Quando entrei no auditório 1 da Imacustica-Lisboa, estava a tocar a ‘Primavera’ das ‘Quatro Estações’, de Vivaldi.
Ora, este foi também o concerto escolhido para a apresentação, em Veneza, em 2010, das THE Sonus faber (aka Fenice), o navio-almirante da Sonus faber, e também o vídeo mais visto de sempre no canal Hificlube.net no You Tube: +200 000 visionamentos.
Logo ali, achei que esta curiosa coincidência era um bom augúrio. As THE tinham sido a chave de ouro para a entrada de Paolo Tezzon, como responsável pelo departamento técnico da Sonus faber, que aparece no vídeo feliz ao lado da que continua a considerar como a sua obra-prima.
Da THE Sonus faber à Olympica Nova, passando pela Cremonese
Tal como um pai, Paolo não gosta de mostrar preferência pelos filhos, embora tenha confessado, numa conversa informal, em NY, no famoso World of McIntosh, que as Cremonese, que testei para a revista Hi-Fi News, em 2015, eram a sua coluna preferida, desde as ‘Fenice’.
Nota: pdf do teste integral em inglês da Sf Cremonese disponível no final do artigo.
A tradição ainda é o que era
Anda não tive oportunidade de falar com Paolo Tezzon, mas creio que as Olympica Nova vão ser a sua actual coqueluche. Falo apenas com base na minha breve experiência de audição das Nova V, a coluna-de-chão topo de gama da nova série, que é um remake da Olympica original, cujo nome se inspira no Teatro Olympico, de Vicenza, do arquitecto clássico Palladio, onde foram apresentadas à imprensa há 6 anos.
Para compreender a filosofia da Sonus faber, fundada em 1983 pelo saudoso Franco Serblin, é preciso ir a Vicenza e à vizinha Cremona, e viver o ambiente cultural e ambiental que rodeia a fábrica e a importância da tradição em todos os seus produtos.
Da arte de trabalhar a madeira e a pele, às formas das colunas, quais instrumentos de corda, como os famosos violinos fabricados no século XVII por Stradivari, Amati e Guarneri, na região vizinha de Cremona, e que deram o nome a tantos dos modelos das séries Homage e Homage Tradition, quase todos analisados no Hificlube, ao longo dos anos (ver em Artigos Relacionados, no final da página).
Olympica morde calcanhares à Tradition
Seis anos depois, as novas Olympica Nova, passe a aparente redundância, são a simbiose estética e acústica perfeita da linha Olympica original e da linha Tradition, tendo sido mantidos os elementos essenciais, que as identificam
Olympica Nova é a simbiose estética e acústica perfeita da linha Olympica original e da linha Tradition
De relance nada mudou, contudo as diferenças são muitas. As caixas são construídas de oito camadas de madeira flexível, sobre uma estrutura interna rígida para obter o famoso formato de alaúde, sem paredes paralelas e eliminar as ondas estacionárias internas, mas agora com uma inovação: a forma assimétrica, que permite ‘direccionar’ a grelha longitudinal metálica da saída reflex para um melhor acoplamento dos graves profundos com o ar da sala (ver video abaixo).
Da linha Tradition, herdaram o topo em madeira com moldura de metal, inspirado também nas quilhas dos barcos Riva. Mas foram mais longe, ao substituir também a pele pela madeira no painel frontal, tornando a coluna mais leve visualmente.
A pele genuína é agora apenas aplicada no baffle restrito (ver video abaixo), que emoldura o altifalante de médios e o tweeter, não alienando assim as suas propriedades anti-reflectoras.
A base foi também redesenhada e fabricada em alumínio sólido, com robustos spikes em aço inoxidável.
Em termos de preço, a linha Nova situa-se acima das linhas Chameleon e Sonetto e abaixo da Tradition, sendo composta por 7 modelos: três de-chão V (15 mil), III (12 mil), II (9 mil), com a mesma configuração de médio/agudo e variando no número de woofers, respectivamente 3, 2 e 1; e o modelo I (6 mil), uma monitora de suporte, com o mesmo tweeter e uma variante médio/grave do altifalante de médios, sem woofer. Duas centrais e uma coluna de parede completam a linha.
