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Austrian Audio ‘The Composer’ - tributo de amor à música

Austrian Audio- Full Score One and The Composer.jpg

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Os auscultadores dinâmicos-abertos ‘The Composer’ são um tributo dos austríacos ao seu amor pela música. Com a mesma arte de uma valsa de Strauss.

Confesso que não conhecia a Austrian Audio. Mas conheço bem a AKG, a companhia austríaca famosa pelos seus auscultadores e microfones profissionais que formou os seus principais engenheiros.

O meu interesse pelos auscultadores Austrian Audio ‘The Composer’ foi despertado pelos colegas do Hi-Fi Expert Group, da EISA, que os votaram para o prémio de ‘High-End Headphones 2024-2025’, como eu teria votado se os tivesse testado no devido tempo.

A Sound&Pixel, que distribui a marca em Portugal e Espanha, enviou-me, entretanto, ‘The Composer’ para testar, acompanhado pelo amplificador de auscultadores ‘The Full Score’.

Antes da habitual descrição técnica, que pode ser mais ou menos ‘discreta’, permitam-me abrir com um ‘soundbite’, daqueles que definem um produto em poucas palavras: dos muitos auscultadores dinâmicos que já ouvi, os ‘The Composer’ são os únicos que soam como planar-magnéticos. Pronto, já disse.

O verão (agora escreve-se com v pequeno, mas enfim…) é a pior estação para testar auscultadores e amplificadores a válvulas, com 40°C lá fora. Mas corro por gosto, portanto, com muito suor e pouca inspiração aqui vai.

Uma sinfonia para os ouvidos

No universo em constante evolução do áudio de alta fidelidade, surge ocasionalmente um equipamento que não se limita a reproduzir música — faz parte da própria música, transportando o ouvinte para a grandiosidade de uma interpretação ao vivo, embora aqui num espaço de intimidade não partilhada.

Os auscultadores ‘The Composer’, da Austrian Audio, são uma obra-prima auditiva que eleva a experiência de audição a uma forma de arte, com o peso, o equilíbrio, a precisão e a ressonância emocional de uma orquestra completa. Contudo, pesam apenas 385g.

À primeira vista, podem parecer até demasiado simples, com o seu ‘design’ minimalista, considerando o seu preço elevado de 2.490 €. Mas é uma modéstia enganadora, porque se trata, de facto, de uma obra de engenharia nascida no coração de Viena — a cidade da música, onde a Austrian Audio, embora ainda pouco conhecida no mercado, rapidamente se destacou como um nome de excelência. Os ‘The Composer’ são a prova do compromisso inabalável da Austrian Audio com a pureza do som.

União de forma e função

O ‘design’ é tão elegante quanto funcional, utilizando um misto de metal e plástico rígido, para manter o peso baixo. A cabeceira, em pele e tecido rendado para facilitar a respiração, apoia-se na cabeça sobre apenas duas finas tiras em espuma, reduzindo o aquecimento, nos dias quentes de verão.

Por meio de pressão num botão, os apoios da cabeceira deslizam numa calha montada na mola de aperto lateral. O percurso podia ser um pouco mais longo para melhor adaptação aos diferentes formatos de cabeça. Eu não me considero propriamente ‘cabeçudo’ e esgotei o limite de ajustamento. Por outro lado, as cabeças mais pequenas vão ter também alguma dificuldade em encontrar o ajustamento certo.

Austrian Audio The Composer, uma prenda dos austríacos para os amantes da música.

Austrian Audio The Composer, uma prenda dos austríacos para os amantes da música.

As cápsulas, que albergam os altifalantes de 49 mm, com perfil de diamante e cobertura de carbono, protegidos por uma grelha de metal exterior, estão suspensas por um anel de plástico rígido, no qual estão montadas as fichas de entrada dos cabos. Uma forquilha, na qual está impresso o logótipo da marca a branco, faz depois a ligação a um pivô que gira livremente para permitir uma boa adaptação lateral. Novidade e muito útil também é o ajuste vertical dos auriculares com quatro posições.

Os auriculares, de formato ovalado ou elíptico (semelhante a uma pista de corrida), são suficientemente grandes para envolver bem as orelhas, como gosto, por ser fundamental para um bom isolamento, e para uma reprodução natural de graves.

As almofadas de espuma macia estão forradas a pele aveludada e são fofas e extremamente confortáveis, podendo ser utilizadas por longos períodos sem desconforto.

A pele sintética pode degradar-se com o tempo, mas as almofadas com fixação magnética são muito fáceis de retirar e substituir. No interior das almofadas, enormes letras R e L impressas na espuma de proteção facilitam a identificação dos canais. E contribuem também a afinação ('voicing').

Nota: eu também experimentei com vários tipos e espessuras de espuma para ‘afinar’ os meus Hifiman HE1000 planar-magnéticos.

Tal como o Ford T, pode escolher a cor de que mais gosta, se for preta. Apenas o cursor do ajuste vertical e os pontos da costura da cabeceira são vermelhos, estabelecendo um contraste requintado.

Mas, como qualquer audiófilo sabe, a estética e o conforto são apenas parte da equação. A verdadeira medida do valor de um auscultador está na sua capacidade de reproduzir som com fidelidade e ‘nuance’, e aqui, os The Composer excedem-se de forma notável.

Calha de ajustamento da cabeceira (esq.) e ajuste vertical dos auriculares com quatro posições (ponto vermelho).

Calha de ajustamento da cabeceira (esq.) e ajuste vertical dos auriculares com quatro posições (ponto vermelho).

Mãos na massa

Os The Composer são fornecidos com todos os tipos de cabos, incluindo com terminação Pentaconn de 4 mm (até que enfim, uma marca simpática se lembrou deles!).

Assim, foi fácil ligá-los aos amplificadores que tinha disponíveis: iFI Audio Diablo 2 (adaptador 6,3 mm+Pentaconn 4,4mm), Ferrum Oor (XLR) e, noblesse oblige, Austrian Audio First Score (XLR+Pentaconn). E ainda, só pela graça, o liliputiano iFI GO Bar Kensei (Pentaconn 4,4 mm).

A impedância é de 22 ohms e a sensibilidade de 112dB, pelo que nenhum destes amplificadores (incluindo o Kensei) teve qualquer dificuldade em alimentá-los. Contudo, o melhor som foi obtido com o trio Ferrum Hypsos+Wandla GoldenSound+Oor (XLR).

Como acontece com todos os auscultadores abertos, a audição não é ‘privada’, porque parte do som (com exceção dos graves) acaba por escapar pela grelha para o exterior. E parte do som ambiente também se infiltra pela grelha, pois estes auscultadores não têm circuito digital de redução de ruído. Mas é quando os colocamos que percebemos o que andámos a perder.

Uma obra-prima sonora

No momento em que se carrega no play, os The Composer transportam-nos numa viagem por paisagens sonoras ricas em detalhe e profundidade. A imagem sonora, ampla e expansiva, coloca-nos no centro da apresentação, com os instrumentos e vozes dispostos com precisão milimétrica à nossa volta. É como se os auscultadores se dissolvessem, deixando-nos imersos na própria música.

É como se os auscultadores se dissolvessem, deixando-nos imersos na própria música.

A resposta dos graves é firme e controlada, proporcionando uma base sólida sem sobrecarregar as frequências médias, onde os The Composer mostram verdadeiramente o que valem. De facto, as vozes são reproduzidas com uma clareza e calor que capturam cada ‘nuance’ da voz humana, desde a respiração subtil antes de uma nota ser cantada até ao ‘vibrato’ delicado que lhe dá profundidade emocional, sem adicionar dureza ou sibilância. Este nível de detalhe é algo que, até aqui, só experimentei com auscultadores planar-magnéticos.

Este nível de detalhe é algo que, até aqui, só experimentei com auscultadores planar-magnéticos.

Os agudos, nítidos e cintilantes, pairam ligeiramente acima da mistura, adicionando ar e espaço sem nunca se tornarem fatigantes. Contudo, este é talvez o único desvio da neutralidade. Eu teria preferido um pouco menos de luz aqui, pois a gama média superior já tem claridade que chegue.

Mas nem assim me senti tentado a utilizar igualização, pois receei que afetasse o inesgotável manancial de informação e detalhe, incluindo a denúncia imediata da má qualidade das gravações, que pode ser interpretada erradamente como distorção. Preferi, pois, ouvi-los ao natural, tal como soam à saída da caixa, porque o som nunca é estéril, pelo contrário, é sempre cheio de vida.

No interior das almofadas, enormes letras R e L impressas na espuma de proteção facilitam a identificação dos canais.

No interior das almofadas, enormes letras R e L impressas na espuma de proteção facilitam a identificação dos canais.

Contudo, os The Composer distinguem-se pela sua capacidade de manter este equilíbrio com todos os géneros musicais. Quer esteja a deleitar-me com as harmonias exuberantes de uma sinfonia de Mahler, as improvisações intricadas de um quarteto de ‘jazz’, ou os ritmos pulsantes da música eletrónica, estes auscultadores lidam com cada um deles com elegância e segurança, reproduzindo todas as cores da música, sem as carregar.

Mozart foi, provavelmente, o ‘Compositor’ que inspirou o nome. Mas percebo que não o queiram identificar, porque tocam igualmente bem Beethoven, Mahler ou Wagner; Coltrane ou Dylan, Brel ou os Beatles. Dê-lhes o nome de que mais gosta. E por que não Strauss?

Os ‘The Composer’ são, sem dúvida, de nível de referência; e são, de longe, os auscultadores dinâmicos-abertos com melhor equilíbrio tonal que já ouvi na sua categoria abaixo dos €3.000.

Austrian Audio Full Score One and The Composer

Austrian Audio The Composer, uma prenda dos austríacos para os amantes da música.

Calha de ajustamento da cabeceira (esq.) e ajuste vertical dos auriculares com quatro posições (ponto vermelho).

No interior das almofadas, enormes letras R e L impressas na espuma de proteção facilitam a identificação dos canais.


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