Será que a ‘Black Label’ tem no áudio o mesmo efeito que no uísque?
Costuma dizer-se que em equipa que ganha não se mexe. E o iFi Micro iDSD é um DAC ganhador. Em 2014, quando o testei para o Hificlube (clique aqui ou abra o teste nos Artigos Relacionados), gostei tanto dele que o considerei ‘O Melhor do Ano’ e comprei-o para meu uso pessoal. Desde então, tem sido um dos meus DACs semi-portáteis de referência, a par do Chord Hugo.
Entretanto, muito ‘streaming’ digital passou debaixo das pontes do áudio e houve um notável acréscimo de oferta de ficheiros áudio de alta resolução para ‘download’.
Ora, mesmo sabendo-se que, no domínio do digital, três anos é uma eternidade, em termos de evolução tecnológica, a verdade é que, com excepção do MQA, que continua envolto em muita polémica, o iDSD ainda não foi ultrapassado nas suas especificações.
Aliás, quando foi lançado no mercado, cujo preço se situava na casa dos 500 euros, o iDSD já oferecia compatibilidade PCM até 768kHz e DSD nativo até 8x, entre outros mimos só disponibilizados por DACs de 4 dígitos como: comutador de polaridade; 3 níveis de potência, ‘eco, normal e turbo’ sendo capaz de pôr a cantar mesmo o mais ineficiente dos auscultadores; 2 níveis de sensibilidade ‘High’ e ‘Ultra’ para melhor adaptação a auscultadores de ‘enfiar no ouvido’ demasiado sensíveis; e 3 filtros à escolha: ‘standard, bit-perfect e minimum phase’.
Além de DAC, o iDSD pode ainda ser utilizado como prévio, atacando directamente um amplificador ou colunas activas; e como amplificador de auscultadores, dispondo de saídas RCA com controlo de volume e controlos de tonalidade X-Bass (graves) e espacialidade ‘3D-holographic’, cujo efeito é bem mais audível nesta versão.
O iDSD funciona a baterias, que são carregadas via USB, e pode ele próprio funcionar como carregador de telemóvel!
Tem ainda particularidade de utilizar a mesma ficha como entrada/saída coaxial/óptica (Máx: 192kHz), o que significa que pode ser utilizado como conversor USB/SPDIF, ou seja 'digital-in, digital-out', para cópias digitais directas a partir de ‘streaming’. E mais não digo…
Posto isto, pergunta-se: o que se pode exigir mais?
E instala-se a dúvida sobre se será possível melhorar o iDSD com um aumento de preço para 598,99 € (preço do iDSD ‘Black Label’ nas lojas online SMARTstores).
Thorsten Loesch, o projectista da iFi Audio, acha que sim e eu também, depois de ouvir as melhorias. Ou será ‘provar’?
É que a ‘Black Label’ cumpre as expectativas. Da mesma forma que um Johnnie Walker ‘cinta preta’ é mais macio na boca que o ‘cinta vermelha’, o iDSD BL soa mais ‘encorpado’, texturado e macio que a versão anterior.
A seguir, só se for o ‘Gold’, porque não creio que lancem entretanto um modelo ‘Blue’…
Nota: eu não bebo em serviço!
‘Orange is the new black’
O iDSD BL apresenta-se numa caixa de alumínio anodizado a negro mate, com ‘lettering’ laranja, apesar de tudo discreto. De resto, é basicamente igual ao modelo prata anterior. Lá dentro, está o segredo:
- nova topologia do andar de saída
- amplificadores operacionais OV2627 no circuito analógico
- condensadores Panasonic OSCON
- condensadores de filme ECPU na fonte de alimentação do DAC
- relógio GMT Femto ainda mais preciso para redução do jitter
- circuitos 3D e XBass melhorados para maior eficácia
- circuito iPurifier integrado
‘Black Label on the… rocks’
E não só rock. Jazz, Blues, pop, clássica. O iDSD BL reproduz tudo em todos os formatos com a classe dos grandes DACs por uma fracção do preço. Só por isso já merece a recomendação do Hificlube.
E pergunta o leitor: é assim tão diferente do iDSD?
Sinceramente, eu não apostava a minha vida num teste cego, o que só abona em favor do modelo normal, que pode agora comprar por menos 200 euros.
Mas a diferença está lá, sobretudo na secção analógica: um palco mais amplo, melhor contraste dinâmico e uma tonalidade mais ‘dark’ sem perda de informação no agudo.
Eu era capaz de jurar que também tem mais ganho, pois raramente me atrevo a ir além do modo ‘Eco’ com auscultadores dinâmicos.
Com auscultadores planar magnéticos, como os Hifiman HE1000, o modo ‘Normal’ chega bem para as encomendas, o que significa que no modo ‘Turbo’ o iDSD BL até é capaz de ressuscitar ‘mortos’ como os Abyss.
Há melhor? Há. Eu mantenho a minha paixão pelo Chord Hugo. Mas custa mais do dobro. E sim, eu também tenho um Mojo…
Pelo que termino como há 3 anos atrás: por 598,99 euros, o iDSD ‘Black Label’ é imbatível, se a sua prioridade não é a ‘portabilidade’ absoluta mas antes a versatilidade digital (octa speed conversion PCM/DSD) e analógica (10.0V/4.000 mW/16 Ohm em modo Turbo!).
Para mais informações:
SMARTAUDIO