Ouvir o som e ver o filme sem ‘ver’ as colunas, é hoje a primeira escolha da maior parte das donas-de-casa. Já eles preferem a…potência. Mas estão a adaptar-se…aos poucos.
O hifi, sobretudo o highend, tem altos e baixos, e não me refiro aos agudos e aos graves mas ao pulso do mercado. Delfim Yanez, da Delaudio, confessa que tem observado ultimamente uma tendência para a opção por colunas ‘invisíveis’, em detrimento do tradicional par estéreo montado na sala.
Segundo ele, isso deve-se ao cada vez maior poder de decisão das donas de casa no que diz respeito ao que ‘fica bem ou fica mal’ no ambiente doméstico, em termos práticos e decorativos, e também à opção de arquitectos e construtores civis de venderem as casas já com pré-instalação de som ‘chaves na mão’.
A Monitor Audio parece ter resolvido entretanto a questão mais sensível da qualidade do som dos sistemas in-wall da última geração de ‘Controlled Performance Speakers’, ou seja, como agradar também ao homem-da-casa.
Ao contrário dos painéis acústicos abertos de encastrar, cuja qualidade de som depende muito da acústica da zona de colocação, estas são ‘colunas de caixa’ de performance controlada de encastrar no tecto ou nas paredes, com grelhas de colocação magnética, que se podem pintar na cor envolvente, tornando-se praticamente invisíveis.
No caso do modelo topo-de-gama de 3-vias demonstrado nas instalações da Delaudio, utiliza uma unidade dual concêntrica (médio e tweeter) pivotada, que pode ser direccionada para o ponto médio de escuta, deste modo reduzindo aquele efeito estranho de ‘som que vem do tecto’, sobretudo da coluna central, que está a cargo dos diálogos na reprodução da banda sonora de filmes. Nota: neste caso estava montada um central não-pivotada CPWT240LCR, que Delfim Yanez informou que iria substituir por uma pivotada CPWT380IDC para melhor integração geral.
Isso mesmo ficou patente no visionamento do Blu-Ray de ‘Hugo’, de Martin Scorsese, um filme fantástico, tanto no sentido literário como cinematográfico, com notável produção digital de efeitos especiais de movimentos de câmara, excelente imagem e som envolvente, que o conjunto Primare/Monitor Audio reproduziu de forma competente e agradável, com os diálogos a ‘sairem do ecrã’ mesmo com recurso à central standard.
Eis uma experiência interessante que recomendo a todos os que não querem (ou não podem) investir largos milhares num sistema de cinema em casa highend. Aliás, nesta época alta de futebol europeu, até pode ver o jogo Portugal-Hungria no ecrã gigante (esperemos que não seja o último…), enquanto aguarda pelo programa de experiências audiófilas com as quais Delfim gosta sempre de surpreender. Desta vez, Delfim conseguiu provar-me que as fichas RCA têm um efeito negativo audível (!!) na qualidade do som…
Não há melhor ficha que ficha nenhuma…
Um dos motivos da minha visita foi a apresentação dos novos amplificadores integrados de Classe A/B Pass Labs INT 60 e INT250, baseados nos correspondentes modelos estéreo da Série 8, que têm excelente imprensa em todo o mundo. Nelson Pass ainda não perdeu o jeito, desde o tempo do glorioso Threshold Stasis…
Integrado num sistema composto por fonte Esoteric K01, complementado pelo relógio atómico V-Acoustics VA-MCLK-01, de Vasco Soares (ver aqui, aqui e aqui), que Delfim Yanez já não consegue dispensar para ouvir música, por razões que são evidentes logo ao primeiro vagido do sistema; e as excepcionais monitoras 2-vias Raidho D1 (ver aqui), o Pass INT250 demonstrou o alto gabarito da marca que ostenta, pautando-se como um amplificador poderoso, rápido, muito transparente e de elevada musicalidade, do melhor que a Pass tem produzido ultimamente.
Apesar da excelência do som, Delfim quis provar-me que era possível ir ainda mais longe substituindo as fichas RCA por uma ligação directa, o que, convenhamos, não é prático nem se aconselha fazer de motu próprio. Deixem que a Delaudio trate do assunto, se for essa a sua opção, após audição prévia e comparativa. De uma coisa pode ter a certeza: um par de fichas (ou a ausência delas) pode ter mais influência que um dispendioso par de cabos!...
Como costumam dizer os críticos de áudio para disfarçar o seu gosto excessivo pela hipérbole: a diferença não é subtil. Há uma maior sensação de Pace&Rythm, para citar o meu colega da HifiCritic Martin Colloms, com tudo o que isso comporta de puro gozo na nossa apreciação da performance e de envolvimento no processo musical em curso.
E não estamos a falar de discos audiófilos. Ouviram-se os Beatles, os Doors ao vivo e Coltrane em mono, que parecia estéreo!, além do Siegfried do Anel dos Nibelungos, na versão definitiva de Solti para a Decca.
Preços do novo equipamento em análise:
Monitor Audio:
CPWT380 IDC – duas colunas à frente e duas atrás – Preço unitário 599€
CPWT240 LCR – Canal central – Preço unitário 375€
REL T9 Subwoofer – Preço unitário 1280€
Pass Labs:
Passlabs int 250 – Preço unitário 14900€
Passlabs int 60 – Preço unitário 11600€
Para mais inforamações: DELAUDIO