB), e depois abrir o conteúdo na App em 'My Music/Minha Música/USB Disk. Se tem um NAS, a ligação terá de ser feita por cabo de rede, através do router.
Como é óbvio, sendo uma Stream Box, a ‘S2’ tem de ser ligada à rede por cabo ou por WiFi, sendo as funções controladas pela App. Com cabo, o som é melhor, como seria de esperar: tem menos grão. Mas não creio que o utilizador comum vá notar alguma diferença.
Diferença – e mais óbvia – deve haver (e há) entre o conjunto S2 Digital/S2 Ultra e a S2, o que tem toda a lógica comercial, pois o duo é muito mais caro. O som do duo é mais bem estruturado e tem menos grão. Duvido é que, sem termo de comparação, oiça algum grão com a ‘S2’, tão fino ele é. Nota: a 'S2' soa bem melhor depois de algum tempo de 'queima' e 'aquecimento'.
…a ‘S2’ tem um DAC 24/192 integrado compatível com WAV, ALAC, FLAC,MP3, APE e AAC…
De facto, ao contrário da mais sofisticada (e cara) ‘Ultra S2’, a ‘S2’ tem apenas um DAC 24/192 integrado compatível com WAV, ALAC, FLAC,MP3, APE e AAC. Claro que tem outras limitações, perfeitamente aceitáveis a este nível de preço: não é compatível com DSD, DXD e MQA, por exemplo. Você, caro leitor, é que tem de se perguntar se isso é importante para si, e lhe faz realmente falta. Por exemplo: quantos ficheiros DSD e DXD possui? Ou: subscreve a assinatura mais cara da Tidal, sem a qual não tem acesso ao MQA?...Se a resposta é não, fica bem servido com a 'S2'.
A verdade é que a maior parte do pessoal está interessada é na Spotify e na Tidal (ou AirPlay) e a ‘S2’ oferece-lhe tudo isso e ainda a TuneIn: um universo vastíssimo de rádios digitais de todo o mundo e em todas as línguas, incluindo Aborígene, Akan, Bashkir, Bengali, Cingalês, Divohi, Khmer, Mongol, Pashto, Suaíli, para nomear algumas das mais exóticas, incluindo todas as línguas mais faladas e, claro, o Português, das nacionais (do Brasil também) às regionais e temáticas (música, debate, desporto), algumas de que nunca tinha ouvido falar, como ‘Rádio Vitrola’ ou ‘Rádio Lágrima Psicodélica’ (juro!). Algumas são fraquinhas, pois fazem streaming MP3 a 96Kbits/s, mas também as há a 320Kbit/s.
… a Pro-Ject é um projecto de futuro e com futuro, que fabrica produtos que estão ao alcance de todos…
É curioso como, embora a língua da locução seja multicultural, a língua da música é em grande parte monocultural: anglosaxónica, sempre com indicação do disco que estamos a ouvir. Até em países muçulmanos se ouve música do 'grande Satã'...
Há também casos em que a música é regional e a locução em inglês. Enfim, todo um mundo desconhecido a descobrir com o polegar e uma App, que funciona bem melhor que a da ‘S2 Ultra’ (não percebo porque não utilizam esta App para ambas). E tudo isto por apenas 299 euros!
...a Series 2 é um verdadeiro trio de ataque digital da Support View no mercado nacional...
E ainda tem uma entrada para pendrives para poder ouvir os seus ficheiros em todos os formatos já referidos. Ou seja, a Series 2 é um verdadeiro trio de ataque digital da Support View no mercado nacional.
E a Pro-Ject Stream Box S2 é muito provavelmente a pechincha do ano audiófilo 2018. JVH dixit.
Nota: dedicado a todos os leitores que desesperam com o preço estratosférico dos equipamentos que testo.
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