A Roksan é um fabricante britânico de áudio de qualidade acessível, que a Delaudio já representa em Portugal, desde que eu me lembro. A Roksan cultiva um ‘low-profile’ mas produz modelos de ‘high-performance’. O ‘design’ é sempre original e distintivo – é fácil apontar um ‘Roksan’ numa prateleira cheia de amplificadores ou leitores-CD.
Delfim convidou-me para mostrar a nova versão Di do K3 CD Player, com um painel frontal de alumínio escovado e pulverizado a negro semi-mate, com ‘cara’ de produto caro, que afinal até nem é: (1759 euros). Na foto, podem ver o leitor-CD K3, debaixo de um amplificador da série M, enquanto não chega o amplificador K3 (1699 euros), e a diferença das linhas é óbvia e – na minha opinião – com vantagem para o novo modelo.
Então e o som? Bom, achei por bem esperar pela actuação do duo, antes de me pronunciar sobre a performance a solo, embora a Roksan tenha ganho prestígio também na qualidade dos ‘transportes’, daí que ao contrário do modelo K3 anterior, o novo Di tenha saídas e entradas ópticas e coaxiais para poder ser utilizado também como transporte e DAC externo.
Em busca do tempo perdido
Uma visita à Delaudio nunca é tempo perdido. Mais: é sempre um passo na busca do ‘tempo perdido’. E por ‘tempo’ aqui entenda-se ‘timing’ e não ‘time’. Delfim Yanez tem não só uma forma muito especial de estar na vida, mas também de ‘viver’ a vida e a música. Digamos que, sempre que lá vou, o debate ‘filosófico’ sobre a importância do tempo correcto na reprodução musical vem à baila.
Delfim Yanez defende há muito que a forma como os ‘audiófilos’ abordam a música, escalpelizando os sons em ‘agudos’, ‘médios’ e ‘graves’ não faz sentido, quando o que está errado é o ‘tempo’. No fundo, é o desfasamento temporal provocado pelo ‘jitter’ que mais afecta a gravação/reprodução de música digital. A este nível, os progressos têm sido fantásticos, e os leitores/dacs da Esoterico, que a Delaudio também representa, são disso um bom exemplo. Mas Delfim vai ainda mais longe e não dispensa um ‘relógio’ de precisão atómica para garantir o ‘tempo’ perfeito.
Assim, não admira que, embora a grande fatia do seu negócio se concentre em marcas de preços acessíveis, como a Monitor Audio, Primare, Cocktail Audio, Roksan, etc., quando se trata de ‘high-end’ opta por fabricantes para quem ‘tempo é, hélas, dinheiro’ -refiro-me ao preço, ou seja, amplificadores Pass e colunas Raidho, por exemplo, com altifalantes de metal ultraleve e rígido, com banho cerâmico ou de pó de diamante, com uma resposta tão rápida que até aqui só era possível com transdução electrostática.
Faltava agora resolver o problema da ‘interferência’ dos componentes passivos: cabos e fichas. No que diz respeito aos cabos, há muito que Delfim considera que encontrou a solução ideal no Black SAT, o ‘cabo que veio do espaço’. Quanto às fichas, tem vindo a provar em audições comparativas sucessivas que ‘não há melhor ficha que ficha nenhuma’.
Claro que as fichas estão lá sobretudo porque são práticas e, por isso, não sendo absolutamente imprescindíveis, dão muito jeito, pelo que Delfim descobriu também que as que ‘menos interferem’ são as WBT nextgen. ´’Do mal o menos’, diz.
É incrível a diferença que as fichas RCA, mesmo as de boa qualidade montadas de fábrica em produtos highend, podem fazer na reprodução do som, em termos de timbre, tonalidade, claridade, espacialidade e – cá está – tempo e ritmo.
Ouvimos várias faixas de discos ‘não-audiófilos’, do tipo ‘off-the-shelf’, nada de remasterizações 24 bit que Delfim considera que não passam de um ‘barrete’ (com bolos se enganam os tolos) e as diferenças entre ficha/ligação directa são inacreditáveis ‘to say the least’. Eis uma experiência que não pode perder – olhe, leve o seus próprios discos, se não acredita, e vá a Carnaxide passar uma tarde com o Delfim.
Garanto-lhe que não será tempo perdido, ouve-se sempre muita coisa e aprende-se sempre qualquer coisa…
O único factor de ‘discórdia’ entre mim e Delfim não é na audibilidade da diferença, que é óbvia e imediata: com a ligação directa, os sons de vozes e instrumentos ganham definição no espaço, diferenciação tímbrica, articulação e velocidade do grave, presença, sobretudo dos solistas e, claro, tempo e precisão. Numa palavra: vida! É como se os músicos tivessem acordado de repente de um torpor letárgico…
Onde, por vezes, discordamos, com certos discos, é se ao substituirmos a ‘homogeneização’ da ficha pela ‘definição e separação’, por vezes excessiva, da não-ficha, não se perde também a pouca ‘coesão’ interna e ‘musicalidade’ intrínseca que resta nas más gravações, pois com a nitidez pode vir também algum brilho e ‘secura’. Embora eu admita que preferi o som ‘directo’ na maior parte dos casos.
A título de exemplo, ouvir os Beatles em ‘She’s leaving home’ é uma revelação, como se o proverbial ‘cobertor’ tivesse sido retirado e substituído por um manto diáfano. Ou os Rolling Stones ('Sonic Girls'), ou Mahler, Joan Baez, em 'Diamonds and rust', Leo Ferré (aqui discordámos, a gravação ao vivo é mázinha e as fichas disfarçam isso…).
Na dúvida, Delfim convocou João Duque, um jovem estagiário da Delaudio, estudante de informática e música, que também não teve dificuldade em ouvir a diferença objectiva. Embora, tal como eu, vacilasse, por vezes, entre a objectividade do que ouvia e a subjectividade do que gostava de ouvir.
Você também vai conseguir ouvir a diferença. Vai uma aposta?...
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