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Magico A3 – primeira audição por JVH

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A A3 é um passe de mágica de Alon Wolf, porque traz a lendária qualidade Magico para patamares de preço razoáveis, sem grandes compromissos técnicos ou sonoros. Dez mil euros continua a ser muito dinheiro mas, apesar de tudo, é apenas uma fracção do custo de muitos modelos de topo da marca.

As A3 foram apresentadas ao vivo no Highend 2018, de Munique, por um sorridente Alon Wolf, mas não foram demonstradas, tendo o distribuidor optado pelas M3, que são de outro campeonato e 20X mais caras!

Alon Wolf, na apresentação das Magico A3  - Highend 2018 - Munique

Alon Wolf, na apresentação das Magico A3 - Highend 2018 - Munique

Assim, só passado quase um ano, tive oportunidade de as ouvir tocar ‘ao vivo’, num dos auditórios da Imacustica- Lisboa, também acessível aos leitores do Hificlube, que podem visitar a loja espontaneamente ou com marcação.

Deste modo, poderão ouvir aquilo que eu ouvi, incluindo os mesmos discos, pois servi-me em exclusivo da discoteca da casa que está à vossa disposição.

Como já tive oportunidade de dissertar aqui, esta é a melhor forma de os leitores confrontarem o que lêem e o que ouvem, o que não seria possível se o crítico se confinasse ao seu auditório privado – e alguns discos raros – situação em que teriam de acreditar na opinião escrita sem contraditório.

As Magico A3, no auditório 2 da Imacustica - Lisboa

As Magico A3, no auditório 2 da Imacustica - Lisboa

Ao lançar as A3, colunas full-range de 3-vias e 4-unidades activas, com um preço de 10 000 euros, a Magico faz forte concorrência até a marcas mainstream, como a B&W ou KEF, ou com outras pretensões estéticas, como a Sonus faber, mantendo contudo a construção em metal integral, que distingue alguns dos modelos da marca, por oposição à madeira convencional, pese embora a total ausência de design artístico, ao contrário daquelas.

…Tal como o lendário Ford T, pode comprá-las na cor que mais gostar, desde que sejam pretas…

De facto, a A3 é basicamente um caixote rectangular, sem nada que a distinga, com estrutura interna também metálica e painéis em alumínio maciço (pesam 50 quilos cada!), com acabamento em preto escovado. Tal como o lendário Ford T, pode comprá-las na cor que mais gostar, desde que sejam pretas. Há quem considere que as colunas, tal como os amplificadores, têm de os ter ‘negros’, refiro-me aos painéis, claro. Portanto, não esteja à espera de uma obra de arte, de linhas sofisticadas, com a cor que mais se adapta aos seus cortinados. Isto é design industrial no seu melhor: o que conta aqui é a função e não a forma.

…Isto é design industrial no seu melhor: o que conta aqui é a função e não a forma…

Digamos que é o proverbial produto ‘forte e feio’. Mas pelo menos têm a vantagem de os altifalantes virem aparafusados directamente no painel frontal, facilitando a sua substituição em caso de avaria, sem ser preciso desmontar a coluna quase toda. Corrijo, então, para ‘forte e prático’.

Uma grelha metálica de favos, a fazer lembrar o painel das Martin Logan, completa o elegante conjunto (ver video).

Para uma coluna-de-chão, as dimensões são até bastante domésticas.

Para uma coluna-de-chão, as dimensões são até bastante domésticas.

E para cumprir a função de nos dar música de qualidade, a A3 vem equipada com um tweeter de 28mm, com cúpula rígida de berílio, baseado na plataforma do tweeter do M-Project (sem o banho de ‘pó de diamante’), com câmara própria; um novo altifalante de médios de 6 polegadas, com cone de carbono e grafeno, também com câmara de amortecimento independente, que o protege da pressão da onda traseira de dois altifalantes de graves de longa excursão (ver foto do interior).

Magico A3, por baixo da capa de metal está o segredo...

Magico A3, por baixo da capa de metal está o segredo...

O filtro divisor está solidamente aparafusado à base da coluna (ver foto em baixo) e utiliza bobinas Mundorf. Trata-se de um ‘Elliptical Symmetry Crossover’ de 3-vias e 24dB/oitava, inspirado no famoso filtro Linkwitz-Riley que, tal como a democracia, pode não ser o ideal mas ainda ninguém inventou outro melhor, pois garante a largura de banda, mantendo a linearidade de fase e minimizando a distorção por intermodulação. É quase a quadratura do círculo.

Conheci pessoalmente Siegfried Linkwitz, em Las Vegas, no saudoso Alexis Park (andava sempre de sandálias com meias…), e lembro-me de ele dizer: ‘só com um filtro activo é (talvez) possível fazer melhor…’. E repetia: ‘… talvez…’, com ar desafiador e sorridente. Faleceu em 11 Setembro de 2018, com 82 anos, e ainda estava à espera que alguém lhe provasse o contrário. Outra grande paixão de Linkwitz eram as colunas ‘open-baffle’. Era engenheiro da HP, e tudo o que fazia por fora, fazia-o por gosto. Como eu.

