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Focal Chora 806 – quem não chora…

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Sempre quis ter umas colunas Focal, mas o subsídio de Natal é curto? Eis a sua oportunidade: as Focal Chora 806 custam €598,99.

Normalmente, no Hificlube são analisadas colunas de som que só alguns privilegiados podem comprar, daqueles para quem o Natal é todos os dias. Mas o povo também tem direito à vida – e à música – pelo que JVH armou-se em Pai Natal e foi à procura de um brinquedo mais fácil de enfiar pela chaminé abaixo, e que custa menos que o ordenado mínimo.

Para ser honesto, eu não procurei as Chora 806, o Alberto Silva aproveitou o transporte dos auscultadores Focal Utopia, e mandou um par para eu ouvir, como quem diz: nem só de fillet mignon se faz a crítica áudio. Queres testar os Utopia? Então, também tens de ouvir as Chora…

Habituado a lidar com monitoras de milhares de euros, que posso eu escrever sobre umas monitoras que custam metade de um único milhar? Que tocam música com honesta humildade, por exemplo. É bonito, e é verdade.

As Chora (lê-se Cora, do grego Khôra, que significa cidade ou polis) substituem as Chorus, e o preço baixo não significa que a Focal se limitou a mandar fazer um caixote de sabão na China, no qual montou altifalantes comprados ao quilo no mercado OEM. A linha Chora é integralmente fabricada em França, onde os sindicatos têm peso e o ordenado mínimo é cinco vezes superior ao ordenado médio dos trabalhadores chineses. Por oito horas de trabalho, não dezasseis…

Nem por isso a Focal poupou nos ingredientes. As caixas em mdf são fabricadas por artesãos da zona da Borgonha, dos barris de bom tinto, em exclusivo para a Focal, têm arestas vivas e são folheadas com uma imitação de madeira em vinilo, claro. As dimensões são um pouco acima da média para míni monitoras. Mas são agradáveis à vista, não tanto ao tacto. O logótipo em baixo relevo está colado no topo, e não no painel frontal, como quem diz: não coloquem nada em cima, vaso com flores, por exemplo…

Os altifalantes são especificamente concebidos para as Chora, o que facilita a integração acústica. Pode comprá-las em imitação de madeira clara ou escura e preto mate com painel frontal brilhante (a versão que me tocou), que tem um ar mais, digamos, profissional e sério. Único senão, a fixação magnética das grelhas redondas dos altifalantes de médios/graves, que é pouco eficaz. Pelo sim, pelo não prefiro as Chora ‘nuas’, com a fibra de carbono à mostra…

De facto, o cone do médio/grave é fabricado com ‘Slatefiber’, a designação comercial para fibras de carbono reciclado numa sanduíche de polímero termoplástico, que resulta num composto leve e rígido, ideal para reproduzir som. Antes a Focal tinha experimentando com linho. What’s next?...

O tweeter é uma variante, em alumínio e magnésio, da famosa cúpula invertida (côncava) da Focal, com grelha protectora fixa, montado numa cratera suave que funciona como lente reflectora e guia de onda para controlar a dispersão. Se prefere tweeters menos ‘chamativos’, opte por colunas com tweeters de cúpula de seda.

As Chora não choram, cantam

A Focal podia ter utilizado o velho truque de ‘enfatizar’ a gama média baixa para dar ainda maior ilusão de corpo e poder ao som, mas optou por uma resposta razoavelmente plana, coisa rara numa coluna tão barata.

Como as leis da física são o que são, os graves são limpos e articulados, com extensão q.b adequada ao tamanho e preço. Digamos que os graves são honestos, e não pretendem enganar ninguém. Bastava terem explorado sem vergonha o contributo do sistema reflex, que é aqui muito discreto, para obter mais extensão à custa de conflitos com os modos da sala e intromissão nos registos médios.

Se é baixo-dependente e gosta de AV, junte-lhes um ‘sub’, ou opte pelas Chora de-chão: 816 (1.198,99€) e 826 (1.398, 99€). Mas não pense que lhes falta grave nas percussões ou nas vozes masculinas, que soam maduras e bem texturadas.

Pode, aliás, encostá-las quase à parede que elas não ‘choram’ nem perdem o controlo. O tweeter é vivo, por efeito de um ligeiro pico nos 3kHz, que dá juventude e alegria ao som, apesar da pendente lenta acima dos 10kHz, creio que propositada para equilibrar a extensão relativa de ambos os extremos de frequência, deixando a parte de leão da apresentação à grande gama média, que se revelou frontal e assertiva, sobretudo na reprodução de vozes e instrumentos solistas, que sobressaem assim na mistura.

Pode controlar o binómio vivacidade/extensão, com +/-  toe-in, ou colocando-as em altura de tal forma que o tweeter fique um pouco acima ou abaixo dos ouvidos quando sentado, pois a dispersão vertical não é tão boa como a horizontal, que por seu lado proporciona uma boa imagem num leque amplo de pontos de escuta.

Alimentado por um amplificador Naim Uniti Atom, de apenas 50W, o som resultante é enérgico, vivo, claro e transparente, sem colorações óbvias, nomeadamente nasalidade. E a imagem é ampla e estável, depois de alguma experimentação com a colocação óptima.

Para uma coluna fabricada na EU, que custa apenas 600 euros, o desempenho não deixa os parentes na lama: nem os da Focal, nem os seus. Ou os meus por as ter testado. Compare-as com colunas equivalentes até mil euros e vai ter surpresas bem agradáveis.

Hificlube deseja um Bom Natal a todos os leitores

Para mais informações:

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