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Focal Kanta 2 – audição por JVH

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Conheci Jacques Mahul, o fundador da Focal, há tantos anos que, quando penso nisso, até me assusto. A Focal é um dos poucos fabricantes de colunas de som (e auscultadores!) que utiliza os seus próprios altifalantes e tem tecnologia exclusiva. A nova linha Kanta, que vem na sequência da Sopra, resulta do casamento entre as Utopia, de painel côncavo, e as Aria, de altifalantes com cone de linho.

A versão das Kanta 2, que actuou em exclusivo para mim, no excelente auditório principal da Esotérico/Smartaudio, em Loures, como, aliás, pode actuar para si, basta reservar, tinha a cor mais consensual, o negro-piano lacado. Mas, como podem ver no ecrã da foto, há outras cores e texturas, tanto do painel frontal como da caixa, que tem 1,12 m de altura, incluindo azul-bebé (Gauloise Blue), amarelo gema-de-ovo (Solar Yellow) e branco-mármore (Carrara White), talvez numa tentativa de atrair a outra metade da humanidade que liga pouco ao hifi: as mulheres.

A grelha é minimalista, dividida em duas partes, e coloca-se por meio de apoios magnéticos. Eu gosto mais de as ver sem grelhas, até porque o acabamento é excelente e os cones de linho são atraentes.

A nova linha Kanta, que vem na sequência da Sopra, resulta do casamento entre as Utopia, de painel côncavo, e as Aria, de altifalantes com cone de linho..

Alberto Silva chamou-me a atenção para um pormenor curioso: embora os cones dos altifalantes sejam do mesmo material dos utilizados nas Aria, estes são ásperos ao tacto, enquanto os das Aria têm uma camada protectora de verniz ou polímero e estão como que plastificados. Talvez tenham concluído que o verniz introduzia uma forma qualquer de coloração, mas especulo apenas com base na minha experiência.

Focal Kanta nr.2 com altifalantes de cone de fibra de vidro e linho natural

Focal Kanta nr.2 com altifalantes de cone de fibra de vidro e linho natural

Para mim, soaram-me exactamente como os da Aria, pelo menos é este o som que retenho na minha memória auditiva: um som macio, natural, sem a desagradável coloração do plástico e do metal.

O tweeter é o IAL3 de 27mm, de berílio, com cúpula invertida e corneta traseira de absorção: muito informativo, muito preciso, se bem que um pouco vivace, embora a actual versão 3 seja mais apaziguadora. A Focal gosta de montar o tweeter à altura da cabeça de um ouvinte sentado, pelo que o médio é montado no topo. Os dois altifalantes de graves são de 165 mm, tal como o médio, e os cones são do mesmo material: uma sanduíche de linho e fibra de vidro.

O painel frontal é espesso e sólido, sendo construído com um material de polímero inerte de alta densidade, e não tem aresta vivas para evitar efeitos de difracção. A curvatura é inspirada na geometria de alinhamento temporal das Utopia e Sopra. Digamos que a Kanta é uma Aria que vive no corpo de uma Sopra, com um preço - e um som - a meio caminho entre ambas.

A estabilidade do conjunto é garantida pela base em Zamac (liga metálica), com quatro tentáculos terminados por bicos (spikes), que podem assentar sobre discos de protecção do soalho. Tal como acontece com todas as colunas reflex, não deve ser fácil adaptar o grave a todas as salas. Neste caso, estavam montadas num auditório tratado, pelo que o grave resultante, embora enfático, soou cantabile, com boa definição, articulação e um ritmo dengoso e cativante, como é bem patente até no registo em vídeo que apresentamos no final do artigo.

...a Kanta é uma Aria no corpo de uma Sopra, com um preço - e um som - a meio caminho entre ambas...
Focal Kanta nr.2 a nova estrela que brilha no universo da Esotérico

Focal Kanta nr.2 a nova estrela que brilha no universo da Esotérico

As Kanta foram (bem) alimentadas por um ‘modesto’ Naim Uniti Nova, com apenas 80 W/c declarados, que as levaram ao altar sem problemas. A fusão da Focal e da Naim, também no plano empresarial, está a dar os seus frutos, pois parecem ter sido ‘feitos’ um para o outro. Os leitores sabem que sou um fã do Naim Uniti, que utilizo diariamente como ’dama de companhia’; e o Nova, que é a versão mais potente, deu cartas com todo o tipo de música.

No vídeo, apresentamos apenas 3 excertos, mas, como é óbvio, o Alberto Silva, não deixou os seus créditos de demonstrador por mãos alheias, e ‘passou’ um programa variado com um ou outro ‘disco pedido’, que incluiu entre muitos outros: ‘A Case of You’, por Diana Krall, ao vivo, em Paris; a minha amada Stacey Kent em ‘What the World Needs Now’; Manu Katché, com um grande jogo de pares entre a bateria e o baixo a revelar bom ritmo; e a pancada seca na tarola de Manu muito bem definida, enquanto Tore Grunberg serve uma deliciosa cobertura melódica e rítmica de sax alto, bem ao jeito de Jan Garbarek; e o piano de Jason Rebello (de origem portuguesa?) se revela como a pedra basilar do conjunto.

E antes de algumas ‘pièces de résistance’, como as Symphonic Dances, de Rachmaninoff, pela Minnesota Orchestra, versão Reference Recordings, ouvimos uma das minhas peças barrocas preferidas, o Concerto para Violino em Ré Maior, de Haydn, pela violinista Isabelle Faust e o seu Stradivari, com a Orquestra de Câmara de Munique.

Sunrise’, Larry Carlton

Abrimos o vídeo em ‘souplesse’, com a guitarra semi-acústica de Larry Carlton evoluindo sobre uma ‘cama’ de pétalas de percussão e baixo. Para grave reflex estamos perante um caso sério de articulação.

Modul 27, Nik Bärtsch’s Ronin

Um misto de funk, jazz e exercício percutivo, ideal para ‘massajar’ os graves das Kanta, que se saíram muito bem do desafio.

Haydn, Concerto para Violino em Ré Maior, Isabelle Faust

Tudo neste disco é superlativo, e as Kanta cumpriram a sua função reprodutora dentro das minhas expectativas. Não posso dizer que nunca ouvi melhor, sobretudo o timbre do Stradivari, a presença harmónica do cravo, o sublinhado a traço grosso mas bem definido das cordas baixas e a ambiência geral. Mas em todos os casos ouvi com colunas de preço bem mais elevado, quando não mesmo demasiado elevado.

As Kanta nr.2 custam cerca de 7.500 euros, área onde a concorrência é forte, admito, mas pautam-se como uma excelente alternativa para quem não pode chegar às Sopra, que custam quase o dobro, e só se justificam para salas de 50m2.

 

O Naim Uniti Nova levou as Kanta às costas sem uma gota de suor...

O Naim Uniti Nova levou as Kanta às costas sem uma gota de suor...

Focal Kanta full front luminar copy2

Focal Kanta nr.2 com altifalantes de cone de fibra de vidro e linho natural

Focal Kanta nr.2 a nova estrela que brilha no universo da Esotérico

O Naim Uniti Nova levou as Kanta às costas sem uma gota de suor...


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