Sonus faber Sonetto I G2 – A filha da dama das camélias | Reviews Testes > Artigos

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Num mundo onde o ‘design’ de colunas de som parece ser um aspeto secundário, as Sonus faber Soneto I G2 afirmam-se com uma rara combinação de elegância estética e qualidade acústica.

Eis uma coluna acessível que representa o artesanato e inovação italianos, não apenas como mais um equipamento de som, mas como a celebração da música e do estilo de vida de Lívio Cucuzza.

A Sonetto I é a bebé da nova gama Sonetto G2, composta por sete modelos: duas monitoras, três colunas-de-chão, uma coluna central e uma de parede. Os preços variam entre os dois e os oito mil euros, embora esta seja considerada uma gama de entrada da Sonus faber. Mas, se pensarmos que utiliza tecnologia desenvolvida para as Suprema (750,000 €), que foram apresentadas este ano em Munique, os preços são até muito em conta.

SF Suprema, a Dama das Camélias, no fabuloso cenário da apresentação em Munique.

Construção elegante

As caixas das Sonetto I G2 têm a tradicional forma de alaúde (truncado atrás), que distingue a estética da Sonus faber há décadas. Estão disponíveis com folheados de madeira natural e macia ao tato (Walnut, Wenge e Preto). Com a frente guarnecida em pele e os detalhes cor de cobre, as Sonetto I G2 são um deleite para os olhos antes de serem um prazer para os ouvidos.

As colunas são lindas, e a sua audição merece ser acompanhada por um copo de Chianti. Mas não se deixe enganar pela beleza apenas. Há também engenho por baixo daquela pele de cetim e das curvas elegantes.

Pórtico reflex frontal com saída pela base (Intono)

Instrumento afinado

A tecnologia Intono e os seus pórticos internos habilmente concebidos, como se de um instrumento de sopro se tratasse, garantem que as vibrações indesejadas no interior e as ondas estacionárias são mantidas sob controlo, reproduzindo um som limpo e isento de distorção.

O acoplamento do pórtico 'reflex' frontal (inferior) com o ar da sala faz-se sem ruído de turbulência. E a base de cimento inerte (e frágil, atenção!) garante maior estabilidade e contribui para eliminar ainda mais a distorção dos graves.

Esta tecnologia foi originalmente desenvolvida para as Amati e Serafino Homage. Na Série G2, é apenas aplicada nos dois modelos mais pequenos: I e II. É uma forma de equilíbrio entre um sistema fechado e um sistema 'reflex'. O resultado, como já vimos, é um grave limpo tanto abaixo como acima da frequência de sintonização do pórtico, mantendo também a pureza da gama média, que soa assim mais linear e natural.

As Sonetto I G2 são um deleite para os olhos antes de serem um prazer para os ouvidos.

As Sonetto III no auditório 1 da Imacustica - Lisboa

Tamanho não é argumento

A Sonetto I é o bebé da nova geração G2, mas não subestime as suas capacidades acústicas. Naturalmente, não se pode esperar que o som tenha a mesma escala e profundidade dos modelos maiores, como as Soneto III (4.499 €), as quais são ‘altas, esbeltas e ondulosas, com carnação de camélia fresca’, como a Elisa, do conto ‘José Matias’, de Eça. Ouvi-as tocar no Auditório 1, da Imacustica – Lisboa, com amplificação Copland, e o som tem muito mais corpo que o da Soneto I, o que é natural dado o maior volume interno e o conjunto de altifalantes.

Mas, quando ouvi as Sonetto I G2 em casa, com um streamer/amplificador HiFi Rose RS520, foi imediatamente óbvio que o forte destas colunas reside na sua capacidade para soarem sempre coesas, recriando um palco sonoro verosímil e imersivo em todas as dimensões, incluindo a altura, sim, a altura!

Ainda pensei que esta característica do som resultasse da câmara interna de cortiça, fabricada em Portugal. Where else? Mas a câmara interna de cortiça, derivada das majestosas Suprema, foi concebida para o altifalante de médios Camelia, que só é utilizado nos modelos V e VIII G2.

Ao colagem do enrolamento de borracha das suspensão tem um padrão assimétrico inspirado na camélia.

A filha da dama das camélias

Os modelos mais pequenos da Série Sonetto G2 não utilizam o revolucionário altifalante de médios ‘Camelia’, desenvolvido para as inalcançáveis Suprema, mas a suspensão do altifalante de médio-graves é terminada num padrão de pétala de flor, também inspirado na camélia, daí o nome.

Esta forma assimétrica da suspensão, por oposição à tradicional forma circular, anula alguns modos de propagação de vibrações na superfície do cone, melhorando a dispersão e linearidade do som e criando um palco sonoro mais realista.

Sonetto I sem grelha: perante um rosto de tanta beleza, dispensei-a.

Palminho de cara

A grelha magnética serve para manter afastados do tweeter os dedinhos curiosos. Contudo, perante um rosto de tanta beleza, eu dispensei-a. O tweeter DAD (Damped Apex Dome) Arrow Point, de cúpula mole, com 1,1 polegadas (2,79 cm) e anel em cobre; e o midwoofer de 5 polegadas (12,7 cm), com anel de fase em alumínio, estão montados num baffle em forma de losango, forrado a pele e debruado a fita de plástico cobreado.