Nota: a importância do mercado chinês para todos os fabricantes, europeus ou americanos, obriga a eliminar os modelos designados IV, porque, segundo a tradição chinesa, o 4 é número de azar…
Numa entrevista recente a Doug Schneider, Paolo Tezzon revelou que o tweeter DAD – Damped Apex Dome é uma nova versão, na qual foi colocada uma pequena peça de espuma entre o arco de metal dispersor e a cúpula de seda, que controla o excesso de movimento e favorece a audição off-axis.
Os altifalantes de médios também têm montados no tapa-poeira do cone uma ogiva (phase plug) fabricada numa liga de alumínio e cobre para melhorar a dinâmica e eliminar a distorção por intermodulação.
No filtro divisor do tipo Paracross, são utilizados novos condensadores ClarityCap, fabricados em exclusivo para a Sonus faber.
…em termos relativos, tendo em conta o preço de 15 mil euros, a Olympica Nova V é a melhor coluna projectada pela dupla Tezzon/Cucuzza…
Confessou também que o objectivo era obter uma qualidade de som o mais próxima possível da linha Tradition. Terá Paolo alcançado o seu objectivo?
Eu diria que sim, arriscando declarar, com base apenas numa primeira audição de um par de Nova V ainda ‘verdes’, que não só alcançou como superou, pelo menos no caso específico da Serafino. E vou mesmo mais longe: em termos relativos, tendo em conta o preço de 15 mil euros, a Olympica Nova V é a melhor coluna projectada pela dupla Tezzon/Cucuzza - e forte concorrência à sua própria antecessora.
Audição crítica por JVH
Isso mesmo ficou patente na audição, que realizei, na companhia de Paulo Soares, com base em SACD e CD, reproduzidos por um PS Audio Memory Player, e com base em streaming da Tidal, via K-Krell 300i, cujo teste recente no Hificlube podem ler aqui ou em Artigos Relacionados, no final da página.
Abrimos com ‘Trouble’s What you are In’, por Fink, ao vivo, do álbum Wheels Turn Beneath My Feet, com a voz dorida, dolente e arrastada, acompanhada por guitarras dedilhadas e percutidas, com apoio de um seat drum. Boa resposta transitória e reprodução da ambiência envolvente.
Nota: primeira faixa no vídeo abaixo
Seguiu-se ‘Hambone Blues’, do álbum Redneck Blues, um título por certo irónico, pois Mighty Mo Rodgers é inconfundivelmente negro, soando a sua voz rouca e poderosa envolta numa base de percussão, cuja estrutura e ritmo foram muito bem reproduzidas pelas Nova V.
Nota: segunda faixa no vídeo abaixo
Death Row, da colectânea From a Room, é uma canção blues/country, esta sim cantada por um red neck, Chris Stapleton, de longas barbas ruivas, com versos muito simples e bem inteligíveis, sobre um homem no corredor da morte, que diz que já se confessou a Jesus, não precisa de padre e só quer que a mãe saiba que fez o melhor possível e que a mulher saiba que a ama. De boas intenções...
Till Tomorrow de Yello/Till Brönner, do álbum Touch Yello, provou que as Nova têm baixo profundo q.b e articulado, sem perder claridade e transparência.
E fomos por aí fora, sempre com agrado, com deambulações pianísticas: das Gnossiennes, de Satie, por Lang Lang, à Troy Sonata, por Fazil Say, ou a Sonata nr.3, das 12 Suites para teclas de Oskar Ekberg. Nota: terceira faixa no vídeo abaixo.
Video com excertos da audição crítica
Faça a sua própria experiência auditiva na IMACUSTICA
Os leitores do Hificlube podem, mediante reserva, e sem qualquer compromisso, ter a experiência que eu tive, nas mesmas condições e com a mesma música – ou com selecção própria – nas instalações da IMACUSTICA, para assim poder aquilatar da qualidade das Sonus faber Olympica Nova V, ou qualquer dos outros modelos.
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