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Por motivos de agenda, esta semana não recebi nenhuma novidade para analisar. Por isso, aproveitei a feliz coincidência de poder juntar três produtos diferentes, já testados no Hificlube.net (clicar sobre os títulos para abrir), aproveitando o melhor que cada um tem para oferecer para ouvir alguns pares de auscultadores, que ainda andavam por aqui à solta, no meu estúdio:
- Eversolo Play – Quem Me Dera Saber
- Luxsin X9 — Música à Tua Medida
- Austrian Audio Full Score One – Valsa Vienense
Do Eversolo Play, que também é amplificador de colunas de som, utilizei apenas a secção de leitor de rede (Streamer); do Luxsin X9, que também é prévio e amplificador de auscultadores, utilizei o circuito de conversão digital (DAC); finalmente, optei pelo Full Score One para cumprir as honras analógicas, alimentando exclusivamente via saída balanceada (XLR4) os seguintes auscultadores:
- HEDDphone TWO GT – AMT ‘Gran Turismo’
- Austrian Audio ‘The Composer’ - tributo de amor à música
- HIFIMAN HE1000 (OG modified)
Liguei o Play ao X9 via cabo USB (volume passthrough 0 dB) e este ao Full Score via cabos balanceados com o volume analógico regulado a gosto. Como cada um destes auscultadores tem um caráter muito próprio (ler as respetivas análises), servi-me do EQ paramétrico do Play (saída USB) para tentar obter de cada um deles a resposta mais adequada ao programa musical e à minha sensibilidade acústica e, por que não?, gosto pessoal.
Libertado da função de DAC, o Play fez aquilo que lhe competia, entregando um fluxo digital limpo, estável e previsível (com e sem EQ), com um pano de fundo negro, sem poeira digital e transitórios que se iluminam na escuridão sem excesso de halo, facilitando a vida ao DAC do X9;
O Luxsin X9 aceitou o testemunho e deu-lhe corpo, escala e foco, conferindo textura às vozes, brilho e cor harmónica aos metais e ataque às percussões, com o bónus de se poder ‘alargar’ o palco, embora eu tenha optado quase sempre pelo modo flat, deixando o tempero do som para o EQ do Play.
Mas a palavra analógica final ficou para o Full Score One, que conferiu autoridade ao som, ao revelar uma notável reserva de folgo dinâmico e provando ser o maestro deste trio de virtuosos.
Separar as funções paga dividendos audíveis: o Play, no seu papel de transporte digital, evita a tentação de ‘processar’; o X9 não se distrai com as funções de pré-amplificação, focando-se exclusivamente na conversão digital; e o Full Score One recebe um sinal íntegro, organiza-o, controla-o e dá-lhe força.
Há aqui uma lógica quase de estúdio: uma fonte limpa, um DAC competente, ao nível de estado da arte digital; e um andar de potência (para auscultadores) com mão-de-ferro e luva de veludo, disciplina rítmica, estabilidade espacial e verosimilhança tímbrica: um trio de hi-fi com desempenho de high-end.
Assim fosse na política, com cada um sabendo qual o seu papel na sociedade, dando o seu melhor ao serviço do povo audiófilo, e deixando-se de tricas, não exibindo o poder, antes fazendo bom uso dele. No final, o que interessa é a música.