O brasão de armas da Sonus faber incrustado no topo das Sonetto I

A etiqueta com o logótipo ‘made in Italy’, lembra-nos a origem italiana; e o brasão Sf, no painel superior, que identifica a linhagem nobre da família, destaca-se no folheado aplicado num ângulo de 45°.

Os bornes dos cabos de coluna têm a novidade de uma tampa redonda de plástico, que não tem nenhuma função acústica, é apenas decorativa e para proteção da integridade das ligações. Prefiro bananas, por isso tive de o remover. Só serve para forquilhas e cabos nus.

Tampa protetora das ligações dos cabos aos bornes da coluna.

Pequenas mas valentes

Apesar das pequenas dimensões (377 x 200 x 304mm) a Sonetto I é mais do que uma monitora ‘de prateleira’. Monte-as sobre suportes para poder apreciar melhor a integração e o som envolvente resultante dessa coerência acústica.

Imacustica - Lisboa. Uma instalação sobre suportes das Sonetto I, com eletrónica Eversolo.

O painel frontal (baffle) mais estreito reduz a difração, proporcionando o ‘ato de desaparecer’, e o que resta é música pura e sem distorção, que nos transporta para o centro do acontecimento musical, quer se trate de clássica, ‘jazz’ ou a banda sonora de um filme.

Para uma experiência de audição no campo próximo, montei-as também sobre a minha secretária, tendo soado sempre claras e coesas, apesar da maior proximidade das paredes e do ouvinte.

Sonetto I: uma experiência auditiva rica, quente e vibrante, como a de uma bela ária italiana.

De uma coluna tão pequena, não se pode esperar um grave profundo (52Hz), pelo que se a sua praia são as bandas sonoras de filmes ou música eletrónica, eu sugiro utilizar um subwoofer. Mas, para a utilização no dia-a-dia, sem pretensões audiófilas, o agudo suave das Sonetto I G2 (depois de uma boa ‘queima’); e o médio-grave sólido vão proporcionar-lhe uma experiência auditiva rica, quente e vibrante, como a de uma bela ária italiana, ao mesmo tempo que consegue reproduzir um acontecimento operático Verdiano sem grandes compromissos acústicos.

As Sonetto I adaptam-se a qualquer sala: moderna ou clássica.

Audição crítica

Da muita música que ouvi, escolhi quatro faixas que toda a gente conhece, evitando uma seleção audiófila típica, e focando-me em faixas que os potenciais compradores (jovens e menos jovens) da Sonetto I G2 devem gostar de ouvir.

‘Take Five’, por Dave Brubeck

As Sonetto I G2 reproduzem a tonalidade rica do saxofone de Paul Desmond, sem perder a relação rítmica com o piano de Dave Brubeck. O solo de bateria soa limpo, ultra definido, sem ‘lodo’ no cais do grave, permitindo-nos apreciar toda a técnica de Joe Morello. Cada instrumento ocupa o seu próprio espaço no impressionante palco sonoro, sem perder a sensação de conjunto nem a complexa estrutura rítmica desta icónica música de jazz em compasso 5/4, algo que muitas colunas de maior dimensão simplesmente ignoram devido ao arrastamento e imprecisão temporal.

‘Royals’ por Lorde

A voz de Lorde rasga a mistura com notável claridade, e o grave e a percussão nunca se sobrepõe aos médios, provando a eficácia da tecnologia Intono. Não direi que as linhas sintetizadas de baixo profundo ressoam como as das colunas de banda larga. Mas nada se perde, tudo se transforma.

‘Bohemian Rhapsody’ por Queen

Os complexos arranjos operáticos não constituem problema para as Soneto I. A voz de Freddie Mercury soa poderosa e limpa sobre as harmonias vocais e a capacidade dinâmica suporta com precisão tanto o piano como os segmentos mais explosivos de rock com a guitarra a tomar o comando e a percussão a manter o tempo rápido.

‘Shape of You’ por Ed Sheeran

Esta canção de Ed Sheeran podia ter sido dedicada às Sonetto:

‘Every day, discovering something brand new,
I'm in love with the shape of you’

Revela todo a emoção na voz de Sheeran, a letra da canção e as várias camadas de som da produção complexa — vozes, percussão e sintetizadores. Salta tudo cá para fora de uma forma alegre e enérgica.

‘La Dolce Vita’

Por um preço de 1.999 €, as Sonus faber Sonetto I G2 combinam na perfeição som de alta qualidade, ‘design’ elegante e a essência do artesanato italiano. Esta coluna de som oferece uma boa relação qualidade preço e eleva a sua experiência musical a outro patamar.

Se procura os prazeres da Dolce Vita, sem se tornar escravo do sistema hi-fi, ou andar constantemente atrás do Graal sónico, aproveite para experimentar a Série Sonetto G2 na Imacustica (ou no seu revendedor local). Escolha o modelo que melhor se adapta ao seu orçamento e ao ambiente da sua casa, e redescubra a alegria da música.

Características