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Rotel A8 – Regresso às Origens

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Na era digital, de 'streamers' inteligentes, DACs de última geração e ‘interfaces’ gráficas que parecem saídas de uma nave espacial, a Rotel apresenta-nos uma alternativa simplista: o A8.

O A8 é um amplificador integrado puro‑sangue analógico, de clara inspiração nipónica, mas montado na fábrica da Rotel, em Zhuhai, China, para poder manter os custos de produção e o preço baixo: 470€.

Sim, o A8 não tem DAC, nem Bluetooth, nem ecrã a cores. Não faz ‘streaming’, nem responde a comandos de voz. Em vez disso, oferece um circuito de amplificação de topologia clássica em Classe AB, uma fonte de alimentação com transformador toroidal silencioso — fabricado pela própria Rotel — e uns honestos 30W por canal (8 ohms), que se revelam mais musculados do que os números indicam, e sem distorção, desde que não exija ao A8 pressão sonora de concerto ao vivo, exceto se o ligar a colunas de corneta de elevada sensibilidade.

No final do dia, o que conta é o som, não a ficha técnica, como nos bons velhos tempos.

O anel de LED é configurável: azul, verde, vermelho ou púrpura – uma discreta excentricidade num design sóbrio.

O anel de LED é configurável: azul, verde, vermelho ou púrpura – uma discreta excentricidade num design sóbrio.

Minimalismo funcional

O design é austero, mas elegante (slimline) e o A8 pesa menos de 6kg. A única concessão ao digital é o anel LED personalizável (pode optar por várias cores) do botão de volume central, que domina o painel frontal de alumínio escovado e está ladeado por botões físicos que controlam fontes, graves, agudos e balanço. Sim, o A8 tem controlos de tonalidade. Ninguém é obrigado a usá-los, mas estão lá para o que der e vier. Uma vez por outra, temperei com um pingo de baixo, e gostei do que ouvi.

O botão de volume é de rotação infinita, o que significa que, afinal, sempre é suportado por um circuito lógico — no melhor pano cai a nódoa.

Na traseira, encontramos três entradas de linha RCA, uma entrada phono MM e os terminais de coluna. Nada de entradas digitais — o purismo analógico aqui é dogma.

Na traseira, encontramos três entradas de linha RCA, uma entrada phono MM e os terminais de coluna. Nada de entradas digitais — o purismo analógico aqui é dogma.

Na traseira, encontramos três entradas de linha RCA, uma entrada phono MM e os terminais de coluna. Nada de entradas digitais — o purismo analógico aqui é dogma.

Quem quiser ouvir música digital que o faça com um leitor ou streamer com DAC externo.

Streaming à parte

Foi o que fiz, tendo ligado o A8 a um prévio/streamer Bluesound Node Icon (o ‘streaming’ é tão prático, que não resisti) e depois liguei-o em alternância democrática a um par de Sonus faber Concertino G4 ou a umas surpreendentes Nordic Audio Radiant Acoustics 4.2, que, sendo bem pequenas, não são propriamente pêra-doce para alimentar e soam como colunas-de-chão.

Nada de truques ou disfarces

A construção é sólida, com componentes de qualidade montados num interior espaçoso e bem organizado, onde se destacam o transformador bem isolado e o dissipador do calor gerado pelos transístores de saída. Não há aqui truques nem disfarces.

O A8 é aquilo que é e não pretende ser outra coisa: um amplificador integrado de baixa potência em Classe AB, barato, bem construído, com um ‘design’ e som à antiga, livre de digitalite, que se ouve durante horas.

O A8 é feliz com colunas eficientes e fontes analógicas puras – como convém a quem vive século XXI com um pé ainda no séc. XX.

O A8 é feliz com colunas eficientes e fontes analógicas puras – como convém a quem vive século XXI com um pé ainda no séc. XX.

Expressividade e contenção

De facto, o interior e o exterior podem ser discretos, mas o desempenho sonoro é tudo menos modesto, tendo em conta a potência declarada e o preço. O A8 revelou-se um verdadeiro mestre da expressividade contida. Há nele uma espécie de disciplina japonesa – rigor, equilíbrio, clareza – mas também um certo romantismo analógico.

O grave é seco, bem definido, com inesperada autoridade. A gama média é o seu território natural: vozes femininas surgem com corpo e presença. Já os agudos são delicados e refinados, sem arestas vivas. Tudo soa integrado, orgânico, coeso. Uma boa surpresa, sem dúvida.

A imagem estereofónica é bem focada, o palco é estável, sem erros de perspetiva. Não há aqui efabulações nem pirotecnia tímbrica. O A8 diz a verdade — mas fá-lo com elegância e discrição.

Não utilizei a secção de Phono, sorry, mas a saída para auscultadores cumpriu sem deslumbrar.

Há no A8 uma espécie de disciplina japonesa – rigor, equilíbrio, clareza – mas também um certo romantismo analógico.

O A8 não tenta agradar a todos. Apenas a quem souber escutá-lo — e não ouvi-lo — oferece uma experiência sonora coerente, envolvente e sem esforço. Um companheiro de longas audições, que não cansa, não distorce e não esconde.

O Rotel A8, na sua versão preta: sóbrio, elegante e decididamente analógico.

O Rotel A8, na sua versão preta: sóbrio, elegante e decididamente analógico.

Conclusão

O Rotel A8 é um amplificador para quem valoriza apenas o essencial: som limpo, musicalidade sem adornos, construção sólida e confiança japonesa.

É um amplificador para quem ouve discos – sejam eles LPs ou CDs – e não precisa que o sistema lhe diga quantos bits tem o ficheiro ou se está ligado ao Wi-Fi para lhe mostrar as capas dos discos. Deixe isso para o streamer de serviço.

Com o A8, a Rotel lembra que, por vezes, menos é mais — e que, no final, o importante é a música. E esta, quando bem servida, dispensa apresentações digitais num ecrã a cores. Será? A decisão é sua, caro leitor.

Para mais informações, contacte o distribuidor ibérico:

SARTE AUDIO

Ou o seu revendedor local: IMACUSTICA, JLM

Rotel A8 cover

O anel de LED é configurável: azul, verde, vermelho ou púrpura – uma discreta excentricidade num design sóbrio.

Na traseira, encontramos três entradas de linha RCA, uma entrada phono MM e os terminais de coluna. Nada de entradas digitais — o purismo analógico aqui é dogma.

O A8 é feliz com colunas eficientes e fontes analógicas puras – como convém a quem vive século XXI com um pé ainda no séc. XX.

O Rotel A8, na sua versão preta: sóbrio, elegante e decididamente analógico.


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