Com alguns intervalos para comer, dormir e ver a bola, tenho passado horas sentado ao computador, a editar fotos e videos e a escrever estas linhas.
Por vezes, uma dúvida me assalta: na era da internet, será que o High End 2014 não está já morto e enterrado, e eu devia partir para outra?
Com excepção da Ultimate Audio Elite, única protagonista da Parte 7-2, será que ainda há leitores interessados em rever a matéria dada, agora organizada por distribuidor? Não terão as centenas de fotos e comentários já publicados na net esgotado o assunto?
Será que não devia fazer como Leo Yeh, da MyHiend.com, que já colaborou amavelmente com o Hificlube em outras ocasiões, que é um bom fotógrafo e dispara sobre tudo o que mexe no M.O.C., mete o chip no computador e publica as fotos indiscriminadamente e com o mínimo de “conversa”, muitas vezes vezes sem uma legenda sequer?
Sinal dos tempos?
Nos iPhones as fotos ainda se conseguem ver, mas as letras são muito pequeninas, e o mundo hoje está constantemente on the move. Assim, como já são poucos os que se sentam para ler uma revista em papel, vão sendo também menos os que utilizam o computador da secretária, a não ser no trabalho ou na repartição...
Não admira, pois, que também no áudio, a malta prefira o estilo fast report para ver nos tablets e smartphones.
Ultimamente, tenho optado por essa técnica editorial: primeiro fotografo quase tudo a correr e começo logo a publicar para não “ficar para trás”, com a (des)vantagem que opto pelo slideshow, que permite ver as fotos em HD 1080p full screen, (a diferença é como limpar as lentes dos óculos sujos...), com música de fundo para entreter, sem o leitor ter de scrollar por ali abaixo dezenas de fotos com o polegar.
Contudo, considero que a aposta do Hificlube na imagem dinâmica, em video e com som ambiente, permite também uma “imersão total” aos leitores e uma melhor percepção do que se passou no High End 2014, embora exija mais tempo para editar, logo tem de ser utlizado nas corridas de meio-fundo e não de velocidade.
E deixo as especialidades do slow cooking para o fim para os audiófilos gourmet saborearem com tempo, depois de se terem “empaturrado” nos primeiros dias com acepipes fotográficos de todos os quadrantes bloguisticos.
Do menu apresentado abaixo, cada qual petisca apenas o que quer e gosta: no Hificlube pode comer de tudo sem pagar nada...
Todas as histórias têm uma narrativa, e a palavra escrita ainda tem algum valor sentimental para quem como eu cresceu no meio literário, mesmo quando se trata de um contexto eminentemente técnico. Mas se as pessoas preferem a escrita sucinta dos menus gastronómicos, porquoi pas: voilá et bon appétit...
MENU DA ULTIMATE AUDIO ELITE NO HIGH END 2014
Entrada
Ultimate Audio Elite slideshow para ver sempre em HD 1080p full screen. Nota: clique em Play seleccione 1080 p no ícone da roda dentada, e volte ao princípio. A diferença de qualidade da imagem é óbvia.
Salada variada de imagens
Ultimate Audio Elite Tour (HD video para ver em HD 1080p full screen)
PRATOS PRINCIPAIS
Colunas de som
1. Estelon Extreme
As Extreme custam 170 000 euros mais coisa menos coisa. E eu estive para as considerar o melhor som do High End 2014 até ouvir as Magico Ultimate III, que custam 600 000 dólares, o que depois de importadas deve dar uns 800 000 euros! Eu sei que tenho gostos muito caros, mas também são muito simples: o melhor serve-me perfeitamente...
2. Living Voice Vox Olympian
Vamos lá ver. As cornetas normalmente soam como...cornetas, algumas até como trombetas. Depois há as outras, as que soam como as trombetas do paraíso. A voz destas é olímpica, o preço também: superior a 350 000 euros! E eu acho que o preço não inclui o sub Vox Elysian...
Mas, caramba, a primeira vez que lá entrei estava a cantar uma soprano, e as pessoas estavam tão religiosamente silenciosas, que eu nem arrisquei sacar da câmara.
Nunca mais consegui que pusessem a soprano a cantar, e o que ficou para a história foi isto: uma sala cheia de orientais de olhos em bico a fazer fotos com o telemóvel.
Mas aquele bico toca que se farta!...
3. Marten Coltrane Supreme II
As Supreme fizeram par com os monoblocos da DarTZeel. Nos dois primeiros dias, o som estava assim-assim: um pouco cheio de mais em baixo e fino em cima, if you know what I mean. Mas ao terceiro dia, fez-se luz: os DarTzeel pegaram nelas e levaram-nas ao altar do som...
O dote é uma vez mais muito elevado, mas que sejam muito felizes e bem-aventurados (endinheirados), porque é deles o reino do áudio.
4. Vienna Acoustics Imperial Liszt
Baseadas nas famosas Musik articuladas, as Liszt deixaram-me encantado pelo corpo e naturalidade do som. Curiosamente, algo que as Musik nunca tinham logrado antes, ou melhor, talvez uma vez, em Las Vegas.
Mas diz o ditado: what happens in Vegas stays in Vegas...
Auscultadores
1. Audeze
Todos sabem o que eu penso dos Audeze LCD3. E se ainda não sabem podem ler aqui.
Porque what happens in Hificlube stays in Hificlube forever.
Tenho andado atrás do Miguel, a ver se consigo um parzinho dos novos LCD-X (abertos) ou LCD-XC (fechados). São fantásticos ambos, mas eu continuo a preferir os LCD-3. Caturrices de audiófilo velho...
2. Oppo
Os Oppo PM-1 também são do tipo planar-magnético como os Audeze. E pretendem ser o seu sucessor apesar de custar menos votos, perdão, menos euros. Tive o azar de ouvir os Oppo PM-1 pela primeira vez ligados a um iPhone e este a um server, e fiquei desiludido: grave pesaroso e um zing esquisito no topo.
Felizmente, no Domingo, já ao fim da tarde, consegui ter oportunidade de ouvir os PM -1 ligados ao amplificador dedicado HA-1. Hahah!, agora sim: som aberto, ultra transparente, tonalmente equilibrado e musical. E atenção: o HA-1 é do tipo tudo-em-um: prévio stereo, amp de auscultadores e DAC HD.
Talvez um bocadinho de espacialidade a mais, mas acho que o HA-1 (ou o Media Player) estava 'igualizado' para dar mais ar e amplitude ao som. Excelente mesmo assim. Melhor que os Audeze LCD-3? Isso depende da UAE me emprestar um par de cada para tirar teimas...
E ainda há a versão PM-2 mais barata...
Depois dos Universal Players, a Oppo volta a dar cartas!
Amplificadores a válvulas
Absolare
Absolare Passion preamplifier e amplificadores monobloco 845, com purificador ByBee. O gira-discos estava 'disfarçado' com a pele da Absolare mas é um Kodo, The Beat, braço Schroeder, célula Lyra, enquanto o 'streamer' era apropriadamente o 'The Beast' com tecnologia MSB.
Estavam a tocar com as fabulosas Rockport Altair II, que já ouvi em várias ocasiões e situações. Gostei mais do som do ano passado, talvez por os Absolare serem novidade para os meus ouvidos. Mas à medida que as válvulas queimavam, o som abriu, ganhou controlo e dinâmica sem nunca perder o doce sabor a pão-de-ló quente, acabado de sair do forno. No final, acabei rendido ao melhor som de válvulas do High End 2014.
Aquele violoncelo fazia chorar as pedras da calçada...
Electrónica de estado sólido
CH Precision
Bom, a Diana Krall até soa bem num rádio de pilhas. Mas os CH Precision funcionaram como um relógio suiço e para citar um verso de My Fair Lady: they took Vivid to the church on time.
Excelente entrosamento, como se diz no futebol, a que não foi alheia a participação do gira-discos Air Force One. Embora apenas a CH Precision seja distribuida em Portugal pela UAE, não faltam soluções no portfolio da UAE para os casar com igual felicidade acústica.
Já os tinha ouvido o ano passado no Kempinski, em Munique, e como vi por lá os 'olheiros' da UAE, fiquei logo a saber que iam comprar o passe deste ponta-de-lança tecnológico suiço.
ASR
As novidades eram: Emitter Exclusive Heavy Metall, LP Emitter I 'Die Quelle des Teilchenstroms', LP ASR Mini Basis 'Mit Durchblick', Basis Exclusive 'Sound Blaster'. Perceberam? Parece o menu de um restaurante alemão.
Eu, quando lá vou, costumo encontrar o Jorge Gaspar, que me dá a papinha já toda feita. O tipo que se vê na foto não saiu de dentro do recinto, e eu não consegui perguntar-lhe nada que ele tinha cara de poucos amigos.
E também não estava lá o Yoav, da YG Acoustics, pelo que fiquei sem saber que colunas eram aquelas. Mas está tudo na net...Ah, já sei: as colunas são as Triple Concept e utilizam unidades de diafragma plano. A resposta também me soou...eh...plana!
TAD
Andrew Jones é o grande 'master tape master'. Onde é que ele vai buscar aquele manancial de matrizes digitais com as quais nos deslumbra em cada demonstração, em qualquer parte do mundo. Eu bem levei uma penezita para fazer umas cópias-pirata, mas também ó meu!...
O som cortesia da TAD Compact Reference, D600 CD player, DA1000 DAC, C600 pre-amp, e M600 monoamps, estava gostoso demais.
Consta que o Miguel tem algumas. Vou ter de fazer como quando era miúdo, e trocava os cromos da bola...
Electrónica digital
1. Auralic
Tudo o que os leitores queriam saber sobre o revolucionário Auralic Aries e não tinham a quem perguntar foi respondido antecipadamente pelo Hificlube aqui.
O que me custava mais a acreditar era, de facto, se era possível transmitir DSD 128 sem fios (wireless). Então, e não me provaram que é?! (ver video). Aquilo funciona mesmo. Perguntei: mas primeiro converte para PCM? Não, é DSD nativo sem conversão prévia.
Se é assim, neste momento é único no mercado e custa menos de mil euros...
2. Lumin
Miguel Carvalho assume aqui o papel de narrador, visivelmente entusiasmado com o que viu e ouviu, e conta tudo o que se passa e vai passar com a Lumin.
Ainda cheguei a assustar-me, pensando com estavam a pensar importar também as colunas exóticas de bambu (todo o sistema é de madeira), mas não, era apenas uma coincidência a Lumin partilhar o espaço de exibição com a Trafomatic Audio.
Mola-Mola
Não consegui falar com o Bruno. Não por falta de disponibilidade dele (passou o tempo cá fora no corredor a conversar com toda a gente), mas porque fui adiando e acabei por falhar o encontro para a entrevista.
Mas não falhei o video da ordem. Os Mola Mola Makua (prévio) e Kaluga (monoblocos de Classe D) tocavam lá dentro com colunas Lansche.
O prévio pode ser encomendado por módulo phono ou DAC. Mas não deve estar pronto ainda, porque o DAC utilizado era da Meitner.
Bruno garante que o seu DAC vai ser revolucionário e à prova de tempo (nunca vai ficar desactualizado) só que precisa de mais...tempo.
3. MSB
Hificlube já informou os leitores sobre o 'Select'aqui mas deixem que desta vez seja o próprio Larry Gullman o narrador.
Sobremesa dinamarquesa, conhaque e charuto
Apresentação da Gryphon Pantheon (director’s cut video com 11 m para ver com moderação)
Mesmo antes de o show começar já os leitores do Hificlube tinham lido tudo aqui sobre as extraordinárias Pantheon. Nada melhor que um video da apresentação (em versão alargada) para tirar todas as dúvidas: