A Imacustica, pioneira da distribuição de áudio highend em Portugal, numa parceria aberta com a Absolute Sounds of London, fez 36 anos no início de Abril. JVH foi dar-lhes os parabéns.
A Imacustica está no mercado quase desde que eu comecei a minha carreira como crítico de áudio. Assim, fiz uma visita de cortesia à Imacustica-Lisboa para os felicitar pela passagem de mais um ano de sucesso, apesar das condições difíceis de uma pandemia seguida de uma guerra na Europa.
Compreensivelmente, não houve festa este ano - eles estão a poupar para o 40º aniversário. E, em vez disso, quem recebeu um presente fui eu.
Passei três horas sozinho no Grande Auditório do Imacustica, ouvindo à minha vontade um sistema de alta qualidade que incluía os seguintes componentes áudio:
Nota: ver fotos na galeria em baixo
- TechDAS Air Force Zero
- dCS Vivaldi APEX/lock/Upsampler
- Audio Research 6 SE
- DarTZeel NHB 468
- Wilson Audio Alexx V*
- Cabos Transparent Audio Opus Gen VI
* Nova versão das Wilson Audio Alexx
Ouvi quase exclusivamente streaming (Tidal) através da tripla configuração dCS por razões práticas. Testei recentemente o dCS Rossini Apex e perguntei-me se o Vivaldi Apex poderia ser ainda melhor. De facto, pode, mas a Imacustica acrescentou o Clock e o Upsampler à equação, pelo que seria injusto fazer comparações.
The Million Dollar System
Além disso, a sala de audição bem tratada e o soberbo sistema associado tiveram um papel essencial no resultado acústico final. Infelizmente, eu não tenho uma sala, muito menos um sistema deste nível em casa.
Sentei-me a ouvir música, e logo me veio à memória as minhas experiências com as Wilson Audio Wamm (ver aqui e aqui) há alguns anos atrás, estando eu sentado naquela mesma cadeira. As Alexx V chegam perto, mas não totalmente. As Wamm continuam a ser a minha referência absoluta. A excelência paga-se caro.
Peter McGrath apresenta as Wilson Audio Wamm na Imacustica
Ao ouvir faixa após faixa, perguntei-me também o que poderia justificar pagar meio milhão de euros, ou mesmo um milhão, para ouvir música gravada.
Há quem diga que qualquer bom sistema nos dá 80% do som por um décimo do custo.
Vozes e instrumentos soam basicamente iguais com qualquer sistema, não é verdade? Afinal de contas, até é possível reconhecer a voz de alguém pelo telefone. E mesmo umas colunas baratas não fazem um clarinete soar como um saxofone, esperemos.
Encontros imediatos
O que é afinal tão crucial nos 20% em falta?
Estes 20% contêm mais do que apenas música, algo que poderá ser um choque para quem nunca o tiver experimentado antes.
…um sistema high-end é um encontro imediato do terceiro grau…
É uma sensação física inebriante de espaço, atmosfera e até de estado-de-espírito, que lhe permite interagir, socializar, simpatizar, ou conviver com os próprios músicos - e não com entidades estranhas e ectoplásmicas.
Assim, quando compra um sistema high-end, é-lhe também concedido um encontro imediato do terceiro grau.
Um sistema áudio como este também proporciona uma melhor dinâmica, timbres e tons mais verdadeiros, uma apresentação mais realista do evento musical e uma imagem estéreo mais ampla e profunda.
Being there
"Being there’, estar lá, é uma expressão frequentemente utilizada pela crítica internacional. No entanto, penso que é o contrário - eles é que estão aqui! É como uma invasão consentida da nossa privacidade.
E não só os músicos mas também o local onde tocam, seja ele real ou virtual (produzido num estúdio), o ar que respiram, o espaço onde estão ou se movem. Os melhores sistemas (e gravações) transportam esse mundo paralelo inteiro para a sua sala de audição.
Selecionei excertos de cinco faixas para o vídeo abaixo para ilustrar o que acabei de escrever.
Captei som e imagem em separado para poder manter o microfone estacionário, mesmo em frente do ponto de escuta ideal. Utilizei um par de cardióides cruzados e um gravador digital a 24bit/96kHz e substituí o som do vídeo original feito com o meu smartphone.
