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As colunas Wilson Audio Sasha V já estão em demonstração na Imacustica-Lisboa com fonte dCS Vivaldi, amplificação Constellation Centaur II 500 e cabos Transparent Opus Gen VI.
As Sasha V chegaram há menos de uma semana, e a integração das unidades e do filtro divisor ainda vai melhorar com a rodagem. Mesmo assim, a audição recomenda-se já, pois o som está soberbo.
Sugiro que leve os seus discos. Não que façam falta, pois com um servidor Innuos Zenith MkIII disponível, ligado à Tidal e ao Qobuz, tem milhões de faixas ao seu dispor.
Mesmo assim, levei comigo os habituais discos-teste e o SACD comemorativo do 30.º Aniversário de ‘Dark Side of the Moon’, dos Pink Floyd, já com 50 anos, tantos quantos a Wilson Audio, que vai comemorar a efeméride em 2024.
Esta obra acompanhou toda a minha carreira audiófila, desde a primeira vez que a ouvi em 1973, estava eu na Guiné-de-má-memória. Assim como, pelo menos desde o final dos anos 80, as Watt+Puppies, de que a Sasha V é a mais recente emanação.
Sinto, portanto, alguma nostalgia quando vou ouvir umas colunas que trazem à superfície tantas memórias – boas e más – que estão ligadas a acontecimentos e pessoas que fizeram parte da minha vida, e infelizmente já partiram, como Dave Wilson, que me apresentou pessoalmente as primeiras Sasha, em Munique, em Maio 2009.
Logo em setembro de 2009, escrevi isto (em inglês) sobre as Sasha originais:
Nota: o texto foi revisto
Sasha embodies (or rather, personifies, considering how human it sounds…) the new spirit of America, based on a dialogue between American and European culture under the aegis of a sincere wish to put aside the too often conflicting approaches to perfection in sound reproduction.
The upper bass bravado, the restlessness in the midrange and the treble that, by European standards, have allegedly afflicted earlier generations of Watt Puppies have been sensibly dealt with by David Wilson in his latest creation.
The Sasha W/P was brought up in a Viennese environment, so Dave tells us, and is now of a more amiable nature, having a more consensual attitude toward us Europeans than earlier Watt Puppies.
The proverbial Watt+Puppies Stentorian delivery is henceforth delivered with more eloquence, while the elegance of diction, perfect inflexion and intonation all lead to a new level of intelligibility. The seemingly impossible taming of the shrew that Dave had bravely put himself up to do was achieved with stunning success.
Mind you, this is not just another upgrade, but a whole different category and, as such, deemed worthy of ushering in a new speaker dynasty by David Wilson.
Impressive, outstanding, overwhelming - these are all worn-out terms that do not even come close to reflecting the wave of excitement one feels when listening to the Wilson Audio Sashas, created by their energy and sheer dynamism, conveyed so buoyantly and without any inhibition or compression.
To simplify an otherwise complex evaluation, let us say that it is not easy to decide whether to marvel at the amazing improvements in timbre accuracy, absence of colouration and spurious resonances, or the spectral coherence achieved by the cleverly balanced sound of this wonderful speaker system.
Even by the strictest audiophile standards, this is a magnificent achievement indeed. Listening to Sasha is a compelling, exhilarating experience: this is the closest I've ever been to a live concert without leaving home. The only diminutive I could find was in the name: Sasha (short for Alexandria).
The saga is not over yet. This is a never-ending story of passion and total commitment in the quest for the Holy Grail, and I hereby vow not to retire until I've reviewed the Sasha V...
Hificlube, September 11th, 2009
Entretanto, as Sasha deixaram descendência, que fui apadrinhando, por dever profissional e prazer pessoal, evoluindo sempre, tanto em termos eletromecânicos e acústicos, como cosméticos.
Nasceram assim as Sasha II, as Sasha DAW, uma homenagem de Daryl Wilson ao seu falecido pai; e, finalmente (ou talvez não, pois as Watt+Puppies tiveram sete versões), as Sasha V. Bom, parece que sempre me posso reformar, agora que ouvi as Sasha V voltaram a ultrapassar a versão anterior, criadas pelas mãos capazes de Daryl Wilson.
Ao contrário do que eu e algumas pessoas chegaram a pensar, o V não significa 5, embora haja uma lógica subjacente a esse raciocínio, pois as Watt+Puppies também ‘saltaram’ da versão 3 para 5. Na China, o 4 tem conotações com a morte, e a Wilson continua a respeitar esta crença cultural.
