A Audioquest já nos tinha surpreendido com o Dragonfly, um DAC-amplificador de auscultadores em formato USB-pen, cujo teste podem ler em Artigos Relacionados, na coluna ao lado. O Jitterbug é algo de completamente diferente: não converte, nem amplifica, filtra. Mas filtra o quê? Ruído, ressonâncias, jitter.
O jitter é, fundamentalmente, um erro no tempo, correspondente grosso modo à cintilação na imagem vídeo digital. E pode ser causado por muitos factores, nomeadamente o ruído e as ressonâncias mecânicas parasitas, que se transmitem pelos cabos USB entre o PC, sobretudo os portáteis, e o DAC. Os cabos USB não transmitem apenas dados, também transportam energia para alimentar e carregar os equipamentos portáteis.
Ainda ontem vi na TV um episódio de CyberCrime, no qual se alerta para a vulnerabilidade deste tipo de interface digital. A série está mal escrita e é pior interpretada (nem a oscarizada Patricia Arquette escapa), mas pelo menos chama a atenção para o campo minado da internet e das comunicações digitais e dos crimes sem rosto que se cometem todos os dias.
Neste episódio, foram roubados os dados pessoais e confidenciais de várias pessoas que apenas tinham tido a imprudência de carregar o telemóvel com um cabo USB numa 'ilha' na sala de espera do aeroporto. Ao mesmo tempo que recebiam 'carga' eléctrica descarregavam sem saber os dados para a central de um hacker que lá tinha colocado um receptor.
Não, o Audioquest Jittterbug não foi concebido para evitar hackers, nem podia impedir que isto acontecesse, apenas tem a função de filtrar o ruído que afecta a qualidade do som reproduzido pelo binómio PC/DAC. Liga-se entre o cabo e a saída USB do PC. E isso resulta? Se resulta…bom, quer dizer, depende…
Comecei por ligar o meu MHA-100 a uma das portas USB (sem corrente) do meu Asus e, mesmo assim, notei imediatamente um som ainda mais natural, se possível. Depois, tentei com o iFI Micro DSD e a diferença continuava lá, pequena, mas estava. Aliás, o JitterBug funciona com um princípio semelhante ao iPurifier, da iFI, que já vem instalado no Micro, pelo que é natural que o efeito não seja muito pronunciado.
Mas foi com o Chord Hugo montado no meu PC (e não no portátil ASUS, que tem portas USB sem corrente, só para dados) que ouvi a maior diferença: a gama média ganha corpo e o grave peso e ritmo. O pouco que resta de digitalite em qualquer destes excelentes sistemas desaparece como por milagre, o que prova que, afinal, essa história de os bits-são-bits talvez não seja bem assim, quando se trata de música.
Este test-sample do Jitterbug foi-me facultado pela Audioquest no Highend, em Munique, e ainda não entrou em produção final. O preço nos EUA vai ser de cerca de 50 dólares. Por cá deve andar nos 75 euros. Mas mesmo que custe 100, é bem preferível a gastar o mesmo valor num cabo USB xpto. Ainda há pouco tempo experimentei um cabo USB de 500 euros cujos resultados não foram tão satisfatórios…
Um bug é um insecto. Mas em linguagem informática também é um grão de areia na engrenagem da rede. O Audioquest Jitterbug filtra as impurezas do sinal digital induzidas pelos sinais eléctricos que também fluem pelo cabo e impede que os 'grãos' de jitter cheguem à 'engrenagem' do DAC. Resultado: um som mais macio, texturado, fluido e natural.
A Audioquest alega que montar outro Jitterbug em paralelo, ou seja, numa outra porta USB do PC, mesmo que não esteja a ser utilizada, reforça o efeito de filtragem. Não sei se é assim ou não, para conseguir sacar este sample para teste tive de gastar o meu latim quase todo…
A Audioquest é distribuída entre nós pela Esotérico (ver em Distribuidor em Destaque). Encomende já o seu Jitterbug. Nunca ouvi nada com um factor tão elevado na relação preço/efeito. Um efeito que nem sempre é evidente quando se coloca mas que é ÓBVIO quando se retira: o som fica mais áspero e fininho…
Quem disse que eu só testo 'coisas caras'?...