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O Audiolab Omnia pratica todas as disciplinas do pentatlo moderno: hipismo (Phono MM), esgrima (DAC), natação (Streaming), tiro (Amplificador de 50W) e corrida (leitor-CD). E é forte candidato a uma medalha de ouro.
Na indústria automóvel, a luta é pelo SUV perfeito; na indústria áudio luta-se pela medalha de ouro para o tudo-em-um perfeito. Cada fabricante tenta apresentar argumentos de venda que superem a concorrência, mantendo o equilíbrio possível entre funções e preço.
A maior parte oferece amplificador, DAC e Streamer. Já são menos os que juntam ao pacote um leitor-CD. Assim, de repente, lembro-me do Quad Artera que, não por acaso, pertence também ao grupo IAG e utiliza o mesmo sistema de leitura e transporte da JVC - o campeão olímpico de obstáculos que vem montado no Audiolab 6000CDT, que vamos pôr à prova novamente hoje, sujeitando-o à tortura dos testes de obstáculos do Pierre Verany Test CD.
Nota: há contudo uma pequena diferença: a gaveta do Artera Solus é de carregar pela boca, enquanto a do Omnia põe a língua afiada de fora para receber a hóstia de plástico.
O tudo-em-um perfeito
Será o Omnia o tudo-em-um perfeito? Por este preço é difícil de bater e a qualidade do transporte torna-o um forte candidato ao pódio, a que se juntam o Streamer, o amplificador AB de 50W e as excelentes marcas do DAC. E finalmente, o enorme mostrador IPS, que falta à concorrência.
O poder ao povo
Os 50W são suficientes para uso doméstico, mas não se perdia nada um pouco mais de potência.
E eu prefiro botões de volume rotativos – os botões de pressão são pouco precisos e a resposta é lenta. Claro que pode sempre regular o volume com o controlo remoto (também lento) ou a App DTS Play-Fi.
E, já agora, uma saída configurável para subwoofer dava jeito. Mas tem Pre-Out e pode sempre regular a frequência de corte no próprio subwoofer. É tudo.
Nota: o Omnia pode funcionar como Integrado, Prévio ou como Prévio + Amplificador separados para aplicações AV, por exemplo.
Casamento feliz
O Omnia nasceu do casamento feliz entre o amplificador/Audiolab 6000A Play com o leitor-CD 6000CDT.
Como dote recebeu um DAC ESS Sabre 32 Reference ES9038Q2M de última geração, com USB A e B (para ligar ao PC) cuja melhor marca é o record olímpico atual: PCM768, DSD512 e ainda MQA full decoding e compatibilidade Roon. A boda vai custar-lhe apenas 1.799 euros. Mas estão todos convidados para o ouvir de borla, num dos revendedores nacionais listados no final do artigo.
Prova de pista
Comecei por sujeitar o Omnia ao teste da Pièrre Verany. Tal como o sistema de leitura de transporte/leitura do Quad Artera Solus, o transporte do Omnia ultrapassa todos os testes de velocidade e dropouts até 4 mm, quando a norma é de 0,05 mm e 0,20 mm! E só não iguala o record do Solus, porque aos 4mm tem um soluço inicial logo corrigido.
…o Omnia consegue ler um CD com um buraco de 4mm…
Isto corresponde a ler um disco com um buraco de 4mm feito por uma broca! Portanto, se tem muitos CDs riscados ou com buracos na metalização, o Solus e o Omnia são os leitores-CD a comprar. Há muitos modelos highend que não chegam aos 1,5mm e aos 2,5mm ficam ‘atascados’.
Isto deve-se à tecnologia ‘read-ahead digital buffer’, ou seja os dados da leitura por laser são guardados temporariamente numa memória para dar tempo ao sistema de correção de erros para atuar por antecipação.
Portanto, quando a Audiolab afirma que o Omnia é capaz de ler discos em mau estado que outros mecanismos de leitura não conseguem, é verdade.
Compatível com Roon e MQA
Também é verdade que o Omnia é compatível com DSD512, o que corresponde a PCM768 e com DXD e MQA 352.8Khz (ver fotos).
A compatibilidade com Roon é apenas meia-verdade. Para gerir a sua música com o Roon, vai precisar de um computador e da ligação PC USB B. O Omnia não acede ao Roon por si só via Ethernet.
DTS Play-fi
Com esta App (gratuita) pode aceder diretamente a uma boa quinzena de servidores de música em streaming, que incluem a Spotify, Tidal, Qobuz, Amazon, Deezer, etc. É só escolher.
Utilizei apenas a Tidal (Master) e a Amazon (HD). Embora eu tenha ambas configuradas para alta resolução, a DTS Play-Fi não foi além de 44,1kHz, mesmo com o Omnia ligado à rede por Ethernet. Mais tarde, descobri que tinha de ativar no Play Fi o modo Critical Listening para obter o streaming até 24/192. Para resoluções mais altas, vai precisar da entrada USB B com o Roon, JRiver29 ou Foobar (grátis).
Nota: Primeiro vai ter de instalar no seu PC a IAG Asio Driver (se tiver um Mac não precisa). Não sei como os meus colegas críticos conseguem testar o Omnia sem instalar ou mencionar esta Asio Drive. Será que todos têm um Mac?
A driver é suposto ser fornecida num disco que não vinha na embalagem e também não é fácil de encontrar online.
Eu poupo-lhes a maçada e publico aqui o link: https://www.audiolab.co.uk/wp-content/uploads/2019/12/IAG_USB_Driver_v2.23.zip
USB A tem limites
A entrada USB A está limitada a WMA, MP3, WAV e AAC até ao máximo de 44,1kHz ou 48kHz. Não é compatível com FLAC, nem com alta resolução.
Também oferece Bluetooth (48kHz) e Wi-Fi até 192kHz com Critical Listening ativada (vem já com 3 antenas montadas). Mas não consegui com a app Play-Fi por Wi-Fi ir mais longe que 44/48kHz, embora o som fosse muito aceitável. O meu smartphone é Android (Samsung S22 Ultra), pelo que não posso garantir como funciona com um iPhone. E sim, eu também fiz o update do firmware do Omnia.
…o Omnia soa como um amplificador feliz…
A qualidade do som mantém-se consistente com todas as fontes (Nota: não testei a entrada Phono). O Omnia soa como um amplificador feliz, ou melhor, faz-nos sentir felizes enquanto ouvimos música: é vivo, aberto, talvez com o pé um pouco leve, mas com ritmo. Exibiu boas capacidades dinâmicas, embora revelasse alguma dureza quando a tocar muito alto discos agressivos.
À velocidade de cruzeiro, recria um palco sonoro com boa escala e soa tão bem quanto seria de esperar dentro da sua categoria de preço. Na qualidade de som, o Omnia está ao nível do Naim Atom (outro amplificador de 50 watts), que é bastante mais caro.
No topo do Mundo
Depois do Naim Atom, Cambridge EVO 150, Roksan Attessa Streaming Amplifier, Electrocompaniet ECI 80D, Marantz 40n e Quad Artera Solus adicione agora o Audiolab Omnia ao topo da sua shortlist.
Nota: ver testes de todos eles no final do artigo em Artigos Relacionados
…o Omnia é o mais completo de todos…
Todos têm virtudes e pecados diferentes:
Aos Naim Atom (design imbatível), Cambridge EVO150 (Classe D), Roksan Attessa, Electrocompaniet ECI 80D (streaming via Bluetooth apenas) e Marantz 40n falta-lhes o leitor-CD; ao Quad Artera Solus falta o Streamer (o modelo Solus Play tem streaming); ao Omnia só falta um pouco mais de potência (extensivo ao amplificador de auscultadores para quem é fã dos planarmagnéticos de pouca sensibilidade). Mesmo assim, eu diria que é o mais completo de todos.
E são poucos os que têm este magnífico mostrador (exceto o Atom e o EVO150) que se pode transformar num vuímetro analógico ou digital, que não é um primor de precisão mas é giro.
Por tudo isto, leva uma forte recomendação do Hificlube.net. Claro que deve ouvir e comparar antes de comprar. A decisão final é sua, não é minha.
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