1ª audição crítica

As Magico M3, com fontes dCS/Innuos e amplificação PS Audio, no auditório 2 da Imacustica - Lisboa

As Magico M3, com fontes dCS/Innuos e amplificação PS Audio, no auditório 2 da Imacustica - Lisboa

Ouvi as A3 no auditório 2 da Imacustica-Lisboa, integradas num sistema composto por: dCS Rossini/Innuos ZenII, prévio/amp PS Audio BHK Signature pre/250, cablagem Transparent Audio.

dCs Rossini, leitor CD/DAC

dCs Rossini, leitor CD/DAC

Portanto, um sistema adequado mas sem excessos, sabendo nós que Manuel Dias podia ter lançado em jogo uma equipa de amplificação highend, como aquelas com que habitualmente me brinda, das escuderias Constellation, D’Agostino ou Audio Research.

PS Audio BHK Signature preamplifier

PS Audio BHK Signature preamplifier

Depois de uns minutos iniciais de conversa, com Diana Krall em fundo, para me habituar ao som, Manuel Dias deixou-me aos comandos e saiu para tratar de negócios. Pelo Rossini, passaram, então: Diane Schuur c/ Orquestra de Count Basie; Yehudi Menuhin, tocando Paganinni; Jazz At the Pawnshop, Marcus Miller, Carlos do Carmo/Sassetti, seguidos por uma sessão de Tidal, cortesia da Innuos.

PS Audio BHK Signature  250 amplifier

PS Audio BHK Signature 250 amplifier

Esta breve amostragem permitiu-me concluir o seguinte:

A A3 alia as virtudes de uma monitora de 2-vias (já lá vamos) ao grave de uma coluna de banda larga, com a vantagem da definição e articulação típica de uma caixa fechada (já lá vamos, também). E soa bem ‘maior’ do que a expectativa gerada pela sua aparência, sólida e compacta.

Soou-me mais escura que as irmãs da série S e menos informativa e neutra que os mais recentes modelos da série M, mas isso seria de esperar, tendo em conta a diferença de preço. Este tweeter é mais discreto e não tem o ‘brilho de diamante’ do utilizado na série ‘M’, tendo a resposta sido adequada para um melhor equilíbrio com o novo altifalante de médios, que mantém a neutralidade e transparência típicas da Magico, em resultado da caixa inerte e independente.

Esta opção de ‘fechar’ um pouco mais o tweeter deve-se à ‘passagem de testemunho’ do médio apenas aos 2,5kHz, para assim obter uma melhor resposta polar e integração da dispersão na zona de corte. O objectivo é que ambos soem como uma peça única, tanto on-axis como off-axis, alargando a área de escuta óptima. De notar que a transição do médio para o duplo-grave se faz aos 300Hz, também com muito pouca sobreposição, por efeito do filtro de 24dB/oitava. Daí aquela sensação de suavidade do agudo e ataque e limpeza do grave, poupando o cérebro a ter de ignorar o excesso de brilho ou a reconstituir as linhas de baixo, que são aqui fáceis de seguir sem grande esforço auditivo.

O palco sonoro é bem dimensionado, assim como a especificidade e focagem das múltiplas imagens em cena, características que são normalmente apanágio das monitoras de 2-vias, com vantagem da ausência de stress ou compressão, sempre que é preciso reproduzir instrumentos ou orquestras de maior escala.

O grave tem boa extensão para uma caixa fechada de média dimensão, enquanto a definição e articulação são notáveis. Mesmo a níveis muito elevados de pressão sonora, a A3 nunca perde a cabeça, como sucede com quase todos os sistemas reflex, que nem sempre se dão bem com as salas, porque implicam com os modos de ressonância. A bombar em alto débito, a A3 mantém-se imperturbável, apenas poderá sentir com a palma da mão alguma vibração na parte inferior do painel traseiro, sujeita à enorme pressão sonora do duplo-grave de longo curso.

…É minha convicção que têm margem para evoluir em função da qualidade da amplificação…

A sensibilidade é de 87dB e a impedância de 4 Ohms, pelo que aconselho um amplificador com pelo menos 100W, embora o mínimo recomendado seja de 50W. É minha convicção que têm margem para evoluir em função da qualidade da amplificação, sem se tornarem no elo fraco do sistema, até patamares próximos do highend sem compromisso de preço.

Se o que procura numa coluna de 10 000 euros é a qualidade de som de banda larga, num corpo escorreito e domesticamente aceitável, ainda que sem a beleza do design, na forma e na cor, ou o conforto táctil da madeira das alternativas europeias, recomendo que vá ouvir as Magico A3, na Imacustica, porque vaticino que vão fazer a vida negra à concorrência – e não é só pela cor da pele...

Para mais informações: IMACUSTICA

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Alon Wolf, na apresentação das Magico A3 - Highend 2018 - Munique

As Magico A3, no auditório 2 da Imacustica - Lisboa

Para uma coluna-de-chão, as dimensões são até bastante domésticas.

Magico A3, por baixo da capa de metal está o segredo...

As Magico M3, com fontes dCS/Innuos e amplificação PS Audio, no auditório 2 da Imacustica - Lisboa

dCs Rossini, leitor CD/DAC

PS Audio BHK Signature preamplifier

PS Audio BHK Signature 250 amplifier


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