Nas novas Sasha, o V designa a utilização de ‘V-Material’, o mais rígido e inerte da Wilson Audio, no topo da caixa de graves para dar melhor apoio aos pés de aço que suportam o módulo superior de médios-agudos; e na base e nos díodos acústicos (spikes) que isolam o conjunto do soalho para eliminar vibrações indesejadas.
Mas o V não designa apenas o referido ‘V Material’, pois as novas Sasha herdaram também o altifalante de médios (Alnico QuadraMag) e de agudos (CSC, Convergent Synergy Carbon) das Alexx V e Alexia V, com câmara em carbono impressa em 3D. Em estreia absoluta, de registar a utilização de condensadores em cobre no filtro divisor, que vão passar a ser montados em todos os outros modelos de topo.
De resto, as alterações, que já são suficientes para justificar um aumento de cerca de 10% sobre o preço de 54.000€ das DAW (inclui agora o conjunto de diodos, que antes eram pagos à parte), são sobretudo estruturais, mecânicas e cosméticas:
- A caixa de graves tem agora paredes 25% mais espessas e com travejamento em X-Material;
- As Sasha V têm também mais uma polegada de profundidade e meia polegada em altura; e as abas laterais junto ao módulo superior são maiores para facilitar o fluxo de ar e a visualização da escada de ajuste, além do transporte: 55kG cada!).
- A escada de alinhamento temporal e o espigão frontal do módulo superior são agora ainda mais precisos e versáteis no ajuste.
As Sasha V apresentam-se em todas as cores do arco-íris, como o belíssimo Medio Grigio (com grelha Crimson Red) do par que está em demonstração na Imacustica. Lindas! (ver fotos e vídeo).
Primeira audição
Já a minha audição ia a meio, quando passei a ser amavelmente acompanhado pelo Pedro Duarte, que sugeriu algumas das faixas, além, claro, dos Pink Floyd que eu levava na bagagem. É curioso como um álbum de rock sinfónico (progressivo) com meio século continua a agradar a jovens de trinta anos, que têm hoje predileção por outro tipo de música eletrónica, com ritmos sintéticos e harmonias programadas, como as dos Daft Punk ou os The xx, que ficaram registados no vídeo abaixo.
Notável é também a evolução das Sasha, que são cada vez mais universais, pois reproduzem todos os tipos de música, da clássica ao jazz, do pop ao rock e ao folk, agora com um grave ainda mais profundo e articulado, uma gama média a lembrar as Alexia V (encorpada e cremosa e, ao mesmo tempo, expansiva e informativa).
O agudo precisa ainda de um pouco mais de ‘queima’, embora o tweeter CCS esteja a léguas em termos de extensão e pureza tímbrica do velho tweeter côncavo da Focal que ‘abrilhantava’ – é o termo – as antigas Watt+Puppies e as Sasha originais.
As peças de música eletrónica são boas para aquilatar o poder e tensão do grave, não tanto para avaliar a imagem estereofónica. Por isso ouvi ainda excertos da Serenata para Cordas, de Dvorák, e a Entrada da Rainha de Sheba, de Händel, e a imagem revelou-se ampla, profunda e rica em especificidade instrumental.
Quando ouvi as Alexx V, apelidei o V de ‘Vitória’. Nas Sasha, o V significa ‘Velocidade’ – e não só na reprodução de transientes, também na formação de imagens sólidas e definidas no palco sonoro, numa sequência que só depende da criatividade dos músicos.
…nunca as Sasha estiveram tão próximas das Alexia...
De repente, as Sasha desapareceram, e eu fiquei ali com Jorge Palma à minha frente, cantando ‘O Bairro do Amor’: ‘Eh pá, deixa-me abrir contigo. Ou transportaram-me para a acústica de uma catedral medieval para ouvir os cânticos góticos de Hildegard Of Bingen. E pensei: nunca as Sasha estiveram tão próximas das Alexia.
É verdade que só o sistema digital dCS composto por Rossini CD Player + Vivaldi transporte, upsampler, dac e clock custa mais de 100 mil euros, a que se junta o Constellation Centaur II 500 Stereo (89.000€) e os cabos Transparent Opus VI (nem digo o preço…). Por isso, nada mais apropriado que ouvir ‘Money’, dos Pink Floyd:
Money
It's a hit
Don't give me that do-goody-good bullshit
I'm in the high-fidelity first-class traveling set
And I think I need a Lear jet
(or a pair of Wilson Audio Sasha V)
Nota: As imagens em 4K foram obtidas com um telemóvel Samsung S23 Ultra e o som com um gravador digital portátil Nagra SD (cortesia Ajasom).
Para mais informações e marcações: IMACUSTICA