O editor de vídeo faz downsampling do ficheiro de música para 44,1kHz, por defeito; o algoritmo do YouTube volta a processar o sinal para qualidade MP3. Portanto, o que se ouve (ligar ao sistema ou usar auscultadores para melhores resultados) é um fac-símile do real. Pode até ouvir alguma distorção à medida que o microfone se esforça por lidar com os picos.
Por favor, considere este vídeo como um teaser para o convidar a visitar a Imacustica (ou o seu revendedor local) e ouça por si próprio.
Julgue o meu esforço com amabilidade: eu sou apenas o mensageiro; nem sequer sou o pianista.
O vídeo como testemunha privilegiada
Faixa 1 - 'I’m confessing...', Dean Martin, do álbum Dream with Dean.
Dean Martin canta como se estivesse sozinho, fumando um cigarro e bebendo whisky junto à lareira. A banda toca discretamente, para não perturbar os seus pensamentos amorosos. Todas as canções mantêm o mesmo estado de espírito num ambiente acolhedor (estúdio). A voz de Dean Martin soa incrivelmente real. Quase se consegue ouvir as suas cordas vocais a vibrar. É o epítome audiófilo da tangibilidade.
Faixa 2 - Haydn: Concerto de Violino Nº 1 em dó maior, Allegro moderato
O envelope acústico da Sala de Concertos Schloss Elmau, com o seu teto de vigas de madeira, foi teletransportado magicamente da Baviera, na fronteira austríaca, para a sala de audição em Lisboa. E com ele veio a Orquestra de Câmara de Munique, dirigida por Christoph Poppen e Isabelle Faust (violinista).
Ela está de pé em frente da orquestra, ligeiramente à esquerda do centro. A sua interpretação é graciosa, fresca e vibrante, com uma técnica impecável.
É uma pequena sala de concertos, nota-se. No entanto, é possível ouvir o ar à volta dos instrumentos, particularmente o Stradivari (1704) ‘Sleeping Beauty’ de Isabelle Faust.
Faixa 3 - Dvorak, Sinfonia No.9 - Adagio - Allegro Molto
Um palco sonoro alto, largo e profundo fez evaporar as paredes da sala de audição para hospedar uma orquestra completa a tocar a Sinfonia No.9 de Antonin Dvorak. É possível ouvir a percussão e a secção de metais como se estivessem atrás da parede frontal e não houvesse um obstáculo físico.
Faixa 4 – ‘The way back home’ - banda de Steve Gadd ao vivo
Sente-se só? Que tal um concerto de jazz ao vivo pela banda do baterista Steve Gadd? Convide a malta para uma bebida - a banda e o público presente. Isso vai animá-lo. Sinta o impacto do pedal da bateria e do sistema PA da banda na sala.
Faixa 5 – Also Spracht Zaratrusta
Finalmente, viaje pelo tempo e espaço a bordo da nave de memórias de '2001, Odisseia no Espaço' enquanto ouve 'Also Spracht Zaratrusta'. A percussão e os metais rasgam o vazio vindos do espaço sideral para o assombrar e deixá-lo sem palavras.
Os sistemas high-end funcionam quase como ‘transponders’ que, ao receberem um sinal musical, emitem não apenas esse sinal mas todo o evento musical para dentro da sua sala.
Auditório 2
Manuel Dias convidou-me ainda para ir ouvir um sistema de topo mas muito mais barato, composto por:
- dCS Bartók
- Constellation Integrated 1.0
- Franco Serblin Ktêma
O som estava delicioso, mas trata-se de uma experiência completamente diferente. Este é um sistema mais doméstico, que não transige na qualidade, mas exige menos do ouvinte em termos físicos.
É uma experiência mais espiritual que física: a música está ali para nos fazer companhia, não nos arrasta para o vórtice com o seu poder; e não nos obriga a concentrar, podemos conversar, ou ler, ou até atender o telefone.
É um sistema que nos aconchega a alma com uma fidelidade ‘canina’, se me é permitida a expressão.
Os leitores poderão saber mais sobre este sistema, lendo as críticas e opiniões que foram já publicadas no Hificlube.net, bastando para isso clicar sobre o nome do produto:
- dCS BartóK
- Constellation Integrated 1.0
- Franco Serblin Ktêma
Para mais informações contacte: