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Naim NAIT 50 – a idade da sabedoria

Naim Nait 50 Gold side.jpg

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Para celebrar o 50º Aniversário, a Naim lançou uma versão comemorativa do amplificador integrado NAIT. 

Quando muitas marcas, que acompanharam toda a minha vida audiófila, começam, uma após outra, a comemorar os 50 anos, isso significa que já ando nisto há muito tempo - talvez demasiado tempo. Mas, também talvez por isso, com a minha longa experiência, já não me surpreendo facilmente, quando novos produtos chegam ao mercado.

Contudo, o NAIT 50 surpreendeu-me logo ao primeiro vagido, com a sua excecional qualidade de som.

O original do modelo comemorativo dos 50 anos da Naim, nasceu apenas em 1983, o ano distante quando eu comecei a escrever para os jornais sobre alta-fidelidade; ou seja, há ‘apenas’ 40 anos, enquanto a Naim foi fundada em 1973, por Julian Vereker, que ainda tive o prazer de conhecer pessoalmente.

Mas o NAIT foi, sem dúvida, o modelo mais icónico da marca britânica, tendo tido, creio, pelo menos cinco versões, a que se seguiu ainda a geração SuperNAIT.

Assim, a Naim optou – e bem – pelo NAIT original como inspiração para o modelo comemorativo do 50º Aniversário, que me foi apresentado, em primeira mão, no Highend 2023, em Munique. Logo ali propus um teste auditivo, mas só agora consegui ouvi-lo e tenho apreciado cada momento musical.

Vi (mas não ouvi) o NAIT 50 pela primeira vez em no Highend 2023, em Munique.

Vi (mas não ouvi) o NAIT 50 pela primeira vez em no Highend 2023, em Munique.

Descubra as diferenças

À primeira vista, o NAIT 50 parece, de facto, idêntico ao NAIT 1. Numa observação mais atenta, contudo, os painéis frontal e traseiro são agora em alumínio anodizado, assim como o botão de volume, que continua do lado esquerdo (ainda bem porque eu sou canhoto) e é agora também preto – e não cinza como no original.

Novidade mesmo é a saída para auscultadores, onde antes estava o botão de equilíbrio entre canais; e o LED, que é branco, quando antes era, se bem me lembro, verde.

Quatro botões de pressão comutam as fontes: Phono, Aux e Stream. O botão de ‘Power/Standby’ é designado por Mains, no que é mais uma idiossincrasia britânica. O LED branco é excessivamente luminoso, mesmo em modo Standby. à noite, parece a lanterna de um smartphone.

Por dentro, tudo mudou. O andar de potência em Classe AB é novo, assim como o andar de prévio de topologia discreta em Classe A e o andar de Phono MM. E, claro, o novo amplificador de auscultadores baseado no NCS222.

No NAIT 50, a Naim levou o revivalismo ao ponto de utilizar fichas DIN.

No NAIT 50, a Naim levou o revivalismo ao ponto de utilizar fichas DIN.

O regresso das fichas DIN

A conectividade é limitada às entradas Phono (RCA), Aux e Streamer (DIN de cinco pinos). Sinceramente, eu dispensava as fichas DIN, uma moda muito britânica dos anos setenta. Vai assim precisar de comprar um cabo RCA/DIN, ou de o negociar com a Esotérico/Smartstores, pois não vem na embalagem. A sério? Um integrado de 25W por 2999 euros e não vem, ao menos, com um cabo que, aliás, não é fácil de arranjar!...

Fogo à peça

Felizmente, o Alberto Silva, da Smartores, enviou-me um par de cabos Naim RCA-to-DIN. Foi só ligar o andar de streaming do Rose RS520 à entrada ‘Stream’ (podia ter ligado à entrada Aux, que era igual) e ligar o NAIT 50 a um par de colunas Sf Concertino com cabos Inakustik terminados com bananas.

Mamma mia!

Caramba!, já ouvi amplificadores alegadamente de 100W com menos potência disponível para alimentar as Concertino (originais), cuja curva de fase de impedância é complexa. Os 25W do NAIT 50 devem ser alimentados a anabolizantes. O botão de volume nunca passou das 12 horas.

Vá ouvir o NAIT 50 na Smartaudio, para ficar a perceber o verdadeiro significado de ‘som dinâmico’: são 25W de pura energia (picos de 225W)!

A energia do NAIT 50 é instantânea e limpa. E isso resulta em transitórios rápidos, sensação de presença nas vozes, grave pujante e um ritmo incomparável, que é o ex-libris da Naim. Pressenti um leve arredondamento dos extremos de frequência, patente no controlo da sibilância na voz de Paul Simon em Fifty Ways to Leave Your Lover.

Mas a dinâmica é de tal ordem que me obrigou, por vezes, a levantar e correr para o botão de volume (não tem controlo remoto), pois o som dispara por aí acima sem compressão, como nas Symphonic Dances, de Rachmaninov (Reference Recordings). A capacidade do NAIT 50 de passar rapidamente de pianissimo para fortissimo é impressionante.

A dinâmica é de tal ordem que me obrigou, por vezes, a levantar e correr para o botão de volume
NAIT 50, o amplificador negro comemora o aniversário dourado da Naim, com som do século XXI.

NAIT 50, o amplificador negro comemora o aniversário dourado da Naim, com som do século XXI.

O homem de negro

Mas o NAIT 50 faz-nos também boa companhia nos momentos musicais mais íntimos. Já alguma vez ouviram ‘The Sound of Silence’, de Simon e Garfunkel, cantado por David Radcliff aka ‘The Ghost of Johnny Cash’, num tempo lento, com aquela voz de baixo que lhe sai das entranhas, e faz ressuscitar Johnny Cash?

Eu tinha o streamer em roda livre, selecionando as faixas automaticamente e até dei um pulo na cadeira, quando Cash me entrou pelo escritório dentro, como se Radcliff fosse um médium.

A semelhança da voz é incrível. Não dá para acreditar no que se está a ouvir, de tal modo que especulo se Radcliff não terá utilizado inteligência artificial e manipulação acústica para reencarnar Johnny Cash. Ou então, é o NAIT 50 que nos permite ouvir vozes do além.

O NAIT 50 é como um médium, que nos permite ouvir vozes do além.

Logo depois, ouvi a canção original cantada ao vivo pelo famoso duo no Central Park, em Nova Iorque, com o público em êxtase, gritando e aplaudindo. As manifestações de alegria e apoio, em grupos de milhares, ou isoladas, ouvem-se até lá ao fundo do parque.

A voz rouca de Freya Ridings soou, então, na sala, presente e ampla ao colo de reverberação eletrónica, em Lost Without You, com esparso acompanhamento de piano, logo sublinhado a traço grosso pelo sintetizador, a lembrar os London Grammar.

O pequeno NAIT 50 não se acobarda perante o pulsar opressivo do grave sintetizado, mantendo intacta a definição e ataque dos transitórios em todas as gamas de frequência sem nunca lhes retirar o gume afiado, como em Liberty Life, de Mark Tonnet (Deep & Sexual), ou Crooked, de Smilk?

A voz poderosa e gasta pelos excessos (do tabaco?) de Holy Cole, em Je Ne T’Aime Pas, do álbum Don’t Smoke in Bed, soa agora beijada pelo contrabaixo de David Piltch e perfumada pelas pétalas delicadas que caem do piano de Aaron Davis: bem me quer, mal me quer. Sim, o NAIT 50 também sabe levar-nos pela mão para ouvir apenas por amor à música.

Quer saber a razão de os Naim serem famosos pela articulação e definição dos graves? Oiça Laura Marning, cantando Soothing, debruçada sobre um substrato de baixo e percussão.

E a música clássica? Experimente ouvir o Allegro Moderato da 8ª Sinfonia (Incompleta) de Schubert, pelo KlangKollektiv Wien, dirigido por Remy Ballot, e vai perceber que o NAIT 40 não se assusta perante a tarefa de reproduzir a atmosfera transcendental que emerge da complexidade tímbrica, tonal e dinâmica desta sinfonia.

Colunas ou auscultadores?

O NAIT 50 é um pequeno grande amplificador integrado. E, como se não bastasse, o amplificador de auscultadores não se fica atrás. Liguei um par de auscultadores Hifiman HE1000 planarmagnéticos, alegadamente difíceis de alimentar, e uma vez mais não passei das 12 horas no botão de volume.

Já ouviu as The A’s, cantando When the Bloom Is on The Stage quasi-acapella? A sensação de lhe estarem a murmurar aos ouvidos chega a assustar. Ou My Little Angel, pelos Blues Company: voz, guitarra elétrica, bateria e um baixo do caraças! E a guitarra percutida de Fink, em Trouble is What You Are In, ao vivo?

Uma coisa eu lhe garanto: eu não me vou meter em problemas se disser que o NAIT 50 é um dos melhores amplificadores integrados analógicos puros que já ouvi. A mensagem musical é sempre clara, inteligível, dinâmica e divertida – e nada parece perder-se na tra(ns)dução.

Talvez o NAIT 50 tenha algum tempero intencional de 2ª harmónica (e 3ª a níveis mais elevados), mas é por uma boa causa, pois dá substância e corpo ao som, como num bom amplificador a válvulas.

Música ou fantasia?

Pedir quase 3.000 euros por uma caixinha de sapatos artesanal de 25W pode parecer exagero, mesmo sendo um modelo comemorativo de série limitada (apenas 1973 unidades serão produzidas). Isto até ouvir o NAIT 50. Depois, percebe logo que vale todo o dinheiro que custa.

O pequeno NAIT 50 é como o David que tomba os Golias do áudio.

Se gosta de música, compre o NAIT 50. Se gosta de fogo de artifício, há por aí muitos concorrentes mais baratos, modernos, versáteis e potentes, que prometem um mundo de fantasia, que cedo se desvanece no ar do tempo.

Nem de propósito, vou fechar com Dan Platansky, em Big Things Going Down, porque o pequeno NAIT 50 é como o David que tomba os Golias do áudio.

Conclusão

O NAIT 50 é um pequeno amplificador integrado de 25 watts puramente analógico que tem um preço elevado de 2999 euros. No entanto, oferece uma qualidade de som excecional que pode superar muitos amplificadores mais caros e maiores. O Hificlube recomenda vivamente este amplificador devido à simbiose de delicadeza e poder capaz de proporcionar um excelente desempenho.

 

Para mais informações:

ESOTÉRICO

SMARTSTORES

Naim Nait 50 Gold side

Vi (mas não ouvi) o NAIT 50 pela primeira vez em no Highend 2023, em Munique.

No NAIT 50, a Naim levou o revivalismo ao ponto de utilizar fichas DIN.

NAIT 50, o amplificador negro comemora o aniversário dourado da Naim, com som do século XXI.


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