Quando tudo parecia indicar que a iFI tinha atingido o auge da sua linha iDSD com o modelo Pro, eis que nos surpreende de novo com o Head Amp/DAC Neo e a sua filosofia purista, por um preço ainda mais acessível: 750 euros!
Eu terei analisado para o Hificlube.net praticamente todos os Head Amp/DAC da iFI Audio, uma subsidiária da famosa AMR britânica, que sempre defendeu a opção bit-perfect dos leitor-CD e DAC, alegando que o ‘upsampling’ do sinal digital original era uma forma de degradação.
Aliás, comprei um ‘Micro’ iDSD para meu uso pessoal, porque na altura (Set 2014) era o único que suportava DSD512, quando os modelos highend 10 X mais caros ainda nem sonhavam com isso.
Nota: no final em ‘Artigos Relacionados’, os leitores podem recordar o que escrevi sobre os vários modelos da iFI.
CR7 e Maria Leal
Em Julho de 2018, publiquei o teste do Pro iDSD. E o facto de lhe ter dado o título iFI Pro iDSD, o CR7 do DSD, diz muito sobre as potencialidades únicas deste modelo, nomeadamente a capacidade de converter qualquer sinal digital por default para PCM 705kHz ou DSD1024 (a 49.152Mhz!), permitindo assim remasterizar em tempo real toda a sua coleção de CD e ficheiros ‘Red Book’, mas apenas no ato da reprodução, evitando ter de ocupar permanentemente espaço precioso de armazenamento nos seus discos rígidos: no formato DSD1024 uma única faixa pode ocupar + de um giga de memória…
E, tal como fiz questão de avisar, logo na altura: ‘A remasterização DSD não vai transformar a Maria Leal na Diana Krall. Embora ambas se apresentem loiras, só uma é genuína…mas a diferença entre a Leal e a Krall torna-se tão óbvia que dói ainda mais…’
Com o modelo Neo, a iFI Audio regressa às origens da AMR e opta por um DAC bit-perfect que reproduz os ficheiros digitais de áudio no seu formato nativo, até um máximo de PCM 32bit/786kHz e DSD512 1 Bit/22Mhz, com base num DAC de 4 conversores (dois por canal em modo diferencial) Burr-Brown True Native.
Mas a simplificação não se fica por aqui. Enquanto o Pro oferecia a opção por vários tipos de filtros (ler teste), o Neo utiliza apenas um filtro digital do tipo Gibbs Transient Optimised. Uma boa escolha porque já era o meu preferido.
E também não tem DSP, ou seja não faz processamento digital do grave (XBass), nem tem modos de ‘espacialidade’ artificial (3D Holographic Sound) para tornar a audição com auscultadores mais ‘espetacular’, algo que eu também não utilizava regularmente de qualquer forma.
Claro que o Pro iDSD é de outro campeonato, ou não fosse o ‘CR7’. Para já (se não estivesse esgotado) teria de pagar por ele 4 x mais que pelo Neo: os ‘pontas-de-lança’ são caros… É também muito mais versátil: pode, por exemplo, selecionar o andar de saída a válvulas ou transístores.
Além disso, oferece a função de Streamer, tão importante hoje em dia, porque dispensa o computador para entrar na Tidal, por exemplo, o que não é o caso do Neo.
Nota: consta que o iFI tem na manga um Streamer ‘purista’ para casar com o Neo, utilizando uma caixa em tudo semelhante.
Portanto, se seguiu o meu conselho e comprou o Pro, fez muito bem e não precisa de ir a correr comprar o Neo, a não ser que seja aquele tipo de audiófilo compulsivo que quer ter sempre o último modelo, como os fanáticos dos smartphones, que já sonham com o iPhone13, quando ainda há pouco tempo compraram o 12.
Se, por outro lado, se vai iniciar agora nas delícias do streaming HD/MQA com audição por auscultadores de alta definição, e não pode gastar uma fortuna num dCS Bartok, por exemplo, o Neo deve fazer parte da sua ‘short list’.
E vou explicar-lhe porquê em menos de 5 minutos. Teria sido fácil para mim fazer copy paste das especificações e info técnica fornecida pelo fabricante, limitando-me a traduzi-las para encher ‘papel’, mas eu prefiro provar-lhe que o iFI iDSD Neo cumpre as promessas do fabricante:
O segredo da alimentação saudável
Na era da alimentação saudável para garantir corpo e espírito sãos, os equipamento de áudio também soam melhor, quando são bem alimentados.
Na embalagem do Neo, além de um pequeno comando remoto, um cabo USB e de um suporte para o colocar na posição vertical (como viram no vídeo), é fornecida um fonte de alimentação (do tipo transformador) de qualidade razoável.
Tão razoável, aliás, que não vai sentir que ‘falta qualquer coisa’ até ouvir o Neo alimentado pela iPower X (99€) ou, melhor ainda, a iPower Elite. A Elite é muito mais cara (contacte a Smartstores) e a diferença ouve-se! A boa nova é que a diferença entre a X e a iPower normal é mais evidente que entre a X e a Elite.
E o que se ouve assim de tão diferente que justifique o investimento?
Mais dinâmica=silêncio mais negro
Mais dinâmica. Não apenas no sentido de energia ou poder. Mas de dinâmica em fotografia: os negros são mais negros e os brancos mais brancos mas também têm mais informação, que é possível recuperar.
O silêncio negro permite ouvir sons que antes estavam ‘perdidos no espaço’; e os sons são também mais nítidos e claros, porque há mais contraste dinâmico. O decay das notas e dos sons e a ambiência tornam-se mais evidentes com menor esforço auditivo.
Pela primeira vez, um DAC de menos de mil euros, permitiu-me ouvir o que antes só tinha ouvido de forma tão clara e evidente com o dCS Bartók.
Pela primeira vez, um DAC abaixo de mil euros, permitiu-me ouvir o que antes só tinha ouvido de forma tão clara e evidente com o dCS Bartók.
Nota: clique para abrir o teste e leia no final ‘O Mistério da Paragem de Autocarros’, a propósito da gravação do famoso disco audiófilo ‘Cantate Domino’ da Proprius, a mesma editora do ainda mais famoso Jazz At The Pawnshop: com o Neo, o som do gelo nos copos até arrepia…
Claro que não estou a afirmar que Neo=Bartok, por um vigésimo do preço. Era bom era! Mas a Elite eleva o iFI iDSD Neo a um patamar muito acima do seu custo real. E, se não puder lá chegar, a psu iPowerX também não o vai desiludir. Eu diria mesmo que é ainda um melhor compromisso na relação qualidade/preço.
…a qualidade do som é excelente, do melhor que já ouvi com os HE1000…
Conclusão:
Foi um prazer viver algumas semanas com o iDSD Neo, apenas com as seguintes ressalvas:
- O controlo de volume não é um verdadeiro potenciómetro mas antes um seletor digital multi funções, que controla um microprocessador e regula também o brilho do ecrã e ativa o ‘Mute’ e os modos Fixo/Variável se pressionado (ver vídeo).
- Com auscultadores planarmagnéticos de baixa impedância e sensibilidade, como os Hifiman HE1000, até aos -40dB praticamente não se ouve nada: chegamos a pensar que está avariado; e é preciso chegar aos -10 dB, ou mesmo 0dB (máximo), dependendo do programa, para atingir um volume de som satisfatório. A partir de -10dB a qualidade do som é excelente, do melhor que já ouvi com os HE1000.
…com ficheiros de alta resolução e MQA, o DAC está ao nível dos melhores a qualquer preço…
- Admito que a saída balanceada (4,4mm Pentaconn) tenha mais potência, mas não tenho na minha coleção nenhum cabo compatível.
- Com auscultadores dinâmicos convencionais, como os Pryma (na foto), a potência disponível é mais do que suficiente.
- O Neo é melhor como amplificador de auscultadores do que no papel secundário de prévio, embora cumpra a função com igual qualidade e diligência.
Com ficheiros de muito alta resolução e MQA via USB, o DAC não só cumpre à risca a função de conversão sem hesitações, seja qual for o formato ou resolução, como está ao nível dos melhores e mais versáteis a qualquer preço.
No dia em que a iFI Audio lhe juntar um streamer pelo mesmo preço vai ser uma dupla imbatível para as suas aventuras no Reino da Música Desmaterializada em Alta Resolução. Aproveite para comprar já o DAC, enquanto espera. Porque vai esgotar também…
Vídeos oficiais da iFI Audio
Para mais informações: