Testar colunas da Wilson Audio acaba por se tornar embaraçoso para os críticos, quando são confrontados com o que escreveram anteriormente sobre a perfeição sonora. Não se pode melhorar a perfeição. Ou pode?
Daryl Wilson parece ter um prazer secreto em provar, a cada cinco anos, que os críticos estão errados : a Alexia V é uma coluna de som muito melhor que a Alexia 2, que supostamente já era perfeita.
Para Daryl, a perfeição é um estado de alma antes de ser uma manifestação da razão, como foi antes com o seu pai Dave Wilson. É isso que as torna diferentes: as colunas da Wilson Audio têm alma. E as almas também podem ser melhoradas, quando se trata bem do corpo.
As colunas da Wilson Audio têm alma. E as almas também podem ser melhoradas, quando se trata bem do corpo.
Sobre as Alexia 2, escrevi num teste que foi publicado na Hi-Fi News Março 2018:
I am tempted to commit the heresy of declaring Wilson Audio’s Alexia Series 2 a better speaker than its earlier and much costlier Alexx floorstander, which I tested basically under the same conditions [HFN Nov ’16]. Of course, there will always remain the important matter of scale. Nevertheless, it at least declares the need for Daryl Wilson to consider an ‘Alexxieva’ in the very near future...
Dois anos depois, a profecia cumpriu-se e as ‘Alexxieva’ foram apresentadas sob o nome de Alexx V. Continuando a tradição familiar, as Alexia V aproveitaram muitas das tecnologias concebidas para as suas irmãs mais velhas.
Tendo já ouvido as Alexx V (ver video), continuo a achar que as Alexia V têm uma melhor relação de tamanho (domesticamente aceitável) e qualidade de som, uma vez mais com a ressalva da escala do palco sonoro, que é menos espetacular.
As Alexxia V juntam-se assim às SabrinaX, no topo da minha preferência pessoal, excetuando, claro, as Wamm Chronosonic que são imbatíveis, inesquecíveis - e inalcançáveis, no monte Olimpo onde moram os deuses do som.
Nota: infelizmente, nunca tive oportunidade de ouvir as Wilson Audio Chronosonic XVX.
Escrevi uma vez que, na família Wilson, os mais novos vestem a roupa e calçam os sapatos dos irmãos mais velhos. É esta ‘evolução na continuidade’ que nos dá a garantia de que uma coluna Wilson Audio tem pedigree.
Das Alexx V, as Alexia V herdaram, além do apelido V, que designa a utilização de V-Material, que foi desenvolvido originalmente para as XVX, o tweeter Wilson Synergy Carbon (CSC), com câmara traseira fabricada em carbono numa impressora 3D; das Chronosonic XVX herdaram a unidade de médios QuadraMag com o sistema Alnico (Aluminum-Nickel-Cobalt), que é duplo nas XVX.
Os novos bornes, que permitem utilizar bananas ou forquilhas, são os mesmos utilizados nas XVX e Alexx V.
Os condensadores AudioCapX-WA dos filtros divisores são agora de fabrico próprio e com tolerâncias apertadas para garantir maior resolução de todo o sistema.
As modificações efetuadas nos divisores de frequências melhoraram ligeiramente a impedância para os 2.59 ohms a 84 Hz, desde os 2.54 ohms. A sensibilidade das Alexia V também foi melhorada em cerca de +1dB em relação ao modelo Alexia Series 2.
Mesmo assim, não podem (não devem) ser ligadas a um amplificador sem capacidade de corrente. Na audição prévia, foi utilizado um par de Dan D’Agostino Progression II – e elas gostaram do casamento, como as Alexia 2 já tinham gostado antes.
O volume interno do módulo de médios foi aumentado em 6.4%, de modo a proporcionar uma maior abertura nesta gama de frequências; o do módulo de graves em 8.9%, quando comparados com as Alexia Series 2. As V têm também mais uma polegada (2,5 cm) em profundidade que as Alexia 2.
O módulo de médios tem agora um design mais aerodinâmico para eliminar a difração e as asas da ponte de alinhamento são reforçadas com Material-X e alumínio para eliminar vibrações.
E há ainda algo que não se percebe logo à primeira vista: o painel frontal (baffle) de graves é ligeiramente inclinado para trás.
Para que esta inclinação produza o efeito correto de alinhamento, é preciso garantir que as Alexia V estão niveladas, por isso dispõem de um nível de bolha na parte de trás – não é só para enfeitar…
Curiosamente, as Alexia V também herdaram algo das Sasha DAW: refiro-me às aberturas laterais, no topo das asas do módulo de graves sobre o qual o módulo de médios assenta, que permite uma melhor ventilação e fluxo de ar para eliminar ondas estacionárias.
A calibração de fase geométrica no topo do tweeter é também agora muito mais precisa para garantir uma ainda melhor resposta temporal. E o bloco de degraus de ajuste está mais acessível e visível.
As Alexia V calçam os sapatos das irmãs mais velhas, literalmente, pois no preço de 96 mil euros vêm já incluídos os Acoustic Diodes de suporte e controlo de vibração, que antes eram pagos como extra. E um novo conjunto de spikes que combinam o aço com Material-V.
Mesmo assim, o aumento de preço é substancial. Contudo, estou convencido que os atuais donos de Alexias 2 vão optar pelo upgrade, quando ouvirem a magnitude da diferença na performance geral.
As Alexia V apresentam-se em seis cores base, mas podem ser pintadas, por encomenda, em qualquer cor. A versão mais cara é o Pérola lacado, cujo processo de acabamento é extremamente complicado e moroso. O vermelho Ferrari é um must, e deu bem nas vistas na loja da Imacustica.
Mas, como dizem os anglo-saxões, é a comer que se prova o pudim.
As Alexia V foram apresentadas ao Hificlube.net por Manuel Dias, no auditório 2, alimentadas por um par de monoblocos Progression II, atacados por um fabuloso prévio Robert Koda Takumi K 15EX, com fontes dCS Bartok e Rossini.
Havia ainda uma outra fonte analógica secreta, coberta por um lenço de seda, que será a vedeta da apresentação oficial, no dia 19 de novembro, na Imacustica – Lisboa. Já toda a gente sabe o que está por baixo do véu, mas eu prometi que guardava segredo…
Sentei-me a ouvir música, na companhia de Miguel Azevedo. Tinha levado um CD-R com todas as faixas que utilizei no teste da Alexia 2.
A sala era diferente, o sistema era diferente, embora os amplificadores fossem também Progression, por isso achei que precisava de um outro elo de ligação comum: as mesmas faixas que utilizei no teste das Alexia 2.
Ao contrário das Alexia 2, as V não estavam sob teste formal. Tratou-se apenas de um teste de primeira audição. Mas deu para perceber bem a diferença que as alterações descritas acima podem fazer na qualidade do som das Alexia.
As Alexia V respiram melhor, estão mais soltas, descem mais fundo e têm um som ainda mais natural. São sobretudo mais dinâmicas – e não me refiro apenas à capacidade para tocarem Humble, de Kendrick Lamar, a níveis de concerto ao vivo; ou de nos embalar com o swing de Cole em L.O.V.E. Refiro-me à expressão harmónica em geral, com todos os géneros musicais.
… as Alexia V respiram melhor, estão mais soltas, descem mais fundo e têm um som ainda mais natural…
A recuperação de deixas ambientais é, de facto, excecional, como diz a Wilson Audio. As V permitem-nos ouvir o decair das notas até um novo patamar de silêncio negro fruto da maior rigidez da estrutura geral; e da utilização de Material-V no topo do módulo de graves, para melhor isolar o módulo de médios, também ele reforçado com Material-V e alumínio, onde a unidade QuadraMag faz a sua magia.
A capacidade de nos transportar para a sala de concertos nos discos gravados ao vivo atinge um nível de realismo, que só experimentei com as Wamm Chronosonic. E isto é dizer muito!
Para definir a coesão e entrosamento das Alexia 2 usei uma palavra em inglês: Togetherness.
Para as Alexia V optei por Solidariedade (artística), porque elas não são apenas uma coluna de som, são uma maravilhosa obra de arte dedicada à reprodução de música. E a arte é o cimento unificador da humanidade.
… as Alexia não são apenas uma coluna de som, são uma maravilhosa obra de arte dedicada à reprodução de música…
Os bilhetes para assistir à apresentação oficial, no dia 19 de Novembro, vão ter mais procura que os concertos dos Coldplay (contactar Imacustica). O grupo etário maioritário é que talvez seja muito diferente…
E agora vamos ao vídeo da audição, registado ‘ao vivo’ na Imacustica diretamente das Alexia V.
A minha primeira amostra gravada na Imacustica foi "Humble" de Kendrick Lamar, e soa fantástica, provando que a Alexia V consegue tocar música hardcore a níveis loucos. Mas a linguagem é inapropriada (demasiados palavrões). Por isso, rejeitei-a.
Em vez disso, abro com a Freddie Hubbard Band, uma faixa analógica convertida para PCM384kHz, seguida de um ficheiro DSD da Sonate nr. 32 de Beethoven, Op. 111 pelo pianista Tor Espen Aspaas. Para fechar este registo feito ‘ao vivo’ na Imacustica, Nat King Cole canta “Mona Lisa”, a lovely work of art, tal como a Alexia V.
Isto é o mais perto que vos posso levar do auditório 2 da Imacustica. Divirtam-se. Espero que gostem. E apareçam no dia 19 de novembro.
As Wilson Audio Alexia V ‘ao vivo’ e a cores na Imacustica
(Veja em 4K full screen c/ auscultadores e um bom DAC)
Para mais informações: IMACUSTICA